Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Imperador do Japão é Símbolo que Aglutina nas Horas Incertas

14 de junho de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: , , , ,

Falando de Cingapura, o ministro da Defesa do Japão, Toshimi Kitazawa, alertou líderes da situação (Partido Democrático do Japão) a se unirem e esforçarem na compilação urgente de conciso plano de reconstrução para que o partido possa sobreviver à eventual saída do atual premiê, Naoto Kan (Kitazawa calls for party unity, NHK-World).

Eleitores e, principalmente, as vítimas do desastre no Leste japonês sentem-se revoltados com os parlamentares japoneses que colocam contendas políticas infindáveis à frente dos graves problemas que o país enfrenta. Entrevistados pela NHK nas ruas de Tóquio ou nos centros de desabrigados, cidadãos comuns sentem-se ultrajados com a conduta dos políticos. “Parecem crianças de jardim da infância em briguinhas insensatas”, “O comportamento deles é uma ofensa à população”: em toda parte se ouvem resmungos e queixas de gente frustrada. A desintegração e a falta de unidade e determinação dentro do partido do governo e da oposição têm levado a frequentes trocas de ministros, e aprofundam o sentimento de desconfiança no meio da população. Além das ansiedades e incertezas da vida cotidiana marcada por racionamentos, iminências de sismos, ameaça de vazamento radioativo etc., a ausência de uma forte liderança política cria conflitos insuportáveis no íntimo de cada pessoa (Japan gropes por leadership / O Japão tateia por liderança, Kazuo Ogura, presidente da Fundação Japão, no The Japan Times, 14/junho/2011).

Num momento em que 90mil vítimas do tsunami ainda enfrentam dificuldades nos abrigos, não é hora para desperdiçar tempos preciosos em rixinhas políticas, diz também editorial no Nikkei (No Time to Waste on Political Feuding): espera-se que os partidos da oposição e da situação cheguem rapidamente a uma ordem e resolvam os problemas do país com a urgência que eles merecem.

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No meio dessa onda de incertezas, a figura do casal imperial levando consolo e conforto às pessoas e cidades atingidas pelo tsunami pairou forte no coração de todos os japoneses. Embora alguns ainda questionem a ascendência que se dá ao Imperador na Constituição Japonesa, como símbolo da unidade nacional, a família imperial japonesa se conduz de maneira sóbria e reservada, e sem dúvida goza de profundo respeito e veneração entre a maioria da população. A atitude do casal imperial ajoelhando-se no chão dos abrigos para conversar, olhos nos olhos, com crianças e idosos desabrigados, trouxe um sentimento tranquilizador à nação. Uma certeza de que tinham um apoio com quem contar, um vínculo que se estendia e os unia uns aos outros. Como diz Masahiko Ishizuka, editorialista do Nikkei (Emperor a symbol of stability in darkest days / O Imperador, símbolo de estabilidade nas horas sombrias): “Na ausência de liderança política forte que unifique e inspire o país nesta conjuntura crítica, um Japão sem o imperador é inimaginável”.

Deposto pela Revolução Egípcia em 1952, o então Rei Farouk I, a caminho do exílio, dizia: “O mundo inteiro está revolto. Breve só restarão cinco reis: o rei da Inglaterra e os quatro reis do baralho”. O Rei discernia sabiamente. Hoje certamente ele diria, “… cinco rainhas e um imperador”.



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