Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Elevado Crescimento Econômico com Inovações

17 de junho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: histórico, inovações, ponto de vista de um economista chinês, reformas estruturais | 4 Comentários »

Justin Yifu Lin é atualmente economista-chefe e vice-presidente sênior para desenvolvimento econômico do Banco Mundial, tendo uma carreira acadêmica incluindo o de fundador do Centro Chinês de Pesquisa Econômica na Universidade de Peking, tendo sido também professor de Ciência e Tecnologia na Universidade de Hong Kong. Conta, portanto, com credencial para escrever o artigo divulgado pelo Project Syndicate sobre o desenvolvimento acelerado das economias emergentes como a China, a Índia e o Brasil.

Fazendo considerações históricas, ele relata didaticamente sobre a possibilidade de manter um elevado ritmo de crescimento absorvendo inovações nas economias menos avançadas provenientes das experiências de outros já desenvolvidos. Ele ensina que até a Revolução Industrial não havia grandes diferenças nos níveis de desenvolvimento entre os países. Estas diferenças apareceram depois, e a partir dela houve uma concentração a tal ponto que em 2000 o Grupo dos Sete contava com dois terços do PIB mundial. Mesmo com o crescimento asiático mais recente, poucos foram os países que conseguiram passar de baixa renda para elevada. Entre 1950 e 2008, segundo o autor, somente 28 economias no mundo e 12 economias asiáticas foram capazes de reduzir a diferença de sua renda per capita com os Estados Unidos em dez por cento. 150 países se mantiveram com baixa ou média renda. Reduzir estas diferenças, segundo Justin Yifu Lin é o atual desafio.

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Justin Yifu Lin

Depois da Segunda Guerra Mundial, segundo o autor, a orientação era estruturalista e se recomendava a substituição de importações, tendo havido repetidas crises e estagnações. Prevaleceu depois um liberalismo como o expresso no Consenso de Washington que também resultou em algumas décadas perdidas. Depois, focalizaram-se programas de educação e saúde, mas as prestações de serviços continuam decepcionantes, segundo ele. Os asiáticos focaram no aumento das exportações, conseguindo um crescimento dinâmico. Alguns conseguiram grandes avanços nos indicadores de desenvolvimento humano.

Hoje, segundo o autor, procura-se novamente, como ensinado por Adam Smith, identificar as causas do crescimento, que estariam nas mudanças estruturais do desenvolvimento econômico. Ele escreveu um livro sobre o assunto, recomendando o aproveitamento das vantagens comparativas dos países, efetuando reformas para melhoria da educação e da saúde. Os incentivos para as indústrias devem ser no sentido destas mudanças estruturais visando o aproveitamento das vantagens comparativas.

Segundo ele, o que seria recomendável é que infraestrutura e os financiamentos deveriam visar estas reformas estruturais, que são de inovações, aproveitando o que já foi feito nos países mais avançados. Ele entende que, com base em experiências de países bem sucedidos, existem potencialidades para crescimentos anuais de 8% ou mais, sendo que a chave para tanto seria ter um quadro político para facilitar o alinhamento do setor privado com as vantagens comparativas.

Pode-se comentar que estas taxas de crescimento parecem ser possíveis quando as diferenças são acentuadas, e o país se encontra no início do processo de desenvolvimento. Quando se vai aproximando do nível de bem-estar dos países atualmente industrializados, estes processos se tornam mais difíceis, havendo necessidade de intensos trabalhos de pesquisas para manter o processo de aumento das inovações.

Cada caso é um caso diferente, e tudo indica que, quando se registra uma crise mundial, as utilizações das exportações se tornam mais difíceis, havendo necessidade de expansão do mercado interno, como tem acontecido com muitos países emergentes, como a China e a Índia. No caso brasileiro, parece que já se conquistou a consolidação do regime democrático e houve uma ampliação do mercado interno, com a redução das disparidades regionais e pessoais de distribuição de renda. Mas não há dúvidas que as exportações continuam estratégicas, até para financiar as importações necessárias, bem como permite constatar as tais vantagens comparativas.


4 Comentários para “Elevado Crescimento Econômico com Inovações”

  1. Carlos Silva
    1  escreveu às 13:20 em 18 de junho de 2012:

    Dr. Yokota:

    Sei que este não é o espaço, mas gostaria de perguntá-lo se a frase abaixo é verdadeira ou falsa:

    “No Japão, o único profissional que não precisa se curvar diante do imperador é o professor, pois segundo os japoneses, numa terra que não há professores não pode haver imperadores”.

    Nas redes sociais, há muitas pessoas espalhando o texto acima. Desculpe-me por usar o seu blog para tirar esta dúvida.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 18:56 em 18 de junho de 2012:

    Caro Carlos Silva,

    No Japão o protocolo relacionado ao Imperador vem se alterando, pois o atual é bastante aberto. Já estive com ele muitas vezes, inclusive conversando com todo o respeito. Mas, não há nenhuma necessidade de curvar-se, mais que o usual com todos. Em cerimônias onde ele deveria se retirar depois das falas, ele tem até permanecido nos cocktails conversando com os convidados, sem nenhum protocolo mais exigente. Havia, no passado, mais consideração com os professores, mas hoje existe maior diálogo com os alunos, mas com respeito como entre pessoas educadas.

    Paulo Yokota

  3. Carlos Silva
    3  escreveu às 19:20 em 18 de junho de 2012:

    Doutor Paulo Yokota:

    Desculpe-me pela importunação, mas resolvi consultá-lo após a leitura do texto abaixo, que me foi encaminhado por um colega. Sei que o senhor é, provavelmente, um dos maiores peritos em Japão do nosso país. Grato.

    http://ramanavimana.blogspot.com.br/2012/01/professores-japoneses-que-nao-se-curvam.html

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 09:45 em 19 de junho de 2012:

    Caro Carlos Silva,

    Já respondí a um comentário seu. Mas, o problema hoje é de simples educação. Como em muitos países democráticos existem alguns professores que não concordam com as recomendações das autoridades educacionais, e até se negam a ensinar o Hino Nacional do Japão para seus alunos.

    Paulo Yokota