Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Construção Pesada no Brasil

22 de maio de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

clip_image001A revista The Economist publica no número deste fim semana uma matéria que poderia estar mais completa, mas que dá indícios que a construção pesada no Brasil deve continuar, talvez com algumas alterações nos principais nomes.

A presidente Dilma Rousseff inspecionando obras

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A Difícil Compreensão da Arte de Governar o Brasil

28 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , ,

Uma das grandes dificuldades de compreensão para quem nunca teve a responsabilidade de governar é de que um país como o Brasil é mais complexo do que parece, onde nem sempre a lógica dos que possuem boas formações acadêmicas consegue compreender todas as restrições existentes, pois não se trata de algo científico, mas que exige muita arte. Entre os muitos princípios que costumam orientar os políticos que chegam ao poder, costuma existir um que seria continuar nele mesmo que indiretamente, que quase sempre não agrada aos opositores ou os que têm a responsabilidade de analisar esta dura realidade. Outro é que sempre se tenta fazer o melhor o que se pode, que nem sempre é o que se quer.

O Brasil é uma federação em que a quase totalidade dos eleitos na sua incipiente democracia o são pelos Estados, de cujos eleitores eles dependem e desejam recursos e só o presidente da República e o seu vice são eleitos para defender os interesses da União, com seus auxiliares nomeados. Mesmo na Constituição Brasileira de 1988, que a rege, existem incongruências que estão consagradas, não sendo fácil os seus aperfeiçoamentos políticos para se chegar a algo razoável para o país.

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Dilma Rousseff reeleita num quadro de duras limitações

Se admitida esta dura realidade, já seria um passo importante para se entender algo sobre o Brasil, mas pouco se discute a respeito internamente, tanto mais no exterior. Se os brasileiros contam com dificuldade para entender as limitações deste país, parece compreensível que mesmo os mais qualificados estrangeiros tenham a capacidade de entender muitas de suas complexidades, como os competentes jornalistas do The Economist, que possuem as suas claras preferências ideológicas. Os problemas brasileiros acabam sendo tratados com as compreensíveis superficialidades de suas aparências, inclusive por alguns que tenham experiências do poder, pensando que suas vontades sejam suficientes para superar os obstáculos existentes para atingir muitos dos objetivos que todos gostariam que fossem alcançados.

Lamentavelmente, o artigo desta semana daquela revista que entende que Dilma Rousseff está mudando o rumo de sua política e parece contar com muitas limitações. Mesmo que se admita que ela mesma, com toda a experiência que acumulou até com seus erros, ainda deixe transparecer algumas de suas características pessoais. Tudo indica que Antonio Palocci, mencionado no artigo, que foi o ministro da Fazenda de Luiz Inácio Lula da Silva, deixou o governo, não pela divergência com a então ministra Dilma Rousseff que viria a suceder Lula, mas diante das atrapalhadas em que ele acabou se envolvendo. Talvez Dilma até tivesse preferência em contar com Palocci para comandar o seu setor de economia no novo mandato, mas ele, conhecendo as características pessoais da presidente reeleita, evitaria a possibilidade de potenciais atritos.

Os que entendem que os escolhidos Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini seriam mais flexíveis no relacionamento com Dilma podem estar enganados. Estes e outros auxiliares que estão cogitados para posições chaves do governo, como a Secretaria do Tesouro, além de melhores aparelhados nas suas formações, parece que estão sendo designados porque não resta ao novo governo senão efetuar as duras correções, que diferem das cogitadas pelo candidato oposicionista à Presidência de República. O que parece evidente é que não restam alternativas e todos terão entender esta dura realidade.

Os relacionamentos internos da Presidência da República com os principais componentes do governo nem sempre ficam claros, principalmente num gigantesco grupamento com diferentes tendências entre seus componentes. As informações mais estapafúrdias são veiculadas pela imprensa, semeadas por diferentes interessados, que quase sempre não correspondem à realidade que apresenta facetas variadas para os diversos ângulos de onde são observados.

Que as dificuldades objetivas aumentaram não se pode duvidar, o que não se restringe somente ao Brasil, ainda que possam ser mais graves para o atual cenário brasileiro. Qualquer que fossem os eleitos, muitos deles existiriam, o que está sendo considerado como o novo normal. O que parece que deve ser considerado é que as variações nas margens são relevantes, devendo se distinguir os multiplicadores dos aceleradores, o que costuma ser difícil até para os especialistas.

As ineficiências existentes, por incrível que pareça, acabam gerando espaços para melhoras, mesmo que muitas gestões estejam lamentáveis. O que parece evidente é que as escolhas das linhas mestres das ações prioritárias acabam sendo relevantes, mesmo num quadro onde as incompreensões continuarão se multiplicando. Há que se admitir, na primeira impressão, é que o quadro de auxiliares com que Dilma Rousseff contará apresenta qualificações superiores quando comparados com que estão sendo substituídos, sendo que sua responsabilidade é maior do que ela gostaria de admitir. Ela será forçada a engolir mais sapos do que deseja, se não deseja perder bons auxiliares, que são aqueles que dizem a ela o que ela não gostaria de ouvir, como acontece em qualquer governo decente.

Existem todas as condições para o restabelecimento da credibilidade do governo, que é um fator subjetivo que pode sofrer rápidas mudanças. Há que se admitir que a situação brasileira não seja ímpar no mundo, ainda que por aqui ela esteja mais dramática.


O Difícil Problema de Hong Kong

3 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , , , | 3 Comentários »

Um problema complexo como o que está ocorrendo em Hong Kong com as manifestações populares exige que apreciações experientes sejam consideradas na sua análise, como a do The Economist que lhe dedica a capa da edição que deve circular neste fim de semana, bem como artigos de profundidade inseridos na edição impressa. Quando Hong Kong acabou sendo absorvido pela China em 1997, saindo do controle inglês, admitindo-se um país e dois sistemas econômicos, eram previsíveis as dificuldades que surgiriam com o passar do tempo. Na ocasião pretendia-se manter Hong Kong como uma abertura chinesa para o resto do mundo.

clip_image002                                                         Visão geral de Hong Kong

A revista considera que o atual problema tem a importância do desafio ocorrido em 1989 na Praça Tiananmen na Capital Beijing. Mais de 100 mil manifestantes, liderados pelos estudantes, exigem a ampliação do seu regime democrático neste território, permitindo que seja eleito seu governador aqueles que desejarem se candidatar, independentemente da indicação do Partido Comunista Chinês comandando por Beijing. No dia 1º de outubro zombou-se do líder do território, Leung Chun-ying que hasteou a bandeira nacional.

As manifestações em marcha estão sendo chamadas de “revolução do guarda chuva”, tanto pelas chuvas que estão precipitando sobre a cidade como por serem meios de proteção contra os gases sprey lacrimogentes que estão sendo lançados pelas forças policiais para conter os manifestantes.

clip_image004                                                       Protestos em Hong Kong

Mesmo com o controle que se exerce na China sobre as informações para a população, variados meios acabam transmitindo para todo o país o que está ocorrendo em Hong Kong. As possibilidades que estes tipos de reivindicações acabem se espalhando são elevadas, o que seria difícil de ser admitindo pelo poderoso Presidente Xi Jinping e o Partido Comunista que não pretendem a implantação do regime político vigente nos países considerados democráticos.

As autoridades estão revelando a possibilidade de uma repressão mais dura, afirmando que podem chegar a situações extremas pelas quais os manifestantes seriam os responsáveis. Algumas organizações como o Occupy Central Love and Peace parece sugerir que seriam semelhantes ao que ocorreu em Wall Street, havendo também os que agrupam estudantes com líderes que estão se tornando conhecidos.

O centro das reivindicações são pelo aumento das liberdades políticas, mas existem protestos de insatisfações econômicas, e veem envolvimentos de milionários chineses manifestando simpatia pela repressão aos manifestantes.

O que se sente é que as autoridades nada podem oferecer para a redução da reivindicações. Há os que pedem a renuncia do atual responsável por Hong Kong, mas o que haveria seria somente a sua substituição por outro que seria indicado pelo governo central.

O fato apontado pelo The Economist é que a situação não apresenta uma saída do impasse. No entanto, a volta das atividades normais em Hong Kong em áreas estratégicas mostram que o pico das manifestações pode ter sido superado, podendo haver um esvaziamento gradual. Mas, parece que há alguns grupos de estudantes que procuram intensificar as pressões, como ocupando edifícios governamentais, forçando uma repressão mais forte que poderia provocar o agravamento da situação. Pode haver uma tendência que resíduos das dificuldades continuem sendo mantidos, com a disseminação destas notícias pelo China e pelo exterior, acabando por fomentar outros centros de insatisfações.


Preocupantes Problemas na Índia

13 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , ,

A Índia, como é sabida por todos, é o segundo país do mundo em termos populacionais, perdendo somente para a China, e vem desenvolvendo um sistema político democrático, lutando com suas dificuldades diante de muitas diferenças internas, para obter um padrão de vida mais razoável para a sua grande população. Vinha conseguindo manter o poder político com o Partido Congresso, onde a família Gandhi sempre foi influente. O atual primeiro-ministro Manmohan Singh, que foi mais reformista, hoje com 81 anos está terminando o seu mandato, com as eleições marcadas para maio do próximo ano. Rahaul Gandhi deveria ser o candidato, mas não aparenta apetite para tanto.

Narendra Modi é o favorito para se tornar o próximo primeiro-ministro da Índia, ele que vem administrando a localidade de Gujarat, que possui 5% da população do país, contando com um núcleo apaixonado de adeptos, com um misto de eficiência econômica e nacionalismo hindu de linha dura. Ele é visto como alguém capaz de tirar a Índia de suas dificuldades atuais, que está com baixo crescimento, incapaz de criar os empregos necessários. Mas ele tem uma terrível mancha de violência em 2002, que deixou mais de mil mortos, a maioria de muçulmanos.

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Narendra Modi

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Mudança Para Pior que Acontece na Indonésia

24 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , , ,

Quando conversava com um amigo que se queixava da situação em que se encontra a economia brasileira, pedindo que observasse o que vem acontecendo também no resto do mundo, ele afirmou que morava e trabalhava no Brasil. Ainda que isto seja importante em qualquer país, no atual economia globalizada, parece recomendável que tudo seja considerado relativamente ao que vem se observando no mundo, principalmente em países que apresentam semelhança com onde se vive. A revista The Economist apresenta num artigo a brusca mudança de cenário que se observou na Indonésia, este país emergente com 240 milhões de habitantes, que vinha crescendo cerca de 6% ao ano, que também está sofrendo uma desaceleração no seu crescimento, com pressões inflacionárias ascendentes.

O país que era considerado como um dos mais promissores do Sudeste Asiático, com a maior população muçulmana moderada do mundo, que conta com recursos naturais abundantes, inclusive petróleo, carvão mineral, uma política macroeconômica estável, passa a sofrer uma desvalorização cambial em decorrência do fluxo de recursos externos, depois dos anúncios que os Estados Unidos tendem a reduzir a sua flexibilidade monetária. Este problema não é isolado, e está ocorrendo em maior ou menor grau em todos os países emergentes, necessitando ser avaliado relativamente.

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Forma Indiana de Superar a sua Desaceleração do Crescimento

14 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , , ,

Cada país encontra suas formas de enfrentar a atual desaceleração do crescimento da economia, e a revista The Economist apresenta o caso da Índia que, como os demais países, enfrenta problemas que são comuns no mundo globalizado. Aquele país sempre contou com um excedente populacional que emigrou para o exterior, tanto países desenvolvidos como os que contavam com oportunidades para seus recursos humanos, notadamente nos seus momentos de crise. Entre os países emergentes, a Índia conta com muitos profissionais treinados internacionalmente, inclusive acadêmicos em prestigiosas universidades, como Oxford e Cambridge, no Reino Unido, do qual era colônia no passado.

O artigo do The Economist informa que a diáspora de 25 milhões de indianos é algo que precisa ser considerado. Nos tempos em que a Índia era dominada pelo Reino Unido, os indianos, principalmente bons comerciantes, se espalharam pelo Oriente e Caribe, podendo se incluir o leste da África. A segunda onda, de 1970 até meados de 1990, ocorreu quando o país era semi-socialista. No boom do Golfo Arábico e do Sudeste Asiático, seus empresários e recursos humanos bem preparados foram para estas regiões. Seus bons profissionais chegaram até o Vale do Silício. Suas grandes empresas, como a Arcelor Mittal ou a Tata, ampliaram suas atividades no exterior.

Os indianos estão também em Dubai como em Cingapura, como chegaram com sua indústria cinematográfica em Hong Kong, para suprirem as necessidades chinesas. Até nos Alpes aproveitam os cenários nevados, mais do que no vizinho e familiar Caxemira. Para os voos de longa distância, os indianos utilizam o Emirates, e para as curtas distâncias empresas de aviação da Índia. Enquanto os empresários chineses são a elite, os indianos costumam serem os empresários medianos que estão se tornando grandes. Procuram também trabalhar com joias e pedras preciosas, e procuram paraísos fiscais como as ilhas Maurício ou Dubai.

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A Poluição na China e o seu Combate

9 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , | 4 Comentários »

Num artigo longo e aterrorizante, The Economist informa sobre a poluição que está ocorrendo na China, bem como o seu programa de US$ 275 bilhões em cinco anos para combatê-la, que também é considerado o mais arrojado entre os diversos países do mundo. Lamentavelmente, todos sabem que a China e os Estados Unidos são os maiores lançadores de CO2 na atmosfera prejudicando todo o globo terrestre. Em janeiro deste ano, Pequim contava com 40 vezes mais de partículas poluentes que o nível considerado seguro para os seres humanos pela Organização Mundial da Saúde. Mesmo com o gigantesco programa para o seu combate, a poluição continuará aumentando no mínimo até os anos 2030, segundo as autoridades locais, mas 2040 para os analistas mais objetivos.

Estudos efetuados sobre o norte da China informam que a expectativa de vida está sendo reduzida em cinco anos e meio. Os rios estão imundos e o solo contaminado, as águas das torneiras não são potáveis, além de escassas. Enquanto os Estados Unidos e a Europa em conjunto estão reduzindo suas emissões em 60 milhões de toneladas anuais de gases efeito estufa, somente a China está aumentando em 500 milhões de toneladas, tendo passado de 10% do mundo em 1990 para 30% atualmente. 10% das terras agrícolas chinesas estão contaminadas com metais pesados, como o cádmio. O acelerado crescimento econômico obrigou a China a utilizar muita energia elétrica derivada da queima de carvão mineral, um dos mais poluentes disponíveis.

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Poluição em Beijing

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Dificuldade em Lidar Com os Problemas Recentes

9 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , , ,

Dois meses depois do início das manifestações populares no Brasil, parece que só é possível extrair algumas considerações genéricas sobre o que aconteceu, dada a amplitude dos problemas colocados de formas variadas. O suplemento Eu & Fim de Semana do Valor Econômico apresenta um resumo do debate promovido pelos jornalistas principalmente com alguns cientistas políticos. Só parece ser possível entender que os mesmos mobilizaram grandes massas, contaram com o apoio da população, expressaram insatisfações com o atendimento de suas aspirações e desejo de participação democrática. Foram feitos paralelos com o que aconteceu na Turquia e Egito, com o sentimento de mudanças importantes que deverão continuar, mas não se identificando como estes sentimentos serão canalizados no futuro.

De outro lado, um artigo publicado no The Economist constata a brutal queda da popularidade do governo Dilma Rousseff, mas sem que fique claramente definida qual sua consequência política nas próximas eleições presidenciais. Também constatam que os principais opositores declarados com chances eleitorais não foram beneficiados, sendo que a mais expressiva melhoria teria sido da Marina Silva, com a chamada Rede de Sustentabilidade, ainda pouco claro nas suas propostas de um programa para atender as insatisfações manifestadas popularmente.

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