Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Risco de Relações Espúrias nas Notas Escolares

26 de dezembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: dificuldades da imprensa com boas notícias nos períodos de muitos feriados, mas não relacionados com as pesquisas técnicas, o problema das facilidades de descendentes de orientais nas escolas públicas, o risco de notícias que são indícios

É compreensível que nestes períodos de muitas festas de final e começo do ano, os órgãos de comunicação social destinem espaços generosos para artigos de jornalistas menos experientes. Também muitos estudos que ainda são esboços de pesquisas mais profundas são considerados como indícios de diferenças importantes, como as notas obtidas por alunos das escolas públicas, principalmente em matemática e em português, sem que as classificações tenham o devido cuidado, como o uso dos sobrenomes como sendo descendentes de imigrantes de um país. Ainda que algumas advertências estejam mencionadas, o grande público pode ser induzido a erros.

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Quadro comparativo publicado no artigo da Folha de S.Paulo, que deve ser ligo na íntegra

Para se ter uma ideia da necessidade de classificações mais rigorosas, há coreanos que vieram como imigrantes japoneses quando eram colônias do Japão e alguns dos seus nomes foram alterados. São detalhes que não são conhecidos de todos, podendo gerar algumas distorções. Com muitos casamentos entre descendentes de diferentes imigrações no Brasil, também se conhecem casos em que os sobrenomes não parecem os melhores critérios para estas classificações, pois existem descendentes de imigrantes japoneses que não têm em seus nomes nenhuma das famílias de seus antepassados.

De outro lado, na Europa não se pode desprezar as dificuldades que foram enfrentadas pelas populações de origem judaica, tanto no período da inquisição como do nazismo. Muitos adotaram nomes diferentes ainda que sejam de origem judaica, que costumam dar um elevado valor para a educação.

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Nikkeis – descendentes de japoneses com diferentes fisionomias

O artigo elaborado por Ana Estela de Souza Pinto e publicado na Folha de S.Paulo faz menção aos trabalhos do “economista” Leonardo Monastério, que seria do IPEA – Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada, que recebe comentários de Geraldo Silva Filho, considerado especialista em políticas públicas do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. O desejável seria que um especialista em educação fizesse parte destes trabalhos. Que eles se dediquem a trabalhos relacionados com a educação parece bem-vindo.

Pelo que se sabe do manuseio de muitas destas informações, parece que a hipótese que poderia ser testada é do alto valor atribuído pelas culturas asiáticas, envolvendo chineses, coreanos e japoneses entre eles, à educação, o que também acontece com algumas europeias, como alemã e italiana. Entre os asiáticos é reconhecida a contribuição do pensador Confúcio nestes valores.

Se um aluno recebeu uma orientação direta dos seus pais parece relativo. O fato concreto é que muitos deles foram educados num ambiente onde, entre muitos seus parentes, este clima estava presente. A metodologia utilizada para estes estudos indicam possibilidades do que os pesquisadores chamam de correção espúria, que apresenta riscos elevados. O que se costuma fazer é separar os alunos em grupos, para comparar com uma amostra onde o fator diferenciador não está seguramente presente. Mesmo que os dados tenham comportamentos semelhantes, principalmente ao longo do tempo, não existe segurança que permita identificar relações de casualidade.

Parece que a pesquisa teria considerado as diferenças das condições econômicas das famílias. O que parece é que os resultados destes estudos só podem sugerir hipóteses que possam ser testados com maior rigor científico.