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O Porto de Itaqui Para a Exportação de Cereais

29 de janeiro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Um corredor privilegiado chega ao porto de Itaqui, construído para a exportação dos minérios de Carajás, contando com uma ferrovia de primeira classe, e agora servindo também para a exportação de cereais da região.

Porto de Itaqui, no Maranhão, construído para a exportação de minérios de Carajás, agora exporta também cereais produzidos na região

Conversando com José Sarney quando ele era presidente da República, comentei que Itaqui poderia se tornar um porto importante de um grande corredor de exportação, além do escoamento do minério de Carajás. Conhecedor profundo do povo do Maranhão, afirmou-me que isto só ocorreria se nós providenciássemos uma migração de Centro-Sul para aquela região, sabendo que a população maranhense contava com uma região privilegiada em águas, com alimentação abundante fornecida pelos babaçus e pela caça dos patos que migravam do Canadá.

O porto do Itaqui é privilegiado por contar com uma profundidade natural de 21 metros sem dragagem, numa região onde a maré é ampla, permitindo a entrada dos supernavios durante a maré alta para serem carregados durante a maré baixa, para sair na próxima maré alta. Isto facilitava o embarque do minério que vinha de Carajás por uma das melhores ferrovias do mundo, onde uma composição de mais de 100 vagões, intercalados por locomotivas, chegavam vagarosamente para depositá-los no seu pátio, carregando os tanques dos navios com poderosas esteiras. A dimensão da operação tornava competitiva a chegada do minério brasileiro ao outro lado do mundo, inicialmente no Japão e posteriormente em outros países, onde hoje a China se tornou a mais importante.

Era um corredor privilegiado, e bastava produzir cereais na região para competir com os melhores portos brasileiros, como Rio Grande, Paranaguá, Santos, Rio de Janeiro, Vitória e Tubarão. Hoje, as áreas que eram consideradas desfavoráveis da região estão ocupadas por gigantescos tapetes de soja e milho, os principais cereais que chegam do Pará, Maranhão, Piauí, Tocantins e até do oeste baiano, com o uso extensivo de gigantescos tratores de grandes dimensões. O terreno relativamente plano desta região favorece a produção agrícola mecanizada que com o tempo deve evoluir para produtos agropecuários industrializados, para agregar valor em vez da exportação de simples matérias-primas. Também, num futuro mais distante, em vez da exportação de minérios espera-se que sejam produtos siderúrgicos com a incorporação de tecnologias avançadas, que possam competir com as produções asiáticas.

O Brasil conta com condições favoráveis com a ocorrência de minérios e áreas propícias para produções agropecuárias, podendo passar a industrializá-los para a exportação. Conta também com uma infraestrutura que foi construída com as receitas proporcionadas pelas exportações ao longo do tempo, para uma logística privilegiada que envolva não somente a exportação, como também a importação dos produtos que forem necessários para a economia brasileira. O que parece não ter obrigado o Brasil a ter maior cuidado com as relações externas foram estes excessos de facilidades. Mas agora o mundo está mais competitivo e os brasileiros terão que trabalhar duro para competir com países que estão estabelecendo acordos comerciais privilegiados, de forma bilateral ou multirregional. Este novos desafios terão que ser superados se o Brasil pretender ser um país independente e desenvolvido.

O Brasil só não pode deitar sobre o ouro esplêndido. É preciso trabalhar muito para o aproveitamento das condições com que conta, como foi feito em Carajás com Itaqui, agora para agregar maior valor adicionado com o trabalho dos brasileiros.



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