Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mudanças na China em Discussão Interna

18 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , , | 1 Comentário »

Antonio Freitas, um diplomata brasileiro que ocupa uma posição estratégica na área econômica da embaixada brasileira em Pequim, nos envia uma importante análise efetuada por Kerry Brown para o Foreign Policy, a mais importante publicação na área de política internacional. Agradecemos muito por esta colaboração. Ele informa que dirigentes chineses já estão reunidos em um hotel na capital chinesa discutindo internamente pontos primordiais, como o próximo plano quinquenal e a sucessão do atual comando da China.

O artigo do Foreign Policy refere-se à luta pelo poder que se processa atualmente na China, para determinar quem comandará o país depois do atual presidente Hu Jintao e do primeiro-ministro Wen Jiobao, no restrito Politburo de nove membros. Sete destes nove atingirão a idade limite para permanecer no Politburo nos próximos anos. Será a passagem da quarta geração dos líderes chineses para a quinta, que se efetivará em 2012. Tudo isto tem como pano de fundo os problemas do seu câmbio extremamente desvalorizado que incomoda o resto do mundo, o aumento da presença chinesa nos confrontos com seus vizinhos como o Japão, que preocupa toda a Ásia e seus aliados, e a premiação do Prêmio Nobel a um dissidente chinês, entre outros acontecimentos de grande repercussão mundial.

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Reunião de dirigentes do alto comando chinês

O artigo refere-se a alguns problemas nesta transição. Na anterior, havia um patriarca como Deng Xiaoping influenciando no processo, o que não acontece agora, que pode incluir uma mulher. Na atual, nenhum analista externo é capaz de afirmar o que vai acontecer. Há indícios de que Wen Jiobao tentou expressar uma posição mais reformista, mas não conta com o suporte firme dentro do Partido, que não é homogêneo.

Não se trata somente do que é usual no Ocidente, como a divisão entre a esquerda e a direita, os mais liberais com os conservadores, com os tradicionais e os modernos. Mas também há complexidades de interesses regionais e de grupos comerciais, ainda que seja um sistema de partido único.

Xi Jinping e Li Kegiang são considerados os front runners, ou seja, os que atualmente correm na frente, mas não se sabe qual o suporte que eles têm no atual quadro, que se diferencia do que já ocorreu no passado. Daí, Bingguo é considerado o mais influente em política externa, mas ainda está apenas entre os 50 mais importantes, e quando existem problemas internos sempre há uma tendência que os adversários externos sejam ressaltados, como apontam os japoneses. Muitos outros líderes chineses possuem bases expressivas, regionais ou setoriais, influenciando no equacionamento da sucessão, ainda que não seja um regime democrático no sentido ocidental.

Com o sistema influenciado pelo confucionismo, dificilmente alguém surgirá como um novo líder na China sem uma carreira importante já consolidada. Citam-se entre os líderes mais influentes Bo Xilan, Wang Qishan, Wang Yang e Li Yuanchao. O articulista do Foreign Policy entende que quem quer que sejam os próximos indicados, eles serão mais políticos que tecnocratas, destacando os cientistas políticos, economistas, juristas, deixando a fase dos engenheiros e geólogos.

Kerry Brown analisa que a próxima geração ainda será de líderes forjados na própria China, com pouca experiência internacional, mas estarão cercados de auxiliares já com formação até no exterior, sendo a elite das elites. Ainda na próxima rodada, ele prevê um período ainda complicado para os chineses, e por consequência para o resto do mundo, mas que poderá abrir outros horizontes no futuro.

O que se informa neste artigo do Foreign Policy parece bastante sensato para todos que acompanham a evolução chinesa, ouvindo os especialistas nestes assuntos, de variadas origens e tendências.


Um comentário para “Mudanças na China em Discussão Interna”

  1. seanlopez
    1  escreveu às 10:05 em 20 de outubro de 2010:

    Good article


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