Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Questões Cruciais Começam a Ser Discutidas

9 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: desconfortos para os candidatos, discussões necessárias, questões cruciais e incômodas

Como é compreensível, nas campanhas eleitorais as questões incômodas de um país e para os candidatos ao seu comando nem sempre são colocadas em pauta, pois eles temem perder eleitores na medida em que são obrigados a se definir sobre itens desconfortáveis. É comum que os candidatos em qualquer país coloquem somente posições genéricas que pouco informam sobre as políticas que serão adotadas. Assim, analistas e especialistas vão colocando, aos poucos, alguns destes assuntos para conhecimento de um público mais preocupado com aspectos fundamentais para a evolução futura do de uma economia.

Entre estas questões, figura a crucial questão dos elevados déficits em contas correntes, que na história brasileira tem sido o ponto de estrangulamento dos diversos períodos desenvolvimento. Ainda que as exportações venham evoluindo de forma razoável, o atual nível cambial vem provocando uma elevada expansão das importações e outros gastos no exterior, exigindo um influxo elevado de recursos externos. E as dificuldades internacionais que ressurgem podem estancar, novamente, este fluxo colocando economias emergentes numa situação difícil, exatamente no momento em que estão engajados num agressivo programa de implantação da infraestrutura e ampliação do mercado interno.

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Copa do Mundo e Qualidade do Futebol Brasileiro

9 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: importância da Copa do Mundo, preparativos, qualidade do futebol brasileiro

Não é preciso ser um especialista, basta ligar a televisão no Brasil ou em outros países do mundo para se notar que atual qualidade do futebol brasileiro é preocupante, quando comparada com a praticada em muitos lugares ou no passado. É preciso ter a plena consciência que o Brasil é conhecido no resto do mundo pelo seu futebol, que já teve fases brilhantes e conta com muitos jogadores e outros profissionais espalhados por países até difíceis de serem imaginados. São embaixadores do Brasil em todo o mundo. É uma marca pela qual somos reconhecidos, para o bem como para o mal.

E a Copa do Mundo na África provou que ela é um evento mundial que dá ampla visibilidade ao país que a sedia, multiplicada pela atual capacidade da comunicação universal. Os chineses a consideram equivalente às Olimpíadas, e já preparam a equipe nacional para disputá-la no Brasil.

Mesmo não desejando se aborrecer, basta abrir os jornais, revistas e outros meios de comunicação social para verificar que os preparativos da infraestrutura estão aquém do desejado. Parece que o assunto não está sendo levado a sério, como se o improviso e a urgência fossem acabar dando um jeito em tudo. Todos sabem que o que está em jogo não é somente o futebol, mas a capacidade brasileira de engenharia, de mobilização de recursos, de planejamento, de antecipação dos obstáculos. O que está em jogo é o Brasil.

maracanã

Novo projeto para o estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Licitação contestada e programa de reforma se arrasta

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As Tensões Sentidas na Ásia

25 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: foguetes japoneses, o problema das Coreias, sequestro de uma japonesa

Sempre é difícil compreender as tensões vividas pelas populações que vivem fora do teatro em que estão ocorrendo fatos que nos afetam a todos, nesta aldeia global em que convivemos. As negociações entre a Coreia do Norte e do Sul devem ocorrer nos próximos dias na Zona Desmitalizada que separa os dois países que continuam em guerra. Os exercícios militares da Coreia do Sul com os Estados Unidos provocam ameaças de fortes retaliações, inclusive atômicas, da parte do Norte.

Os noticiários japoneses, notadamente na televisão, consumiram espaços enormes relatando o que um espião do norte arrependido transmitiu sobre uma jovem de nome Yokota (não tem nenhum parentesco comigo), que foi sequestrada há décadas no Japão, e levada para o norte, para ensinar japonês aos espiões coreanos. Não é cinema nem romance, é a triste realidade.

Coreias do Sul e do Norte

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Brasileiros na Televisão Japonesa

25 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: brasileiros na TV, JLeague, pode ser um viés, publicidade

Nos poucos momentos em que tive a oportunidade de ver, em alguns relances, algo dos programas da televisão japonesa, notei o aumento de referência dos brasileiros nos noticiários, começando pelos que cobrem os jogos de futebol da chamada JLeague. O número de menções aos numerosos jogadores brasileiros sempre foi um destaque que não tem sido aproveitado devidamente pelas empresas brasileiras, mas que o são pelas japonesas. Pode se tratar de um viés, porque a nossa atenção acaba sendo chamada não só pelos nomes citados, como pelas entrevistas em português, incluindo publicidades.

Isto sempre aconteceu desde quando o futebol japonês, ou soccer como é conhecido no Japão, com a introdução do profissionalismo, teve muitos jogadores brasileiro de destaque, como o Zico e o Cerezo, entre os mais conhecidos. Hoje, Juninho, que passou um longo período contundido, tendo voltado inclusive para o Brasil, fez o único gol que deu a vitória ao seu time, tendo o seu nome ovacionado pelos torcedores, que carregavam cartazes saudando a sua volta triunfal.

O jogador Juninho, que atua no futebol japonês

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Aceleração e Desaceleração na Economia

20 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: casos nas economias asiáticas, lições na teoria, observações nas realidades

Quando ainda era estudante, uma das lições da teoria que mais me impressionava era o efeito da aceleração de uma economia. Um aumento da demanda dos consumidores por qualquer motivo, por exemplo, de dez por cento, estimulava investimentos que induziam o aumento da demanda de equipamentos bem maior, que por sua vez provocava um aumento multiplicado de produtos siderúrgicos, que demandavam um forte crescimento de minérios e assim por diante, provocando uma aceleração em toda a economia.

De outro lado, quando havia uma queda de demanda, ocorria um fenômeno de desaceleração que provocava efeitos desastrosos sobre os setores de bens de produção, ou seja, máquinas e equipamentos que transmitiam os mesmos efeitos multiplicados, sobre os produtos siderúrgicos, de forma similar.

O que pode se observar na realidade asiática são algumas economias apresentando substanciais crescimentos, tanto pela exportação quanto pela ampliação do mercado interno, enquanto outras passam por um difícil momento em que as políticas econômicas não são capazes de reduzir o processo de sua desaceleração.

Pode se observar, fisicamente, o dinamismo de algumas, enquanto outra é tomada por um pessimismo, ainda que o seu nível de renda e o capital disponível sejam bem elevados. Os elevados investimentos que foram efetuados na melhoria da infraestrutura asiática estão provocando a melhoria das regiões mais afastadas, sendo impressionante o que pode se constatar percorrendo novas áreas. Enquanto isto, locais como hotéis e restaurantes que tinham movimentos semelhantes aos das estações de metrô estão às moscas, provocando uma grande tristeza.

Toda a Ásia não tem um movimento uniforme, mas entre as disparidades que existiam, algumas deixaram de existir e outras estão sendo ampliadas, mas muitos estão procurando resultados com empenho. Há transformações dinâmicas em andamento, alterando o quadro de forma significativa, para alegria de alguns e tristeza de outros.

É preciso ser muito cínico para ficar indiferente diante desta dura realidade, por mais acadêmico que se pretenda ser.


Drama das Duas Coreias

18 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: Norte e Sul, Pan Mun Jom, tensões

Quando as tensões entre as duas Coreias, que suspenderam as hostilidades, mas não a guerra entre os dois países, continua com o ataque do Norte ao navio de guerra do Sul. E lá se preparam as negociações nos próximos dias, na Zona Desmilitarizada próxima ao Paralelo 38, que visitamos e onde se sente toda a dramaticidade existente no ar.

Não fica muito distante de Seul, que surpreende com o seu desenvolvimento recente, dando ares de uma capital de um país industrializado, contrastando com o Norte, onde até o abastecimento depende totalmente da boa vontade chinesa. Parece quase um teatro, mas é guerra de verdade, com os observadores militares colocados frente a frente, separados pelas tropas dos países garantidores do armistício.

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O Brasil Visto do Exterior

15 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: aberto para o mundo, imagem do Brasil, povo alegre que sabe trabalhar e viver, simpatia e hospitalidade

Nem sempre os brasileiros possuem uma avaliação mais adequada da imagem que possuímos no exterior. Sem nenhum ufanismo, somos conhecidos como um povo simpático, hospitaleiro, aberto para os estrangeiros, rico em recursos naturais, invejados por saber trabalhar série e viver com grande alegria.

Precisamos tirar o máximo partido desta nossa imagem, para promover o trabalho dos brasileiros, estar presentes em todos os mercados, com nossos produtos. Temos uma população miscigenada, trabalhadora, e estamos dotados da maior diversidade sob todos os aspectos. Tanto genéticos, vegetais e animais, mas principalmente humanos.

Somos invejados pelo clima que temos, pelos nossos recursos naturais, pela beleza dos nossos aspectos geográficos, mas, sobretudo pelo povo que temos, recursos humanos da melhor qualidade. Nem sempre temos plena consciência desta nossa realidade, principalmente quando notamos as limitações de outros povos.

Os problemas que temos são insignificantes perante os que os outros países enfrentam. Estamos consolidados como democracia, temos um judiciário atuante, estabilidade econômica, garantias que muitos gostariam de assegurar, nenhuma dificuldade racial, religiosa, de fronteiras, nenhuma pretensão militar. Podemos ainda aperfeiçoar a nossa política, a segurança social e pessoal, tudo que depende de nós mesmos.

Só desejamos ser considerados internacionalmente como merecemos, como um vigoroso país emergente, com opiniões independentes, respeitando todos os povos pelas suas opções. As nossas relações internacionais foram sempre importantes, e resolvemos tudo com a maior diplomacia, sem recorrer à violência.

Fazemos parte do mundo, não somos um país isolado, e acreditamos na possibilidade de conviver com outros que pensam de forma diferente da nossa.

Com tantas qualidades pelas quais somos reconhecidos, nem sempre temos a plena consciência da importância que temos. Podemos ser mais ousados, sem nenhuma arrogância, pois temos tudo para contribuir para a melhoria da qualidade de vida de toda a humanidade.

Tanto quanto mais viajamos pelo mundo, aumentamos a consciência dos privilégios dos quais fomos dotados, tanto pela natureza como pela nossa história. Vamos preservá-las e aperfeiçoá-las, com a generosidade do qual somos dotados.


Eleição na Câmara Alta Japonesa

11 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: dificuldades crescentes, eleições japonesas, perdeu o bloco governista

Se a situação já não era confortável para o novo governo japonês, que precisa implementar programas antipopulares como a corte dos subsídios, reforma tributária, reformulação da previdência social, controle da dívida interna etc., agora acabou ficando mais difícil. Os eleitores não apoiaram o bloco governista, com o surgimento de dissidências que acabam formando novos e pequenos partidos.

A política japonesa, como a sua economia e sociedade, não consegue se galvanizar diante de um programa claro, tendo opiniões variadas sobre problemas cruciais, como o acordo militar com os Estados Unidos, realocando as bases militares que ficaram dentro das cidades, incomodando populações como o de Okinawa. Na tentativa de estimular a economia, o governo propôs a redução dos impostos sobre as empresas, aumentando os impostos sobre as vendas, que afetam os consumidores.

Naoto Kan e Sadakzau Tanigaki

Premiê Naoto Kan, do  Partido Democrático Japonês, e Sadakazu Tanigaki, do Partido Democrático Liberal, fortalecido na eleição da Câmara Alta

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Estrutura Industrial e Importação da China

8 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: competitividade, importação de equipamentos sofisticados da China, indústria nacional

A Folha de S.Paulo, na edição de hoje do seu caderno Mercado, apresenta uma série de artigos da maior importância. Trata-se da desindustrialização que está ocorrendo no Brasil, que tinha uma das estruturas industriais mais sofisticadas considerando o seu nível de renda per capita, e que passou a importar toda a sorte de equipamentos, dos mais simples até os mais sofisticados. Está perdendo a sua competitividade, o que é muito grave para um país que pretende se desenvolver de forma sustentável.

Os empresários brasileiros reclamam do câmbio, da taxa de juros, dos impostos, da insuficiência de infraestrutura, da burocracia, do complexo sistema trabalhista e demais condições que elevaram o que se convencionou chamar de “custo Brasil”, e a economia brasileira que chegou até a exportar equipamentos passou a importá-los, inclusive da China. E como mostra um dos artigos, até equipamentos de ponta. Mas muitas indústrias continuam resistindo.

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Marcelo Cruanes, da Kone: dois terços do faturamento são obtidos com a importação e a venda das máquinas chinesas. Foto: Mastrangelo Reino/Folhapress

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Lições de um Projeto Fracassado de Futebol

3 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: escolha do Dunga, lições dos erros cometidos, opiniões diferentes | 2 Comentários »

jabulani_dinheiroQuem pensar que futebol é um simples esporte, infelizmente pode estar enganado. É um negócio muito rentável para alguns que aproveitam as paixões que despertam multidões em todo o mundo. E como tal, exigem estratégias e táticas para se obter sucesso, o que vem sendo ensinado pelos especialistas deste a antiguidade, em muitas atividades. Possui uma grande importância política, podendo ajudar a galvanizar uma nação. É preciso usar o carisma como vem fazendo o Maradona, que ouve de quem entende, com humildade. E não brigar com a imprensa, que transmite as suas impressões para uma nação.

Muitos acham que a desclassificação de importantes equipes, inclusive a brasileira, era previsível. Alguém indicou um inexperiente técnico como o Dunga, que nunca tinha dirigido qualquer equipe profissional, mas atendia obedientemente interesses obscuros. Seu comportamento como jogador era de uma truculência que foi transmitida para jogadores mais jovens. Como ele afirmava, era a “sua seleção”, não a do Brasil. No esporte, o vigor físico cai com a idade, infelizmente, e os mais idosos como a Itália e o Brasil estão fora, enquanto as seleções renovadas como a alemã e a holandesa continuam na disputa. Não basta o “patriotismo barato” do qual Dunga afirma que a sua equipe estava dotada, revelando uma ignorância que não conseguiu nem superar com seu período na Europa.

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