Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mrs. Watanabe ou a Velhinha de Taubaté

2 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , ,

Mrs. Watanabe As autoridades japonesas tentam estabelecer um limite máximo de 50 vezes sobre os ativos financeiros dos pequenos investidores japoneses que ficaram conhecidas mundialmente como Mrs. Watanabe. O fato concreto é que os juros pagos internamente no Japão são irrisórios, próximos a 0,5% ao ano, enquanto aplicações no exterior, como na Austrália ou mesmo no Brasil, aparentam serem atrativas, pois rendem cerca de 10 vezes mais. No entanto, neste comportamento de manada não estão os riscos cambiais que podem proporcionar grandes prejuízos para os que não são profissionais.

As análises feitas no Japão mostram que estes montantes, que individualmente são pequenos, representam uma quantia elevada no total, fazendo com que as autoridades não tenham que comprar divisas externas que ingressam no país, para manter um câmbio já extremamente valorizado. Há pessimistas que chegam a admitir que sem estes pequenos investimentos no exterior pudesse haver uma flutuação que chegue a 20 ou 30% da atual cotação cambial.

Uma pesquisa mostrou que a maioria destas aplicações é feita a partir das 21h, depois da volta das mulheres para casa, que normalmente são as que administram as finanças da família. O horário já encontra o mercado japonês fechado, mas é quando as operações na Europa e nos Estados Unidos estão começando.

Este tipo de comportamento é quase universal. No Brasil, tornou-se conhecida a figura da “velhinha de Taubaté”, que fazia comentários até sobre economia, com grande bom senso, criado pelo inesquecível Stanislau Ponte Preta, pseudônimo de um famoso e astuto jornalista, dotado de grande sensibilidade.

Existe, também, no anedotário popular, o caso de um banqueiro que, ao engraxar o seu sapato, foi questionado pelo engraxate sobre o comportamento do mercado, quando ele decidiu zerar suas aplicações na bolsa. Notou que assuntos que deveriam ser especializados tinham chegado às camadas mais simples da população, o que elevava o risco de qualquer operação.

Estes comportamentos de psicologia social que ficaram conhecidos como os de manadas apresentam elevados riscos, pois há uma tendência de todos acompanharem o que está em moda, sem que análises mais profundas sejam feitas. Até operadores que deveriam ser profissionais acabam se encantando com processos de alta, pensando sempre que podem sair antes das quedas. A recente crise de credibilidade mundial ocorreu, em parte, com a irresponsabilidade daqueles que deveriam minimizar os riscos.

Lamentavelmente, uma parcela do setor financeiro consegue lucros expressivos com estas flutuações, e evitam medidas das autoridades que desejam uma regulamentação mais rigorosa, com alavancagens controladas ou tributações sobre os fluxos financeiros que continuam exagerados.



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