Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Wesley Duke Lee e o Japão

14 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , | 2 Comentários »

Apesar deste nome pomposo, parecendo norte-americano, Wesley Duke Lee, que faleceu no último fim de semana, era um grande artista autenticamente paulista, com uma formação internacional, que deixa uma grande contribuição para as artes plásticas brasileiras. Tudo que existe de melhor entre os artistas brasileiros, das gerações mais jovens (que hoje já são veteranos), recebeu influência dele. Os trabalhos chamados conceituais, como de Megumi Yuaça na cerâmica, foram influenciados pela Escola Brasil, fundada em 1970. Carlos Fajardo, José Resende e Luiz Paulo Baravelli foram alunos dele.

Apesar de não chegar a ser uma figura popular, tinha uma ousadia e o contato pessoal com ele só enriquecia as pessoas. Revelou-me, certa vez, suas aventuras no Japão, que percorreu quase todo de motocicleta sem falar japonês, logo no pós-Segunda Guerra Mundial. Tinha merecido uma grande reportagem num grande jornal do Japão, acredito que no Mainichi Shimbum, na qual constava uma boa fotografia dele.

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Com o jornal na mão, segundo ele, numa grande motocicleta que ainda não era produzida no Japão, percorria pelo interior, sem prazo nem roteiro, e onde chegava mostrava a reportagem, sendo convidado a hospedar numa residência, comunicando-se com as pessoas por gestos. Conheceu o verdadeiro Japão, que admirava como ninguém. Só um espírito como o dele, um artista inato, para ousadias como estas.

Todos os seus amigos sabiam que ele usava uma sala com tatami, tipo de piso japonês, todo decorado de forma japonesa. Era dono de um precioso katana, espada utilizada pelos samurais, guerreiros que tinham como código de honra o bushido, o seu caminho de fidelidade. Era conhecedor profundo da cultura japonesa, admirando a sua disciplina, apesar de ser sempre um revolucionário.

Apesar da aparência de um verdadeiro artista, descontraído, facilmente identificável, era uma personalidade que pensava e trabalhava com grande afinco. Exigente, inovador, deixa marcas profundas entre os verdadeiros artistas das gerações que se seguiram.

Ousaria afirmar que a humanidade perdeu um dos seus importantes personagens.


2 Comentários para “Wesley Duke Lee e o Japão”

  1. Léo Ota
    1  escreveu às 07:09 em 15 de setembro de 2010:

    Parabéns pela matéria em memória ao grande artista plástico Wesley Duke Lee, tinha um conhecimento e generosidade de gente grande. Por ocasião da celebração dos 80 anos da Imigração Japonesa no Brasil, foi o responsável pela conquista do espaço do MASP para realização da exposição “Vida e Arte do Japoneses no Brasil” patrocinado pelo Banco América do Sul. Que Deus e Buda o abençoe e proteja.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 08:32 em 15 de setembro de 2010:

    Caro Leo Ota,

    Obrigado pelo comentário. Procurei tocar em algo que não é muito conhecido do Wesley Duke Lee no seu relacionamento com o Japão e a cultura japonesa. Tive a felicidade de ter oportunidades para troca de algumas informações.

    Paulo Yokota


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