Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Cenas do Outono Japonês

30 de novembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: , , ,

capivara Capivaras ganham piscina a 40º: Roedores gigantes, quatro capivaras se tornaram atração no parque temático Izu Shaboten (parque de cactos), da cidade de Ito, sudoeste de Tóquio. Animais tropicais nativos da América do Sul, eles se ressentem do frio japonês. Nesta época, o parque providencia uma piscina aquecida a 40º. Ótimos nadadores, eles possuem membrana natatória entre os dedos das patas, e mergulham e nadam graciosamente ao redor da piscina. O banho quente deles poderá ser visto até março próximo, quando a primavera chegar.

“São tão lindos e fofos”, “Que simpáticos nadadores”, as crianças são as mais entusiasmadas. Não se divulgou como as quatro capivaras foram parar nesse parque. Tampouco sabemos como capivaras vieram parar nas margens dos poluídos rios Tietê e Pinheiros na cidade de São Paulo. Tornam-se notícia quando algum deles é atropelado nas avenidas marginais, mas aparentam estar felizes e de bem com a vida. Piscinas aquecidas no inverno? Nossas capivaras talvez se contentassem com muito menos.

 

Crianças ganham piscinas de folhas tingidas: O que fazer com as montanhas de folhas que caem nessa época, após o koyo? O aquário Aquamarine Fukushima, da cidade de Iwaki, Província de Fukushima, aproveitou e encheu uma piscina octogonal de 16 metros quadrados com folhas avermelhadas de bordos e carvalhos. Após visita ao aquário, crianças pulam ou são jogadas na piscina. Mergulham no meio das folhas, e atiram folhas umas nas outras.

“É macio como um sofá”, “Gostoso e quente”, comemoram. Um ou outro pai mais afoito se atira no ofuro de koyo, impregnado do cheiro de outono, pelo prazer de voltar à infância.

 

Chiba Lotte Marines ganha recepção de chuva de papel picado: O time de baseball da cidade de Chiba vizinha a Tóquio, sagrou-se campeão da “Japan Series”, equivalente ao Brasileirão de futebol no Brasil. Após sofrida campanha, o feito foi considerado heroico. O governador da Província de Chiba cortou a fita para abrir a parada festiva de homenagem ao time, que percorreu 1,6 quilômetros ao longo das principais ruas, em carros abertos e ônibus. Chuvas de papel de jornal picado foram jogadas de prédios e calçadas pela torcida enlouquecida, de quase 200.000 pessoas. E já recebiam críticas pela sujeira que provocavam. Assim que o cortejo passou, porém, dezenas de jovens, crianças e adultos apareceram com enormes sacos de lixo. Correndo em grupos, os fãs do Lotte cataram os papéis, picados em tamanhos não muito pequenos para facilitar a “colheita”. Em questão de minutos, as ruas estavam imaculadas, sem um único pedaço de papel no chão ou nos galhos das árvores.

Se o gesto obteve aprovação admirada dos que assistiam à transmissão da NHK pelo país, fãs de times rivais desdenharam o patético fanatismo da torcida do Lotte. Bem, se todo e qualquer fanatismo radical – ideológico, religioso, político, esportivo – terminasse em gestos similares, quiçá o Planeta seria um lugar um pouquinho melhor para se vegetar. E se começássemos pela Avenida Paulista?