Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Entrevista de Dilma Rousseff para o Financial Times

3 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Em que pese à entrevista dada pela presidente Dilma Rousseff a Joe Leahy em Brasília, o artigo que foi publicado no Financial Times não conseguiu mostrar a qualificação do jornalista para aproveitar a rara oportunidade oferecida. A matéria está entremeada de opiniões como do professor Jose Scheinkman, de Princeton, da artista Fernanda Montenegro, do economista Tony Volpon, da Nomura Security, pronunciamentos da presidente na ONU e aspectos de sua carreira, inclusive quando foi presa e torturada como guerrilheira. Não conseguiu destacá-la dos problemas enfrentados pelo PT – Partido dos Trabalhadores e do protecionismo de que o Brasil está sendo acusado, ainda que tenha mencionado a inclusão de 30 a 40 milhões de brasileiros na classe média.

Tentando abranger tantos temas, o artigo não conseguiu entender o ponto crucial que o Brasil tenta recuperar a sua competitividade, não somente tornando os seus juros compatíveis com os internacionais, como começando a esboçar uma política industrial, ao mesmo tempo em que pragmaticamente incorpora a contribuição do setor privado no esforço de melhorar a sua infraestrutura. O jornalista pareceu perdido no meio das críticas fáceis de que o Brasil não se consegue efetuar as reformas necessárias, manter um ritmo de crescimento mais elevado recentemente, sem parecer entender a complexidade do quadro político local e o combate à corrupção, que compromete também outros países com os quais está concorrendo. Nem que tenha compreendido plenamente a política externa brasileira.

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Dilma Rousseff durante encontro com David Cameron

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Dilma Rousseff no Newsweek

20 de setembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Merecer a capa do Newsweek quando se prepara para ser a primeira mulher a inaugurar a Assembleia Geral das Nações Unidas já é uma consagração. A entrevista concedida em Brasília para Mac Margolis, com citações de diversas personalidades, ao lado de uma ampla matéria que destaca que o Mundo é das Mulheres, excede as expectativas dos brasileiros, mesmo entre os que já a aceitam como uma grande líder ou até quem não notou nela nas últimas eleições.

Os títulos e os leades das matérias são quase apaixonados. “Presidente do Brasil, Dilma Dinamite” (tradução livre de Brazil’s President Dynamite Dilma). “Não brinque com a Dilma, a mulher Presidente do Brasil machista que está crescendo, e está chamando a atenção de todos” (tradução livre de Don’t Mess With Dilma, a woman is President in booming, macho Brazil, and she’s calling all the shots).

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Reprodução da capa do Newsweek e a presidente Dilma Rousseff em foto de Luiz Maximiano

A matéria de capa, bem elaborada, relata uma história de um encontro dela com uma menina chamada Vitória, que perguntou a ela se uma mulher poderia ser Presidente, e ela respondeu que sim. O Newsweek entrevistou-a no seu gabinete em Brasília, cercada de trabalhos relacionados como com a preparação da Copa do Mundo, da eliminação da pobreza absoluta, criação de empregos, do combate à corrupção.

Relata resumidamente a sua vida, desde quando estudante e se engajou na Var Palmares na luta contra o autoritarismo militar sem o uso de armas, sendo capturada e sofrendo torturas, recebeu o diagnóstico de câncer, a vida com sua família em Brasília, a sua escolha como candidata pelo Lula da Silva, um líder carismático.

O artigo está recheado de declarações de personalidades que reconhecem as suas qualidades, que surpreende os que a consideravam uma mera burocrata, e que está dando a sua face para o seu governo, ampliando agora sua presença internacional.

Ela expressou na entrevista a convicção que o Brasil está preparado para enfrentar um mundo onde os Estados Unidos e a Europa lutam para superar as suas dificuldades, minimizando os efeitos da redução do crescimento da economia mundial. Um Brasil que também colabora para resolver os problemas europeus, junto com outros países emergentes.

Informou sobre os recursos que o país dispõe para acelerar o seu desenvolvimento utilizando o seu mercado interno, que vem melhorando a sua distribuição de renda, mostrando um domínio do que tem seu comando.

Mereceu uma declaração de Delfim Netto, qualificado como o czar da economia no período militarista, que afirmou: “Dilma tem a visão para o Brasil, e ela sabe também que não pode violar os princípios da contabilidade” (tradução livre de “Dilma has a vision for Brazil, but she also knows not to violate the principles of international accounting”. Ou seja, não pode gastar mais do que dispõe.

Informa-se que ela ficou satisfeita com a entrevista publicada que deve ser um importante estímulo para a luta que empreende, cujo cenário agora se amplia pelo mundo, ao lado de mulheres que marcaram com suas contribuições para a melhoria do bem-estar de toda a humanidade, com muito pé no chão.