Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Até o Banco Central Europeu Estimula a Economia

8 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , | 2 Comentários »

Ainda que muitos brasileiros continuem achando que o desaquecimento da economia é um problema nacional, tanto os norte-americanos, os japoneses e agora os europeus, tomam medidas visando a estimular suas economias que se encontram com dificuldades. O mesmo acontece na China como, na Rússia como na Índia, havendo poucos países que ainda não foram afetados, e que continuam com seus desenvolvidos abaixo do esperado. O BCE – Banco Central Europeu, por intermédio do seu competente presidente, Mario Draghi toma um conjunto de medidas, segundo artigo de Muhamed A. El-Erian no site da Bloomberg, que são ousadas e apresentam elevados riscos.

Visando uma nova rodada de estímulos para a economia europeia que continua sem recuperação, foram tomadas três mensagens fortes e inequívocas que vão muito além da Europa, e acabam afetando de forma duvidosa países emergentes como o Brasil. O primeiro não convencional estabelece uma taxa de depósito ainda mais negativa para os recursos que os bancos mantêm junto àquela autoridade monetária, visando o aumento de suas aplicações nos programas de compra de títulos, algo parecido com o que o Brasil vem adotando no Banco Central do Brasil, ainda que os bancos não estejam satisfeitos com a necessidade de aumentarem seus riscos. No segundo grupo, com uma flexibilização monetária em grande escala, maior que a norte-americana, aumentam até o uso da política fiscal, para suportar o crescimento sustentável. E finalmente, fugindo dos papeis tradicionais dos Bancos Centrais, passa a atuar de forma múltipla, afrouxando o controle monetário.

clip_image002                                                 ECB – European Central Bank

Com base na experiência em outros lugares do mundo, o BCE movimenta-se de forma expressiva com a preocupação legítima para estimular a economia europeia, com quatro elementos principais:

1. Forçar para baixos os rendimentos dos títulos e as taxas de juros, na esperança do suporte para o aumento do emprego e do crescimento da economia;

2. Se as medidas não surtirem efeitos rápidos, aumentar a compra de bônus, enfraquecendo o euro e estimulando as exportações;

3. Pressionar os governos, tanto na área pública como privada, para promover o crescimento e evitar a deflação;

4. Esperar que os custos e riscos das medidas experimentais não sobrecarreguem os beneficiários.

Segundo o articulista as medidas só terão consequências positivas se forem apoiadas pelos governos da Europa. Como haverá efeitos colaterais sobre outros países como os Estados Unidos, a Suíça, China e principalmente sobre os países emergentes como o Brasil, haverá necessidade de medidas para contraporem-se as desvalorizações do euro, como com as desvalorizações das outras moedas, provocando um acirramento da guerra cambial.

Para que as medidas surtam efeitos, haverá necessidade de flexiblização fiscal (ou aumento do déficit fiscal, em outras palavras), bem como da regulamentação do emprego, alem da ampliação dos investimentos em infraestrutura.

As medidas adotadas na Europa acabam provocando sobre o Brasil e outros países emergentes efeitos mais deletérios do que quando o FED norte-americano tomou as primeiras medidas. No longo prazo a melhoria da Europa poderá beneficiar a todos, mas no primeiro momento, os mercados emergentes sofrerão com influxos de recursos financeiros que tendem a valorizar seus câmbios. A capacidade de reação brasileira e de outros países emergentes vai exigir medidas que não são populares.