Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Primeiro Acordo Global na Organização Mundial de Comércio

8 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: , , , | 2 Comentários »

Algo inusitado acabou acontecendo neste sábado na reunião em nível ministerial em Bali, na Indonésia, da OMC – Organização Mundial de Comércio. Pela primeira vez, sob a presidência do diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, conseguiu-se um acordo global desde a instituição desta entidade mundial após quase duas décadas de negociações. A última, chamada Rodada de Doha, não conseguia avançar, até que o representante do Brasil assumiu a sua presidência, com a fama de ótimo negociador. A reunião que deveria ser concluída na sexta-feira acabou sendo prorrogada por mais um dia de duras negociações. Os países desenvolvidos exigiram dos países emergentes que não aceitavam o acordo sem que fosse assegurada uma moratória de cinco anos para a sua segurança alimentar, ou seja, que seus produtos agrícolas ficassem temporariamente fora do acordo, exigência que era feita pela Índia.

O acordo é considerado histórico e foi estabelecido com a participação de 150 países membros. Existe uma estimativa otimista que isto pode representar para o mundo um aumento em US$ 1 trilhão do comércio mundial, criando cerca de 21 milhões de empregos adicionais. O presidente brasileiro da OMC, que deve se orgulhar pela sua persistência, anunciou o entendimento com lagrimas nos olhos. Até o representante dos Estados Unidos, Michael Froman, comemorou afirmando que o entendimento beneficia países desenvolvidos e em desenvolvimento. Diante da falta de um acordo mundial, sobre o qual o Brasil insistia, acordos bilaterais e regionais foram se multiplicando, criando uma situação de desigualdade com os que não estavam incluídos nestes entendimentos.

20131207_wto_article_main_image

Roberto Azevêdo comemora acordo

As longas negociações se prolongaram por muitos anos, pois os países desenvolvidos desejavam que seus produtos industrializados tivessem redução de tarifas, mas não desejavam abrir seus mercados para os produtos agrícolas, eliminando seus subsídios, o que interessava para os países em desenvolvimento, inclusive o Brasil.

A Índia conseguiu que seus estoques de alimentos para assegurar a sua segurança alimentar não fossem considerados como proteção, o que dificultava a aceitação de alguns países. Outros tópicos também foram levantados, como o boicote dos Estados Unidos a Cuba. Uma cuidadosa negociação, demorada, que acabou exigindo uma prorrogação da reunião, contou com toda a capacidade, famosa, de negociação do presidente da OMC, Roberto Azevêdo, quando ninguém mais acreditava que o entendimento fosse possível.

Estas notícias estão nos principais jornais do mundo, inclusive o Nikkei Asian Review, com base na notícia distribuída pela agência Kyodo, e o resultado foi considerado histórico pelo Itamaraty e pela Confederação Nacional da Indústria, como consta do artigo publicado no site de O Globo.

Espera-se que este acordo atingido seja o início de uma nova fase na história do comércio internacional, devendo acelerar os acertos de todos os detalhes, evitando-se também as chamadas barreiras não alfandegárias.

Esta é uma notícia das mais alvissareiras nos entendimentos econômicos internacionais nas últimas décadas.