Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Ruídos nas Discussões Monetárias, Cambiais e Sobre Fluxos

12 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: críticas de parte a parte, inconsistência teóricas, políticas nacionais e interesses mundiais | 2 Comentários »

As discussões estão se tornando generalizadas. Quando o cobertor é curto, todos ficam insatisfeitos e ninguém tem razão. O Brasil vem criticando a China, como os Estados Unidos, pois o yuan chinês está sendo considerado demasiadamente desvalorizado, fazendo com que seus produtos cheguem baratos nos mercados internacionais, aumentando o emprego para os chineses e reduzindo nos outros países. Com a atual política monetária norte-americana está havendo uma desvalorização do dólar com o mesmo objetivo, acabando por prejudicar países como o Brasil no comércio, como aumentando o influxo de recursos externos. O Brasil expressou este desconforto aos norte-americanos da mesma forma que critica os chineses.

O prêmio Nobel de Economia Paul Krugman, que escreve regularmente para o The New York Times, cujos artigos acabam sendo reproduzidos em diversos jornais mundo afora, informa no seu site que a crítica brasileira não teria procedência, pois há uma inconsistência na política de Guido Mantega, que pretende uma taxa de câmbio fixa, uma política monetária independente e um livre fluxo de capitais. Que os Estados Unidos devem pensar no seu emprego e para tanto deve formular a sua política monetária e facilitar o crédito, mesmo desvalorizando a sua moeda internacionalmente.

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Paul Krugman e Guido Mantega

O que acaba acontecendo é que o dólar, que era a moeda mais importante de conta e transações no mundo, acaba sendo parcialmente substituída por outras, de forma crescente. E a sua crítica aos chineses acaba ficando sem retaguarda, ao mesmo tempo em que países como o Brasil ficam contrariados com a sua política que os prejudica.

Ninguém deve duvidar que cada pais fixa sua política econômica visando os seus interesses como deseja Paul Krugman, e o Brasil deve formular a sua de forma consistente para fazer frente à situação. No entanto, todos nós estamos num mundo globalizado, que deve procurar um razoável equilíbrio, permitindo a convivência de variados interesses dos diversos países. Se os brasileiros se sentem incomodados pela política norte-americana, que dificulta a execução de uma política como lhe seria mais conveniente, deve ter o direito de expressar seu ponto de vista, apontando existência de uma “guerra cambial”, com a participação ativa norte-americana.

Se acabarmos aceitando que os mais poderosos possam executar livremente a política de sua conveniência, massacrando todos os mais fracos, parece que estaremos regredindo na evolução da história universal, principalmente desde o final da Segunda Guerra Mundial.

Nada mais natural que nos encontros bilaterais, como os que foram efetuados há alguns meses entre brasileiros e norte-americanos, ou os desta semana entre norte-americanos e chineses, estes assuntos desconfortáveis de divergências de interesses sejam colocados francamente, sem que sejam considerados indevidos. Sempre as negociações podem determinar alguns limites, pois todos os países defendem mais objetivos do que os simplificados pelos economistas em termos de câmbio, comércio e fluxos financeiros.

Os países emergentes possuem mais problemas com a promoção das rendas pessoais dos seus mais desfavorecidos, eliminando a pobreza absoluta. O direito a uma vida digna passa a ser um dos direitos humanos, não podendo ser privilégio dos desenvolvidos.


2 Comentários para “Ruídos nas Discussões Monetárias, Cambiais e Sobre Fluxos”

  1. Mario
    1  escreveu às 09:29 em 13 de maio de 2011:

    A economia é a ciência do possível, não do desejável .
    Cabe ao Brasil fazer a sua lição de casa, antes de cobrarem os outros.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:50 em 13 de maio de 2011:

    Caro Mário,

    Obrigado pelo comentário. O que estamos descobrindo agora é que a Economia tem muito pouco de ciência, exigindo mais ARTE, principalmente quando se trata de implementar recomendações baseadas nas chamadas teorias econômicas que ficaram divorciadas da realidade. No passado chamava se Economia Política e considerações mais baseadas num conhecimento mais humanístico eram utilizadas, tanto para os países como nas empresas e organizações governamentais. Depois da Segunda Guerra, a economia ficou distorcida por uma excessiva departamentalização do conhecimento, por influência dos norte-americanos, esquecendo o que aprendemos na Europa.
    Não há dúvidas que todos os países devem fazer a sua lição de casa, para se cobrar também dos outros na economia globalizada. Isto vale também para os Estados Unidos.

    Paulo Yokota