Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Trabalho Hercúleo de Shozo Motoyama

9 de abril de 2021
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Livros e Filmes | Tags: , , , ,

Nestes períodos de isolamento, somente entidades especializadas divulgam a morte lamentável de Shozo Motoyama que ocorreu em janeiro último. A Folha de S.Paulo publicou recentemente uma nota sobre o lamentável evento, ressaltando suas dezenas de publicações, sobre as ciências no Brasil, bem como algumas publicações sobre a história da comunidade nikkey neste país. Seu longo trabalho foi produzido basicamente na FAPESP – Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo. Também se estendeu sobre sua administração do Museu Histórico da Imigração Japonesa e Centro de Estudos Nipo-Brasileiros, o que é somente conhecido pelo público especializado nestes assuntos.

Ele se formou em física na Universidade de São Paulo e foi muito influenciado por Mário Schenberg. Escreveu só e com colaboradores dezenas de publicações, notadamente sobre a história das ciências no Brasil. Mas como dominava também o idioma japonês, devido ao seu clip_image001pai, ele fez cursos pós-graduados nas Universidades de Waseda e de Tokyo, no Japão, dos mais considerados naquele país.

Shozo Motoyama, formado em física na USP, foi professor e trabalhou muito tempo na FAPESP, tendo escrito também sobre a história da imigração japonesa

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Acervo do Prêmio Nobel Kenzaburo Oe

14 de fevereiro de 2021
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Um artigo de grande interesse cultural foi publicado no Yomiuri Shimbun tratando da doação do acervo do Prêmio Nobel de Literatura Kenzaburo Oe para a Faculdade de Letras da Universidade de Tóquio.

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Cortesia da Faculdade de Letras da Universidade de Tóquio, uma página manuscrita de “Dojidai Gemu” (Jogos Contemporâneos,) de Kenzaburo Oe

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Nova Biografia de Nara Leão

25 de janeiro de 2021
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Tom Cardoso está publicando um livro que pretende ser parte da bibliografia de Nara Leão. Muitos admitem que ela não corresponda à imagem pública dela, sendo diferente da suave cantora de bossa nova. Ela tinha fortes convicções próprias, mesmo que algumas fossem inconvenientes ao sistema autoritário de então. Há quem imagine que ninguém a conhecia completamente, nem o seu novo biógrafo. Eu a conheci pessoalmente em 1985, quando a meu convite ela foi ao Japão, para participar da Expo Tsukuba 85, acompanhado de Roberto Menescal. Não sabia que ela já estava no fim de sua vida, com o tumor que tinha no cérebro.

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Nara Leão que faleceu aos 47 anos, sem que ninguém soubesse completamente quem ela era

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Sítio Roberto Burle Marx no Rio de Janeiro

25 de janeiro de 2021
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , , ,

Um artigo publicado no site da UOL descreve resumidamente o famoso Sítio Roberto Burle Marx em Barra de Guaratiba, no Rio de Janeiro. Ele tem mais de 400 mil metros quadrados, clip_image002mais de 3.500 espécies de plantas tropicais e subtropicais, além de obras de artistas consagrados, inclusive do famoso paisagista.

Uma visão do Sítio Roberto Burle Marx, constante do artigo no site da UOL, que vale a pena ser lido na sua íntegra

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Avanços Culturais Expressivos na China

8 de janeiro de 2021
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Um artigo de Zhang Kun foi publicado no site do China Daily mostrando que aquele país, mesmo com as dificuldades que atingem todo o mundo, continua dando a devida importância para as atividades culturais, como seria recomendável a qualquer outro país. Nesta passagem de ano, a gigantesca japonesa Tsutaya fez sua estreia em Xangai, ocupando um edifício histórico que foi usado por décadas como biblioteca do Instituto de Produtos Biológicos. Reformado pela incorporadora imobiliária líder da China, a Vanke Real Estate, a livraria japonesa também usa parte de suas dependências como centro criativo para residentes locais imagecomo jovens criadores. Os japoneses estão pensando no futuro e não no retorno de curto prazo, atuando também em outras cidades chinesas.

A nova livraria da japonesa Tsutaya, em Xangai, conta também com espaços para atividades culturais, num edifício histórico adaptado pela incorporadora imobiliária chinesa Vanke Real Estate

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Tradutores e Intérpretes Nipo-Brasileiros

1 de janeiro de 2021
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Aproveitando o atual período de pandemia, muitos livros japoneses editados pela Estação Liberdade puderam ser lidos em português, mostrando as vantagens quando se contam com profissionais que, além do domínio destes idiomas, possuem culturas mais amplas. No livro de Yoko Ogawa, “A fórmula preferida do professor”, a tradução foi feita pelo conhecido Shintaro Hayashi, que é também engenheiro, conhecendo bem matemática. Já informamos neste site que ele é irmão mais velho da tradutora do consagrado “Miyamoto Musashi”, Leiko Gotoda, que é um grande sucesso editorial. Seus antepassados no Japão são conhecidos como figuras importantes na literatura daquele país.

Num outro livro, as notas adicionais da tradutora, referiam-se ao beisebol, que nada tinha relacionado com o tema, ainda este esporte seja muito popular no Japão há mais de um século. Meu pai tem um livro publicado pelas universidades japonesas tratando do beisebol no Brasil, desde quando os imigrantes trouxeram para este país este esporte, até o fim da Segunda Guerra Mundial. Equipes universitárias famosas do Japão vieram para cá anos depois, como parte das histórias dos imigrantes japoneses por aqui.

O atual intérprete mais ativo entre os dois idiomas é o professor Masato Ninomiya, que, além de lecionar na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, também foi professor visitante da Universidade de Tokyo. Ele faz as interpretações das autoridades brasileiras quando em contatos até com os principais membros da Família Imperial do Japão. Sua esposa, Sonia Ninomiya, brasileira descendente de italianos, formou-se na Universidade de Tsukuba e quando usa o telefone no Japão tem o costume de baixar a cabeça frequentemente acompanhando a conversa, como fazem muitas japonesas. Ela também ajuda na interpretação dos visitantes brasileiros para membros da Família Imperial.

Mas existem outros intérpretes que desempenharam papéis importantes entre os dois países, como a japonesa Yuko Takeda, que foi trabalhar na embaixada brasileira em Tóquio, acabando por se casar com um diplomata brasileiro, incorporando no seu nome Povoas de Arruda. Quando em Paris, ela fez o famoso curso de intérpretes de diferentes idiomias, pois ela dominava também o inglês, alemão, o italiano e o francês. Eu pedi a ela que traduzisse para o japonês o livro de Oliveira Lima, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, “No Japão, Impressões da Terra e da Gente”, cuja primeira edição em português é de 1903. Este livro foi oferecido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para o então Casal Imperial do Japão, mas até hoje não se conta com a sua tradução para o idioma japonês. Uma das dificuldades deste trabalho está na menção de políticos japoneses atuantes da época, cujos nomes devem contar com ideogramas corretos, pois muitos podem ter escritos seus clip_image002nomes de formas diversas. Alguns ideogramas japoneses, chamados “kanji” foram sendo simplificados ao longo do último século.

Masato e Sônia Ninomiya (ao centro) quando ele foi condecorado pelo Ministério de Negócios Estrangeiros do Japão

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Os Alemães Inauguram seu Louvre em Berlim

27 de dezembro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , , ,

O mundo não pode parar e a cultura continua tendo a sua importância, apesar das polêmicas naturais. Ainda que de forma virtual efetuou-se a inauguração, que gera discussões do passado nazista, mas isto teria que ser superado num momento qualquer. Aproveitou-se o clip_image002antigo Palácio de Berlim, com projeto do italiano Franco Stella, incorporando elementos modernos. Seu custo está estimado em US$ 825 milhões, competindo com o Louvre francês e o Museu Britânico.

Foto do Humboldt Forum de Berlim, constante do artigo no site do O Globo, que vale a pena ser lido na sua íntegra

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Mudança de Ano no Japão

26 de dezembro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , , | 2 Comentários »

Ai Faithy Perez escreveu para Savvy Tokyo um artigo, que foi publicado o jornal japonês Japan Today, listando os hábitos japoneses que marcam a passagem do ano. Há uma tradição chamada Nenmatsu-nenshi, que se traduz como “fim do ano, começo do ano”. Toshikoshi, que literalmente significa “passagem do ano”, a tradição do final do ano japonês, para o shinen, que tem o sentido de “ano novo”. Como o Japão não é predominantemente cristão, mais do que o Natal, esta passagem do ano ganha maior importância cultural naquele país do que no Ocidente.

clip_image002Os japoneses aproveitam o fim do ano para fazer uma limpeza geral, tanto na sua residência como no local de trabalho, que se chama oosoji. Como meu pai era alfaiate, todas as máquinas e o local de trabalho passavam por esta limpeza e manutenção, com a ajuda de todos os empregados, o que é um hábito muito útil em qualquer lugar.

Mesmo um pequeno apartamento passa por uma limpeza geral chamada oosoji (que significa grande limpeza), livrando-se do que não é mais necessário no ano seguinte

Os japoneses mais tradicionais aproveitam a época para elaborar um enfeite para sua residência, chamado oshogatsu kazari, mas muitos não mantêm mais este hábito, pois necessitam de espaço e estão sendo substituídos por pequenas decorações de Natal, mais práticos. Cada peça tem um significado, como os papéis com votos e o bolo de arroz para que tenham um ano sem fome. Cada detalhe tem um sentido, não se tratando somente de estética.

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Oshogatsu kazari numa residência

Depois de todos os preparativos, costuma-se apreciar um toshikoshi soba, ou uma ligeira refeição com macarrão de trigo sarraceno, que, sendo longo, significa desejo de vida longa, com pequenas variações nos detalhes dos componentes pelas diversas regiões do Japão.

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O toshikoshi soba tem o sentido de desejo de vida longa na passagem do ano, uma refeição ligeira e frugal

Na passagem do ano, toca-se o grande sino de um templo, exatamente à meia-noite, indicando a mudança para o ano novo.

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O grande sino de um templo é tocado pelo sacerdote-mor

A primeira refeição oficial do ano, chamado oseki ryori, é preparada com antecedência, envolvendo muitos pratos variados, mas este hábito está se simplificando, pois existem restaurantes que os preparam, quando no passado era elaborado pelos familiares.

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Os componentes deste almoço têm seus significados, como longevidade, riqueza, fertilidade

Mas, como uma espécie de café da manhã, existe o chamado ozoni, que ainda costumo preparar eu mesmo. Ele chega a ser perigoso, pois inclui o moti, bolinho de arroz grelhado, que, por ser pegajoso, existem sempre a possibilidade de idosos se engasgarem com ele, correndo até o risco de morte.

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Numa espécie de café da manhã, costuma-se apreciar no Japão o ozoni, que é um tipo de sopa, para abrir o ano

Estes eventos foram listados, mas existem muitos outros que caracterizam a cultura japonesa, que não são conhecidos pela maioria dos brasileiros, mas mostram a importância dada ao transcorrer do tempo, que não é tão claro em países tropicais.


Notícias Alvissareiras da Editora Estação Liberdade

19 de dezembro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , , , | 2 Comentários »

clip_image002Desde o grande sucesso dos livros sobre Miyamoto Musashi, com a tradução excepcional de minha amiga de infância Reiko Gotoda, a Editora Estação Liberdade descobriu uma preciosa mina que continua sendo explorada pelos leitores brasileiros. Agora, anunciam-se as traduções para o português dos livros de Yukio Mishima e outros autores japoneses importantes, com a tradução de Shintaro Hayashi, irmão mais velho de Reiko Gotoda, de autores consagrados como Kenzaburo Oe, Yoko Ogawa e Kobo Abe. O que poucos sabem é que Shintaro Hayashi e Reiko Gotoda são membros de uma família que contou com tio de grande importância na literatura japonesa, tendo um cabedal para traduções de envergadura, que vão muito além do simples domínio dos idiomas.

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Para os que Conhecem o Japão Superficialmente

28 de outubro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Um artigo interessante de Luke Mahoney foi publicado no Japan Today, ele que começou a viver como expatriado no Japão, onde alguns costumes são bem diferentes dos usados em outros países, notadamente do Ocidente. Alguns já são conhecidos no exterior, mas existem muitos detalhes que podem reduzir as gafes na vida cotidiana entre os japoneses. Acrescento algumas experiências pessoais. Normalmente, as residências japonesas são de pequena dimensão comparada com as de outros países, o que exige alguns cuidados como deixar os calçados em lugares adequados, pois muitas contam com os chamados “tatamis” sobre os quais se deve caminhar sem os sujar. Todos os espaços são bem aproveitados, prevendo-se onde devem ficar muitos objetos, como em armários que existem atrás das poucas portas, usualmente que deslizam lateralmente.

O autor do artigo refere-se a sua participação numa cerimônia do chá e, como era o único estrangeiro, ele ocupou o lugar de honra, e tudo transcorria segundo seus desejos. O normal é clip_image002que o chá seja servido parcimoniosamente dentro de um rito, mas por cortesia foi lhe perguntado se desejava repetir, com o que ele concordou por mais duas vezes. Terminada a operação, ele foi advertido por um amigo que isto costumava custar um alto valor e não era usual.

Cerimônia do chá no Japão que obedece a um rigoroso rito

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