Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Interessantes Estudos Comparativos do IEDI

31 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

O IEDI – Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial é custeado pelas suas empresas membros, que não rasgam dinheiro, pois não são beneficiadas pelos tributos para fiscais que sustentam as entidades de classe, chamadas contribuições sindicais, tendo a independência para suas opiniões preocupadas com o atual desestímulo para as atividades industriais no Brasil, que caminham a passos demasiadamente lentos. Segundo dados da WDI – World Development Indicator, o Brasil ocupa atualmente a posição de 30º exportador de produtos industriais, atrás da Malásia (19º), da Tailândia (20º) e da Indonésia que vem acelerando o ganho de suas posições recentemente (31º), que fazem parte do SEANICS – SouthEast Asian Newly Industrialized Countries, que hoje são nossos concorrentes diretos.

O resumo do relatório, que envolve a divulgação de amplos dados comparativos e sua íntegra pode se obtida na Carta IEDE nº 565 de 25 de março de 2013, informa um crescimento espetacular do PIB e da renda per capital nestes países no período 1980 a 2010, o que vem sendo conseguido por uma expressiva participação do seu setor industrial, como exemplos da história econômica recente mundial, segundo o relatório, pois elas cresceram uma média de 8% ao ano.

A Indonésia possui uma forte indústria de alimentos e bebidas, mas também de petróleo refinado, energia nuclear, de metais e veículos automotores. Na Malásia, além da tradicional borracha (o Brasil importa este produto tradicionalmente daquele país, operação em que estive envolvido pessoalmente), plásticos e produtos químicos. Na Tailândia são equipamentos de escritório, mensuração, contabilidade incluindo computadores, vestuários e automóveis. Eles recebem muitos investimentos estrangeiros como do Japão e estão integrados com suas empresas nas atividades internacionais, tirando partido das condições locais.

O Brasil tinha uma estrutura industrial mais diversificada e estava integrada com empresas estrangeiras, mas perdeu um precioso tempo num período crucial que concentrou seus interesses nas atividades de exportação de produtos primários, sem contar com o parque industrial de que dispunha.

Os demais de quatro países comparados continuaram com suas atividades primárias, mas trataram de adicionar valor para as suas exportações com o estímulo às atividades industriais locais, e que cresceram na Indonésia 55%, na Malásia em 44,5% e na Tailândia em 87,5%, inclusive com uma pequena participação de empresas brasileiras que consideravam suas condições melhores que as encontradas no Brasil para atender seus clientes no exterior.

Os custos da mão de obra nos países do SEANICS não são ainda os diferenciais importantes, mas também lá eles vêm subindo, refletindo o desenvolvimento por que passam. Os juros são mais competitivos, aspecto que o Brasil está corrigindo. Seus investimentos estrangeiros diretos são ainda mais baixos dos que os brasileiros.

O que ficou claro no estudo comparativo é que a indústria de transformação continua sendo o principal motor daquelas economias, como já foi no Brasil, ainda que suas atividades primárias continuem em crescimento. Observa-se uma diversificação nas suas economias e o ambiente macroeconômico também se mantêm controlados. Eles aproveitam melhor as condições dos recursos locais que dispõem, ainda que tenham ainda problemas na melhoria da distribuição de renda e avanços nos seus sistemas democráticos.

Os desafios que precisam enfrentar são grandes, mas o IEDI insiste no aspecto cambial, que parece relevante. No entanto, o que parece é a necessidade de uma estratégia de desenvolvimento industrial que abrange uma ampla gama concatenada de providências, que poderia ser entendida como política industrial, incluindo pesquisas, preparo de recursos humanos, eliminação dos gargalos de infraestrutura, custos energéticos, reduções racionais das tributações, encargos previdenciários e inclusive contribuições para fiscais que parecem mais voltadas ao atendimento das aspirações políticas do que interesses da economia brasileira, entre os múltiplos aspectos que necessitam ser tratados numa colocação mais sistêmica e de estratégia de curto, médio e longo prazo, com a ativa colaboração do setor privado, que se sente divorciado das decisões governamentais, sendo que alguns destes aspectos estão sendo providenciados, ainda sem a comunicação social devida, concentrada demasiadamente nos objetivos eleitorais.