Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Notícias Sobre Interesses Chineses na Soja Brasileira

2 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Com as dificuldades por que passam muitos importantes órgãos de comunicação no mundo, muitas das notícias tornam-se mais superficiais, não permitindo a exata compreensão dos problemas envolvidos. Os meios eletrônicos são extremamente rápidos e todos os consumidores de informações acabam se contentando com trechos curtos que nem sempre são capazes de transmitir as questões mais complexas, mas influem nos veículos que poderiam efetuar coberturas mais detalhadas. Os leitores parecem se contentar com meros títulos. Muitos veículos estão registrando o crescente interesse dos chineses por fontes de fornecimento de produtos do exterior, cujos consumos estão se elevando na China.

Informa-se que a prioridade chinesa, um dos países que procura assegurar um suprimento estável de energia, de matérias-primas e alimentos de toda a natureza, volta-se com elevado interesse pelo Brasil. Ninguém pode duvidar desta intenção, que deve se explicitar mais profundamente por ocasião da visita da presidente Dilma Rousseff àquele país, aproveitando a reunião do grupo BRICs. No entanto, nem todos os dados são fornecidos acuradamente, para permitir a sua devida compreensão.

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Empresários chyineses demonstram interesse em investir no porto público do Complexo Logístico Intermodal Porto Sul

Como os chineses são também grandes produtores internacionais destes produtos que necessitam, efetuam suas compras externas para cobrir complementarmente as suas necessidades. Eles perturbam estes mercados internacionais, porque suas demandas são concentradas e volumosas, pois utilizam suas gigantescas estatais. Quando enfrentam uma seca, por exemplo, entram no mercado de soja efetuando imensas compras, elevando suas cotações. Mas quando colhem boas safras tendem a colocar sua produção no mercado internacional, baixando seus preços.

O comércio mundial das chamadas commodities, para funcionar adequadamente, necessita de produtores e compradores de todo o mundo e pulverizados, que nem sempre é o caso dos chineses. Existem operadores tradicionais nestes mercados que atuam por séculos, mantendo uma estrutura sofisticada e poderosa, que não consegue ser facilmente superada. Os japoneses, por exemplo, também são grandes consumidores destes produtos, mas não conseguem transformar suas grandes e sofisticadas tradings companies em importantes operadoras de muitos produtos, mesmo tendo ajudado o Brasil a incrementar a sua produção de soja e minérios, e continuam dependendo das compras efetuadas das tradicionais empresas multinacionais que operam com muitos países do mundo.

Está se procurando aperfeiçoar a legislação de produtores estrangeiros, por exemplo, de soja no Brasil com suas empresas que teriam a propriedade de terras. Isto acontece com todos os produtos agropecuários e sempre existiram restrições legais, dependendo das autoridades brasileiras, federais e municipais, que poderiam ser mais ágeis. O recente novo surto de interesse internacional leva a necessidade de maior controle, para que não ajam por meio de artifícios.

Estas explorações agrícolas não são adequadas para grandes organizações que dependem de um sistema mais complexo de decisões, pois as mudanças que ocorrem nestas atividades exigem opções imediatas. As grandes empresas multinacionais que operavam no setor acabaram por encerrar estas atividades, concentrando-se na comercialização, nacional e internacional, além de sua atuação em agroindústrias, operando com complexos sistemas logísticos.

Portanto, o assunto é de grande complexidade, e podem se estabelecer acordos convenientes a ambas às partes, de prazo longo, mas comerciais. Não se pode brincar com a soberania nacional sobre o seu território.



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