Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Dura Realidade da Globo Internacional

22 de fevereiro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , | 4 Comentários »

clip_image002Um comunicado sucinto da Globo Internacional informa que a partir de fins de março esta televisão estará encerrando a parceria de duas décadas com o grupo IPC, que brasileiros e descendentes de japoneses assistiam no Japão. Pode-se especular sobre as razões desta decisão.

Sabe-se que todas as empresas voltadas à imprensa no mundo passam por um duro ajustamento diante da queda de suas receitas publicitárias, sendo substituídas por pequenas iniciativas de baixo custo que atraem um público específico. O Japão havia recebido um razoável contingente de brasileiros nas últimas décadas, descendentes de japoneses, que lá trabalhavam de forma dura pela sua sobrevivência e faziam eventuais remessas de recursos para seus familiares que continuavam no Brasil. Há uma ligeira retomada recente deste tipo de migração, dado o elevado nível de desemprego no Brasil, mas sem conseguir alterar o quadro geral. Eles eram indevidamente chamados de “dekasseguis”, compostos no passado por trabalhadores temporários japoneses que, de regiões menos avançadas do Japão, iam para os centros mais dinâmicos daquele país, principalmente nos invernos.

Muitos dos brasileiros que foram trabalhar no Japão passaram até a contar com pequenas empresas locais, comerciais e de serviços que atendiam às necessidades não só de brasileiros como outros latino-americanos e até asiáticos islâmicos, pois contavam com frangos que atendiam suas exigências religiosas. Também havia algumas exceções, que tinham atividades de razoável porte. Muitos destes brasileiros aprenderam o idioma local e hoje utilizam as televisões japonesas.

Também as grandes empresas brasileiras, inclusive a estatal Companhia Vale do Rio Doce, não aumentam suas atividades no Japão. O Banco do Brasil, que chegou a contar com algumas agências naquele país, transformou-as em simples postos de serviços. O mesmo aconteceu em outros países asiáticos.

As exportações brasileiras de produtos agropecuários são feitas pelas empresas multinacionais, com algumas participações de trading companies japonesas. Também os investimentos de empresas japonesas no Brasil estão reduzindo suas atividades, muitas transferindo suas atividades para a Ásia, que continuam mais dinâmicas.

Ainda que o turismo de japoneses para o Brasil e de brasileiros para o Japão venha aumentando, não se compara com o que ocorre entre os asiáticos. Na realidade, o longo período de crescimento modesto da economia brasileira não vem ampliando, como desejável, as suas atividades internacionais, como vem ocorrendo na Ásia. No Japão, a população está diminuindo e envelhecendo e suas prioridades se voltam para as atividades internas ou com seus vizinhos mais próximos, lamentavelmente.