Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Horácio Sabino Coimbra na China e no Mundo

23 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Depoimentos | Tags: , , ,

horacio_coimbraQuando muito se fala de Henry Kissinger e o seu livro sobre a China, vem à minha memória a figura do empresário brasileiro Horácio Sabino Coimbra, o primeiro a ir à China antes do restabelecimento das relações diplomáticas do Brasil com aquele país depois da Segunda Guerra Mundial, ingressando por Hong Kong, sem nenhuma cobertura oficial. Mesmo o livro que foi escrito sobre ele fala somente parte de suas brilhantes iniciativas empresariais que deveriam servir de exemplos para os nossos atuais empreendedores. Nascido em família ilustre, superou os momentos de dificuldades soerguendo um poderoso grupo do nada, mostrando toda a sua capacidade, ao mesmo tempo em que preservava toda a sua fidalguia até com os mais humildes.

Poucos sabem que ele acompanhou o seu pai no exílio determinado por Getúlio Vargas, fazendo parte do grupo do qual participava os Mesquitas, de O Estado de S.Paulo. Sua família foi atingida pelas crises cafeeiras e ele foi refazer a sua vida do nada no Norte do Paraná, recomeçando com um pequeno banco local e criando a Cacique, que viria a se tornar a mais importante indústria brasileira de café solúvel, com presença mundial. Sempre foi um dedicado e desinteressado amigo do professor Antonio Delfim Netto, tanto nos momentos de participação no governo como quando se encontrava fora das atividades oficiais.

Muitos se lembram do seu sonho: se cada chinês tomasse uma xícara de café por dia, o Brasil teria um grande futuro, ainda no período do Mao. Foi o primeiro que teve a visão de utilizar a imagem de um conhecido futebolista criando o Café Pelé para exportar para o mundo, até para a Rússia quando ainda existia a URSS, com Stalin. Foi o primeiro que contratou Pelé para tanto. Falando só destes dois grandes mercados, quando o mundo ainda era totalmente diferente do atual globalizado, dá uma ideia da dimensão deste empresário. Foi um dos primeiros que estabeleceu um escritório em Nova Iorque, quando ainda isto era função do governo.

Generoso, “companheirão”, era uma agradabilíssima companhia em Paris, Tóquio, Londres, Nova Iorque, Hong Kong ou mesmo tomando um drinque em São Paulo, em Guarujá como em Londrina. Quem teve o privilégio de conviver com ele sabe da dimensão que tinha esta personalidade, um rompedor de fronteiras internacionais. Como faz falta, ainda hoje, empresários deste quilate.

Se o mundo é hoje um pouco mais aberto para o comércio internacional, há um importante papel que foi desempenhado por Horácio Sabino Coimbra. Ele foi um grande rompedor de fronteiras, tanto entre países como no campo das ideias e novas tecnologias. São homens raros, sempre estaremos necessitando deles, que são dotados de uma visão privilegiada.



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