Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Como os Japoneses Encaram a Atual Crise

17 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , , ,

Observando o noticiário dos jornais japoneses, pode se notar as diferenças de comportamento dos consumidores de diferentes níveis de renda. Enquanto a média da população empenha-se na redução dos seus consumos, numa atitude cautelosa, os que se encontram em melhores situações econômicas efetuam dispêndios surpreendentes, ou inversões acima do padrão normal, depois de um longo período em que se mantiveram conservadores.

Assim, informa-se que estão sendo vendidos apartamentos que superam o valor de US$ um milhão nos melhores lançamentos imobiliários de Tóquio, chegando a se constituírem alternativas para aqueles que possuem confortáveis residências em regiões um pouco mais afastadas do centro. Neste mês de agosto, aproveitando alguns feriados e o verão, as viagens para o exterior dos japoneses crescem com relação ao mesmo período do ano passado, segundo o jornal Nikkei. As empresas japonesas aumentam seus investimentos no exterior, aproveitando o yen fortalecido, procurando localidades onde o custo da mão-de-obra não é tão elevado, ainda que isto sacrifique o emprego no próprio Japão.

É verdade que a construção civil no Japão vem sendo, como em muitas economias, utilizada para ativar a economia, considerando que estes ativos apresentam riscos baixos, mesmo que fiquem subutilizados por um período. Os japoneses, como muitos outros povos, consideram os imóveis como bens de raiz, esperando que sirvam de reservas que proporcionem retornos nos tempos em que a economia esteja mais ativa. Onde o espaço é limitado, como naquele arquipélago, esperam que os seus custos atuais estejam baixos, podendo se recuperar no futuro. Há que se considerar, também que os ativos financeiros proporcionam retornos negativos.

Com tudo em economia é relativo, ainda que os custos japoneses continuem altos, os chineses que melhoram sensivelmente suas rendas e patrimônios viajam para o Japão e atividades voltadas ao atendimento de suas necessidades acabam sendo estimuladas.

Em outras economias, até nas emergentes, a queda do nível de renda e os riscos de desemprego acabam afetando mais fortemente os consumidores, que tendem a reduzir todas as formas de imobilizações, mantendo reservas de alta liquidez, que sempre asseguram um mínimo de retornos.

Como a distribuição da riqueza e da renda é desigual em qualquer economia, nos países como os Estados Unidos e da Europa, observa-se que mesmo os em melhores condições procuram adotar um comportamento mais conservador, evitando serem vistos como esbanjadores. Isto está dificultando a recuperação de suas economias, pois na média a população procura consumos de custos mais baixos, como os de produtos importados dos países emergentes, notadamente da China.

Todas estas diferenças fazem com que os comportamentos de setores da economia apresentem desigualdades, havendo sempre oportunidades para bons investimentos, enquanto outros passam por longos períodos de relativa estagnação, exigindo uma elevada flexibilidade das empresas, que procuram se adaptar às condições dos diversos mercados.

Muitos analistas acabam interpretando que a economia mundial está dando sinais contraditórios de tendências, dependendo do prisma do qual a observam. Que isto aumenta os riscos e as flutuações, não há dúvidas, exigindo maiores cuidados nas decisões a serem tomadas.



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