Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Onde Vivem os Marajás do Brasil?

7 de dezembro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Fica-se com a amarga impressão que os marajás brasileiros do serviço público que abundam em Brasília não leem sequer os jornais, pois se sentiriam no mínimo fortemente constrangidos quando, além do aumento absurdo que fixaram para si próprios, reivindicam a manutenção dos seus auxílios-moradia em torno de R$ 5 mil mensais. Saber que os pobres absolutos do Brasil que sobrevivem ganhando R$ 140 por mês aumentaram para 15,2 milhões de pessoas no ano passado, e os pobres que ganham R$ 406 por mês subiram para 54,8 milhões, segundo os dados divulgados pelo IBGE com os do ano passado, fazem as pessoas normais se sentir mal.

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Moradores das palafitas do Brasil, onde as crianças precisam conviver com os esgotos, sem tratamento de saúde ou educação decente

Além do aumento do desemprego, também os que vivem precariamente com serviços pontuais de maneira informal para sobreviver estão aumentando, pois a despesa de custeio do governo com seus funcionários continua se elevando (incluindo os honorários dos marajás), não havendo recursos para a educação, moradia, proteção social, saneamento básico e internet, segundo nota distribuída pelo IBGE.

Eles, os marajás, alegam que são correções monetárias do que perderam com a inflação. Seria interessante que todos os brasileiros que tiveram as reduções dos seus salários reais também tivessem este privilégio. A dura realidade é que somente uma parcela mínima deles aumentou suas remunerações, pois até os que tinham reservas de aluguéis de imóveis estão hoje com eles vazios, não havendo ninguém para alugá-los ou comprá-los, mesmo com a redução dos seus preços. A crise atingiu a todos, mas fortemente os menos privilegiados, sendo que parte substancial desta situação foi provocada pelos marajás, que alegam que suas atividades são prioritárias e precisam ser ampliadas com mais funcionários, o que só agravará a situação presente.

Os aposentados estão sentindo fortemente a redução do seu padrão de vida, salvo os do serviço público. Muitos modestos policiais que são obrigados a viver nas favelas evitam sair de suas casas fardados. As professoras nas escolas da periferia estão sofrendo agressões físicas dos alunos. Os moradores de rua estão aumentando. A assistência médica está exigindo longas filas por muitos meses e os doentes acabam falecendo antes de serem precariamente atendidos. Seria interessante que os marajás fossem obrigados a trabalhar nas favelas e palafitas para conhecerem o verdadeiro Brasil.

Se existe um milagre neste país é como vivem os desempregados que continuam muitos meses percorrendo lugares onde existe a mínima possibilidade de uma colocação modesta, mesmo com salários bem abaixo do que antes recebiam. A balela que parte dos funcionários públicos fez concursos no passado longínquo continua sendo usada. Muitos cargos dos privilegiados são os chamados DAS, que são de confiança dos políticos que atenderam seus cabos eleitorais, sem concurso nenhum, e muitos sequer comparecem para cumprir suas obrigações, pois não existe espaço para tanto nas repartições públicas.

As eleições deram o seu recado. Os eleitores não estão satisfeitos com esta situação e desejam mudanças até radicais. Se isto não for feito, ninguém sabe como estas tensões que estão no ar serão dissipadas, pois muitos tendem a copiar movimentos como os que estão acontecendo na França. Está na hora de acordar e tentar algo com sacrifícios, antes que tenhamos manifestações descontroladas, visando no mínimo à sobrevivência dos mais pobres.

O Brasil tem todas as condições para melhorar: recursos naturais abundantes, uma população disposta a trabalhos duros, mercados para as produções no próprio país ou no exterior, capacidade para continuar aumentando a produção de alimentos para os brasileiros e o resto do mundo. Precisamos somente de condições para trabalhar que os marajás não estão criando, com um mínimo de sacrifícios. Precisamos competir com chineses e hindus, que são muitos e pobres também, mas estão crescendo como o Brasil já fez no passado e precisamos voltar a fazê-lo, com um mínimo de racionalidade, preservando o meio ambiente para manter a nossa saúde e o futuro de nossos descendentes.



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