Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Encontro da Dilma Rousseff com Hu Jintao

12 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Intercâmbios | Tags: , | 6 Comentários »

Como esperado, o contato direto entre a presidente Dilma Rousseff com o presidente Hu Jintao consolidou os entendimentos de um intercâmbio de longo prazo entre os dois países emergentes de grande importância no cenário internacional. O comunicado conjunto distribuído pelo Itamaraty confirma que, diplomaticamente, assuntos delicados também foram tratados, como o dos direitos humanos e o reconhecimento da China como economia de mercado, dando sinalizações positivas e relevantes.

O ponto central acertado foi o intercâmbio tecnológico visando o desenvolvimento futuro, mas resultados imediatos também foram alcançados, como as compras de aeronaves da Embraer e a construção na China do modelo Legacy. Na realidade, procurou-se consolidar mecanismos que permitam um intercâmbio mais intenso entre os dois países, evitando-se a propagação de problemas que possam ofuscar esta colaboração, que se dá de igual para igual. Tudo indica que está se realizando um ponto de inflexão, que permitirá acelerar o intercâmbio que já vinha se acelerando.

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Os chineses são hábeis negociantes, inclusive na área diplomática, e a leitura completa do comunicado conjunto dá uma nítida impressão que as demandas dos dois países foram acomodadas adequadamente pelos diplomatas, que se comprometem a estudar assuntos mais sensíveis, prometendo empenho nestes trabalhos. A leitura do texto em português mostra que o comunicado conjunto está redigido de forma clara, mais que os usuais deste tipo de encontro. Espera-se que o mesmo esteja acontecendo no elaborado em chinês, que por utilizar ideogramas possui uma capacidade de traduzir o conteúdo de forma precisa, mais que nos idiomas ocidentais.

Muitos acordos foram estabelecidos e seus conteúdos devem ser examinados com atenção, pois o comunicado conjunto costuma ser somente um resumo dos tópicos principais que foram firmados. Existem mecanismos para acompanhar a sua execução. Há uma grande amplitude nas questões tratadas, abrangendo os principais pontos da agenda entre os dois países, não se referindo diretamente ao problema do câmbio. O que se questiona é o que acabando ficando de fora destes entendimentos.

O comunicado conjunto tem 29 itens, destacando-se os relacionados à política e mecanismos de fomento do intercâmbio, inclusive mundial, cooperação dos bancos centrais, investimentos recíprocos, defesa fomentando o já existente de cooperação espacial, ciência e tecnologia procurando inovações nas tecnologias de informação, recursos hídricos e outros renováveis, inspeção de produtos e quarentena, esportes e eventos mundiais citando a Copa do Mundo e as Olimpíadas, educação e intercâmbio de estudantes, professores e pesquisadores, intercâmbio cultural, fomento do turismo recíproco, agricultura com referência direta à Embrapa, energias em geral e elétrica especificamente, telecomunicações, aeronáutica citando especificamente a Embraer, e outros como os relacionados com as atuações nos organismos internacionais.

Pode-se afirmar, portanto, que as bases para um intenso intercâmbio bilateral foram estabelecidas.