Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Onde Morar Neste Mundo Globalizado

29 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Um interessante artigo de Yuki Sato foi publicado no site do Japan News, que é do grupo Yomiuri Shimbun. Refere-se ao aumento de estrangeiros que vivem nas habitações de administração pública da província de Saitama. Ao mesmo tempo, são frequentes as notícias sobre japoneses, principalmente aposentados, que moram em outros países asiáticos, onde os custos de vida são mais baixos que no Japão. O artigo informa sobre muitos estrangeiros da Omiya Higashi-Miyashita de Saitama de administração pública, cujos custos são inferiores aos de gestão privada. Existem pequenos problemas de hábitos destes moradores semelhantes aos que sempre existiram com os chamados dekasseguis, trabalhadores temporários de origem nikkei, que diferem da população local, efetuando-se esforços para estes ajustamentos reconhecendo que a globalização implica nesta convivência.

É preciso que seja considerado que as autoridades japonesas só concedem vistos para residência no Japão para os chamados expatriados, ou seja, que exerçam atividades profissionais naquele país, ou como empresários, ou como funcionários de empresas estrangeiras ou japonesas, que necessitam de recursos humanos diferenciados. A exceção, temporária é com os descendentes de japoneses até a terceira geração, no momento, entre os quais estão os brasileiros e outros latino-americanos. Só que esta temporariedade está se tornando permanente, dada à redução da população no Japão. Há também asiáticos que vão ao Japão para estudos ou outras atividades, e acabam ficando quase permanentes naquele país.

clip_image002                         Casal de paquistaneses que vivem no Omiya Higashi-Miyashita

Este casal paquistanês já vive 25 anos no Japão trabalhando numa loja de móveis e o grosso de suas receitas são enviados para os parentes na sua terra natal. Vivem modestamente num apartamento administrado pelo setor público da província de Saitama, estão satisfeitos, e consideram que o seu custo é 30% abaixo dos privados. Estes casos estão aumentando no Japão.

Tudo indica que o padrão de vida destes estrangeiros são modestos quando comparados com os dos japoneses, e eles estão acostumados com isto, pois as condições que enfrentavam nos seus países de origem eram mais precários ainda. Se conseguirem enviar recursos para seus parentes, eles se consideram satisfeitos.

O que se constata é que os aposentados japoneses que estão procurando viver no exterior, contam com recursos que são inferiores aos exigidos pelos padrões do Japão, e procuram países onde os custos de vida são baixos, ao mesmo tempo em que as aplicações financeiras podem proporcionar complementos à suas aposentadorias.

Também são frequentes as situações onde muitos estrangeiros trabalham por longos anos, estando acostumados com os hábitos habitacionais, preferindo continuarem nestes países mesmo depois de aposentados, usufruindo de facilidades com que não podem contar no Japão, como auxílios nas tarefas domésticas, facilidades de condução e outras pequenas conveniências.

Tudo isto leva a consideração que a globalização, além dos fluxos de capital e financiamentos, acaba exigindo uma flexibilidade na mobilidade dos recursos humanos, e mesmo havendo restrições, até existem casos que implicam em risco de vida, como de imigrantes de países extremamente pobres para os Estados Unidos ou a Europa.

Se até o Brasil é receptor de muitos imigrantes latino-americanos e africanos, há que se considerar que existem necessidades de regulamentações que facilitem os deslocamentos legais, pois muitos tentarão mesmo na clandestinidade.