Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Baixas Expectativas e Resultados Mais Realistas

15 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

Apesar dos esforços dos diplomatas e outros representantes dos países membros, que acabaram por prorrogar por dois dias a Conferência do Clima da ONU em Lima, no Peru, a maioria da mídia internacional vem considerando os resultados obtidos muito tênues. Para conseguir a adesão de todos, países industrializados como menos desenvolvidos, decidiu-se pela apresentação até março do próximo ano das metas e formas de atingi-las de cada país, sem que haja mecanismos de pressão para tanto. Somente a consciência de cada país membro poderá estabelecer estas metas com as quais estarão comprometidos, aceitando-se a tese geral que os esforços deverão ser diferenciados, onde países como os Estados Unidos e a China, considerados os mais poluidores, estabeleceram anteriormente os seus objetivos de forma bilateral as metas de cada país na última reunião que tiveram em Beijing, onde estava Barack Obama e Xi Jinping.

O fato concreto é que até hoje não se conseguiu um mecanismo adequado para o estabelecimento de compromissos com metas objetivas na maioria dos países, industrializados ou não. Pode ser que o decidido seja tênue, mas deve-se admitir que cada país possa julgar melhor o que lhe é possível assumir como responsabilidade, mesmo contando com ajudas modestas de outros países mais capacitados do ponto de vista econômico. Como nenhum país deseja ser conhecido como responsável pelas irregularidades climáticas que estão ocorrendo no mundo, ou sacrificar o próprio desenvolvimento com a poluição que está se tornando insuportável para as suas populações, notadamente dos estrangeiros expatriados que são responsáveis por muitos dos seus investimentos que proporcionam as condições para a criação do emprego e da produção desejáveis. Deve-se admitir que com compromissos mais espontâneos, seus alcances se tornem mais realistas.

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Christiana Figueres, secretária executiva da Convenção e Manuel Pulgar-Vidal, ministro do meio ambiente do Peru, ao término da reunião

A decisão final deverá ocorrer numa reunião em Paris até o final de 2015, esperando-se que até lá, com os compromissos assumidos pelos países membros até março próximo, haja como obter uma posição mundial realista e objetiva, pois os problemas que já estão sendo enfrentados são muito graves.

Com as expectativas baixas, espera-se que os países membros tenham condições de cumprir os compromissos autoassumidos, que não terão sido impostos por outros organismos ou países. Ainda que não cheguem ao desejável, espera-se que ocorram avanços pragmáticos.

Mesmo os países menos desenvolvidos, que sofrem mais diretamente as consequências dos aquecimentos globais, sabem que dependerão muito dos seus esforços para contarem com suportes complementares do exterior que devem ser baixos. Todos os países deverão estar concentrados nos objetivos que mais afetam diretamente suas populações. Mas a mídia internacional está sendo eficiente na divulgação das poluições que estão sendo provocadas, que acabam exercendo uma pressão sobre as muitas autoridades dos diversos países.

O que se vem observando é que as metas mais ousadas que seriam desejáveis não encontram mecanismos de implementação, e acabam se tornando meros discursos sem aplicação prática. A esperança é que o “Second Best” acabe se tornando mais exequível, inclusive do ponto de vista político.

Países como o Brasil não necessitariam ficar com a imagem negativa, quando estão efetuando substanciais esforços, ainda que seus problemas sejam vastos, como a melhor exploração racional e sustentável de suas imensas florestas, como a Amazônica.