Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Indicadores Antecedentes na Economia

2 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: , ,

O jornal Valor Econômico destaca hoje que a economia mundial está se desacelerando deste o final do ano passado, de forma mais rápida do que esperado, com base nos dados chamados PMI –Índice de Gerente de Compras (Purchasing Manager’s Indices) levantados em conjunto pela JP Morgan/Markit, que certamente contém muitos indicadores antecedentes de todo o mundo. Isto mostra que o governo brasileiro e o Banco Central estavam corretos ao adotarem uma postura mais conservadora, defendida por este site, do que a pretendida por um grande número de economistas brasileiros ligados ao sistema financeiro. Aumentar mais os juros básicos aprofundariam, sem necessidade, tendências recessivas da economia quando a inflação já teria passado pelo ponto de pico, apresentando alguns preços já em desaceleração.

Segundo o artigo, isto já estaria ocorrendo nos Estados Unidos, na Zona do Euro e na China, encontrando-se o PMI do mês de maio último abaixo do mesmo período do ano passado, depois de ter subido durante 2010. Mesmo que os mercados financeiros mundiais tenham apresentado um quadro otimista dois dias atrás, o de Nova Iorque já acusou um decréscimo de 2,28% ontem, e o barril de petróleo está com a perspectiva de baixar para US$ 90 até o final do ano, quando ainda estava acima de US$ 100 no último dia primeiro.

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Já postamos neste site que os economistas não devem trabalhar com as vistas no espelho retrovisor, pois não são historiadores. É preciso que tenham uma indicação mais segura do que pode acontecer no futuro, pois a tomada de qualquer decisão sempre exigirá algum tempo para que seus efeitos sejam sentidos, tanto quando se tratar de autoridades governamentais como administradores privados.

Alguns utilizam indicadores antecedentes, como a produção de papel ondulado, que reflete as embalagens que vão ser utilizadas pelas indústrias nos próximos meses para entrega dos seus produtos. De forma semelhante, a produção de fertilizantes e defensivos agrícolas apresentam uma boa correlação com as intenções de plantio dos agricultores.

As carteiras de encomendas das indústrias de máquinas e equipamentos apresentam fortes indicações das disposições das empresas efetuarem investimentos, tanto para reposição dos que estão em uso como ampliações da capacidade produtiva.

A venda de materiais utilizados pela indústria de construção civil dá uma boa indicação do volume de obras que estão sendo executadas. Mas existem dados que necessitam contar com detalhes, pois a demanda de cimentos, por exemplo, pode estar relacionada com as obras públicas ou até melhoria do padrão da população da periferia com a construção dos chamados “puxadinhos”.

As compras das redes de varejo também refletem as perspectivas de vendas, que podem ser diferenciadas pelos diversos setores, como vestuários, alimentações, eletrodomésticos, além de exigirem diferenciações pelas suas localizações. A melhoria da distribuição de renda, com a elevação do padrão de vida das classes mais modestas, resulta na ampliação das vendas dos estabelecimentos localizados na periferia das grandes metrópoles.

Uma boa safra agrícola, com rendas adicionais para os produtores rurais, acelera as vendas de veículos, tratores e eletrodomésticos nas regiões produtoras, impulsionando as vendas das indústrias, bem como ampliação das importações.

Os estabelecimentos bancários, contando com muitas empresas clientes, costumam efetuar suas pesquisas diante da demanda de créditos que recebem. Para se programarem adequadamente, efetuam levantamentos adicionais, procurando detectar antecipadamente as tendências de toda a economia, mas costumam manter estas informações confidenciais.

Havendo disposição das instituições de pesquisas, com os atuais recursos eletrônicos disponíveis, os dados poderiam ser obtidos antecipadamente, ou, no mínimo, com menores defasagens do que continua ocorrendo na economia brasileira. Isto elevaria a eficiência tanto da política econômica como das empresas, que estariam menos sujeitas às surpresas em que são apanhadas.



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