Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mulheres Coreanas de Conforto

5 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , , | 2 Comentários »

Continuam sendo divulgados pelo mundo os dramas das mulheres coreanas que foram utilizadas pelos soldados japoneses durante a Segunda Guerra Mundial como escravas sexuais. Um artigo publicado pela Folha de S.Paulo, de autoria do jornalista Fabiano Maisonnave, revela um novo ângulo da dolorosa questão que se prolonga por muitas décadas ao entrevistar uma delas em Seul.

Gill Won Ok, 83 anos, que continua se manifestando semanalmente diante da Embaixada do Japão, é uma das 83 sobreviventes destes lamentáveis incidentes. A Coreia estava dominada pelos japoneses antes da Guerra, e jovens foram levadas para outras áreas ocupadas, no caso dela para a China, onde eram obrigadas a receberem até 15 soldados por dia. O primeiro-ministro e o Imperador japonês já manifestaram as desculpas pelos atos da ocupação coreana, mas não fizeram menção expressa destas escravas sexuais.

O novo ângulo apresentado é que as próprias autoridades coreanas não reivindicam pedidos de desculpas e indenizações pleiteadas por elas, segundo Gill Won Ok. Ainda adolescente, ela foi enganada, segundo o seu depoimento, por coreanos e japoneses que prometeram ganhos substanciais no Japão. Mas foram conduzidas para a China, onde sofreram barbaridades. Outros coreanos foram obrigados a trabalhar no Japão, acabando sendo vítimas das bombas atômicas.

Terminada a Guerra, elas retornaram para a Coreia dividida, pois a depoente nasceu na atual capital do Norte. Continua vivendo num abrigo para idosos, depois de lutar pela vida, sofrendo a vergonha sobre atos de que não teve culpa.

Lamentavelmente, estes incidentes procuram ser esquecidos pelas autoridades como pela população não só japonesa, como de todos os povos que passaram pelas guerras, que estão repletas de barbaridades semelhantes. O que parece mais inteligente é que estas pendências sejam admitidas, e reparadas, ainda que só seja possível parcialmente.

Os Estados Unidos, por exemplo, que mantiveram nipo-americanos com cidadania local em campos de concentração durante a guerra. Reconhecendo os erros pelas autoridades, foram indenizados em US$ 20.000,00 cada, o que é meramente simbólico, mas todas as partes deram os episódios como encerrados.

Muitos crimes de guerra não são totalmente reparáveis, como os cometidos pelos norte-americanos no Vietnã. Mas a insistente campanha de Gill Won Ok é para que tais crimes não continuem sendo repetidos, como o mais recente aprisionamento de suspeitos da Guerra do Iraque em Guantanamo.