Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Perigos das Generalizações

23 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Quando se formulou o conceito de BRIC, envolvendo países tão diferentes como o Brasil, a Rússia, a Índia e a China, ao qual se adicionou posteriormente o S da África do Sul, pode ser que alguns dos países se beneficiaram ao fazer parte do grupo, como o Brasil. Mas agora parece que está sendo prejudicado pela desaceleração que se observa em todo o mundo, como se as políticas para resolverem seus problemas fossem os mesmos. Consideraram-se somente as características de serem países emergentes, de grandes dimensões geográficas, que teriam elevada potencialidade de crescimento acelerado, ainda que em situações visivelmente diferentes. Estas generalizações sempre induziram a erros de avaliação, tanto para o bem como para o mal, mesmo em revistas cuidadosas como o The Economist, comentando o fim dos sonhos dos BRICS.

O Brasil era um país com curta história com amplas fronteiras agrícolas, quando comparado com a China e a Índia antigas, como acontece agora com a África do Sul, fazendo a companhia de uma Rússia que sempre foi um dos países menos avançados da Europa, com território amplo e com inverno rigoroso no norte da Ásia. O mesmo tipo de generalização aconteceu com na União Europeia, que adotou a moeda única euro, englobando países tão diferentes como a Alemanha e Portugal, necessitando contar com a mesma política monetária e fiscal, e por consequência a cambial, sem o benefício de uma Federação, que permite minorar as discrepâncias. Exemplos destas perigosas generalizações são incontáveis, induzindo a erros dos mais variáveis.

brics_505_032812121054uniao_europeia

Leia o restante desse texto »


A Reunião do G-20 na Cidade do México

27 de fevereiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , , | 2 Comentários »

Todos os jornais do mudo estão noticiando com destaque a reunião realizada pelos ministros de finanças dos países componentes do Grupo dos 20 (G-20), que teria tratado de problemas cruciais no mundo atual. De um lado, a crise europeia exige grandes aportes de recursos que precisam contar com a colaboração destes países. Os países emergentes considerados como membros do grupo BRICS, para darem a sua contribuição, pleiteiam mais poder nos órgãos econômicos mundiais.

Alguns temas que sempre foram considerados como intocáveis passaram a ser abordados, como a possibilidade de regulamentação dos sistemas financeiros, de forma a não prejudicar os mercados emergentes. As regras estabelecidas pela chamada Basileia 3 mantém o seu cronograma, exigindo esforços adicionais para o fortalecimento dos bancos. O Valor Econômico registra que os BRICS discutem a possibilidade de criar um novo banco de desenvolvimento.

0,,15768927_401,00

Reunião dos membros do G-20 no México, que terminou no dia 26 de fevereiro

Leia o restante desse texto »


Problemas do Teto das Dívidas Públicas dos USA e Outros

2 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , , ,

Todos estão sendo soterrados por notícias que ressaltam a agudeza das dificuldades dos Estados Unidos, bem como os problemas por que passam algumas economias da Europa. Ainda que sejam importantes e mal resolvidos, há que ter consciência que existem muitas desinformações, dando uma dramaticidade que não corresponde totalmente à realidade.

Toda a imprensa mundial ressaltou que a terça feira, 2 de agosto, seria a data fatal, e se o congresso norte-americano não aprovasse a elevação do limite do endividamento os Estados Unidos seriam considerados em default. Muitos bancos norte-americanos tinham a informação que o Tesouro daquele país tinha condições para resistir, no mínimo, por uma semana, que evidentemente é pouco. Uma emissora de rádio de São Paulo, numa entrevista feita com uma professora de economia internacional, informava que, com o default, cerca de US$ 200 bilhões da reserva brasileira passaria ter um valor zero, que está muito longe da verdade. Estas irresponsabilidades da imprensa agravam os problemas que são sérios. E que serão resolvidos a prazos longos com muitos sacrifícios- e todos querem que sejam feitos pelos outros.

United_States_Capitol_-_west_front

Prédio do Congresso norte americano

Os problemas são complexos, envolvendo aspectos econômico-financeiros, mas envolvidos dentro de disputas políticas. Eles decorrem do consumo de algumas economias desenvolvidas que vieram gastando mais do que produziam, acumulando dívidas expressivas que só serão reduzidas com cortes dolorosas das despesas e se possível com aumento das tributações, para reduzir os endividamentos necessários. E isto vai afetar o mundo todo, por muito tempo, pois todos estão desejando passar a conta para os outros.

Os países só desaparecem se forem incorporados por outros, mediante guerras e mesmo assim suas dívidas acabam sendo pagas, ainda que depois de algum tempo. Quando o Brasil retomou o seu processo de lançamento dos bônus do Tesouro brasileiro nos mercados internacionais, teve que lançar editais nos principais centros financeiros solicitando que todos os que se consideravam credores de dívidas passadas se apresentassem, mesmo que fossem seculares. A Rússia, para voltar ao mercado internacional de capitais, teve que honrar as dívidas deixadas pelo Czar, antes da Revolução de 1917.

Já houve plano, como o Brady, que resolveu os problemas do endividamento de muitos países, mediante reescalonamento dos débitos e perdão de parte dos seus custos. Muitos entendem que alguns países europeus terão que ser beneficiados por algo parecido.

Quando o México declarou-se em default em 1982, houve uma paralisia no mercado financeiro internacional, quando no mercado de Nova Iorque o Tesouro brasileiro estava sendo ajudado por uma rede de bancos internacionais, em mais de alguns US$ bilhões, sem mesmo que houvesse contrato para tanto.

Portanto, todos os agentes no mercado financeiro internacional sabem que nas situações de impasse todos acabam perdendo, no mínimo, um pouco. E sabem que sempre vale à pena perder os dedos do que os braços. Recomenda-se sangue frio, cuidando do cotidiano das pessoas comuns, deixando para as autoridades os problemas macroeconômicos.