Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Esforçados Jogadores de Bolinha de Gude

11 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Esporte | Tags: , , , | 2 Comentários »

Depois do chocante desempenho da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 2014, todos esperavam que aproveitando as lições do fracasso ocorresse uma reformulação radical no futebol brasileiro visando o seu futuro, a partir das suas bases. Infelizmente, a CBF – Confederação Brasileira de Futebol escolheu um corretor de jogadores como Gilmar Rinaldi para coordenador das seleções, que por sua vez trouxe de volta o lamentável treinador Dunga para a seleção principal, completando o comando técnico com o treinador Alexandre Gallo, técnico da seleção sub-20, que continuaria em suas funções. As primeiras declarações da dupla Gilmar/Dunga foram frustrantes para todos, como a que fariam viagens para se atualizarem com o que está acontecendo no futebol mundial, eles que estão relacionados com a cúpula que é a seleção nacional. Lamentavelmente, todos os brasileiros que se consideram técnicos em futebol entenderam que jogadores que os obedecessem sem questionar este novo comando em nada, seriam os que continuariam prestigiados. Enterrou-se a oportunidade de uma grande reformulação do futebol brasileiro aproveitando o trauma, começando pela cúpula.

Mas, seria na prática que se verificaria o que poderia acontecer. As duas primeiras partidas da seleção nacional com a Colômbia e o Equador confirmaram as sinalizações preocupantes, que se caminha para um joguinho de bola de gude. Alem de partidas amistosas que não acrescentam em nada, até em lamentáveis campos até com gramados improvisados, o que se observou foram alguns jogadores empenhados, que nada têm para formar uma grande equipe. A dependência a Neymar acentuou-se, alem de voltar a um clima de pouco diálogo dos novos dirigentes técnicos com todos, consubstanciado no desligamento do jogador Maicon de forma desastrosa.

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                               Gilmar Rinaldi, Coordenador das seleções da CBF

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                              Dunga, treinador da seleção, já enfrenta problemas

Todos sabiam que a dupla Gilmar/Dunga não possuem credenciais profissionais que os credenciem a comandar a parte técnica da reformulação do futebol brasileiro, e com o pobre desempenho da principal seleção brasileira de futebol diante das limitadas seleções da Colômbia e do Equador, o quadro que já era difícil complica-se ainda mais.

Juntar somente alguns jogadores considerados promissores para o futuro não chega a formar uma seleção, ainda que sejam esforçados, até por que a característica pessoal de Dunga é de um comando forte, sem contar com o mínimo de qualificação, notadamente na manutenção de um clima de cooperação entre todos os componentes do futebol brasileiro. Ainda que não tenham sofrido restrições pesadas de parte da imprensa especializada, as críticas tendem a elevar o seu tom no futuro.

Quando se compara a seleção brasileira com os jogos das seleções de futebol que começaram a competir na Europa, observa-se que os níveis de qualidade são gritantemente diferentes, mesmo que todos ainda estejam começando suas atividades depois da Copa. Na realidade, constata-se que não existe um plano amplo para a reformulação do futebol brasileiro que vai muito alem da seleção brasileira, que é simplesmente a resultante do quadro vigente.

Ainda existe um razoável tempo até a próxima Copa do Mundo. Mas, se não existir um programa radical que começa nas escolinhas de futebol, estende-se pelos clubes, abrange as Federações estaduais, chegando até a CBF, teremos que nos conformar com humilhantes comparações com o que vem acontecendo de bom no mundo futebolístico.