Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Custo das Refeições Fora de Casa em São Paulo

4 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Atualmente em São Paulo, para um almoço chamado executivo nos restaurantes de média qualidade, compreendendo uma entrada, um prato principal e uma sobremesa, acompanhado de água mineral, café e os serviços, a conta fica no mínimo em R$ 70 por pessoa que ao câmbio atual em torno de R$ 2,50 por dólar norte-americano representaria algo em torno de US$ 28. Para um jantar normal, o seu custo chegaria a algo em torno do seu dobro, pois não costuma existir jantares executivos. Ocorrem muitas queixas dos estrangeiros sobre estes custos, e, para efeito de uma simples comparação grosseira, vamos utilizar os preços de jantares dos restaurantes constantes de um guia para gourmet no luxuoso Roppongi Hills, um dos melhores conjuntos existentes em Tóquio, que costumava ser considerada a capital de custo elevado no mundo e hoje figura como bastante razoável.

Os preços mais frequentes começam em yen 2.000 e chegam a yen 4.000 que, ao câmbio atual em torno de 115 yens por dólar norte- americano, chega-se a menos de US$ 24,00 até US$ 48,00 por pessoa, compreendendo entradas mais ricas, prato principal mais sofisticado e uma sobremesa simples, que é uma refeição completa, pois no Japão não existem almoços ou jantares executivos, mas conjuntos completos. Evidentemente existem exceções nos restaurantes considerados de alto luxo que superam estes custos, mas, mesmo assim, poucos chegam ao seu dobro. Os restaurantes que frequentei numa viagem recente, tanto neste Roppongi Hills como em Omotesando, considerado a localidade de mais alto luxo muito frequentado pelos estrangeiros, apresentavam padrões de qualidade bem elevados comparados com os de São Paulo, mal chegando ao preço de US$ 50 por pessoa, sem bebidas alcoólicas cujo preço, em qualquer lugar, depende de suas qualidades, variando de forma substancial.

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Alguns exemplos de restaurantes no Roppongi Hills

O que utilizei no Roppongi Hills foi o Sakanaya Rokuzo que por ser especializado em peixes e outros frutos do mar costumava ser mais dispendioso em qualquer lugar do mundo. Hoje, salvo os de elevadíssima culinária japonesa, os estrangeiros como os franceses estão com preços mais elevados, notando-se a elevação do consumo de carnes, que aumentaram no Japão e cujos preços se tornaram razoáveis, possivelmente diante da redução das tarifas de importação de outros países.

Em Omotesando utilizei um restaurante pertencente a pequena rede de culinária veggie, que também incluía alguns pescados e seus ovos, de extrema criatividade, chamado Creat Restaurante que conta com muitos agricultores fornecedores exclusivos. Para os brasileiros seriam novidades difíceis de serem obtidas para jantares, e ainda assim os preços estavam nas faixas citadas. Já postei um artigo neste site sobre este restaurante.

Os câmbios nos dois países estão muito voláteis como em todo o mundo, sendo que no Brasil o real está ainda muito valorizado, enquanto no Japão o yen está desvalorizado, mesmo com as correções que estão se observando recentemente. Até a algumas semanas atrás as comparações seriam piores para os restaurantes brasileiros.

Os indícios que se devem parcialmente aos câmbios decorrem da comparação de outros preços, como de táxi, e outros serviços. Ainda que a carência de recursos humanos no Japão esteja limitando as qualidades dos serviços, ainda estão melhores que no Brasil ou na Europa, o que era mais acentuado tradicionalmente.

Os japoneses sempre contaram com culinárias de boa qualidade, tanto japonesa como estrangeiras, sendo que mesmo que no Brasil haja uma tendência para a sua melhora, ainda não podem ser consideradas boas do ponto de vista internacional, mesmo contando com ingredientes invejáveis.

Tudo isto mostra que existem reformas substanciais a serem introduzidas, que não só limitam somente aos câmbios e as possibilidades de competitividade dos produtos industriais como de muitos serviços básicos.