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Debates Sobre a Política Econômica Brasileira

21 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , ,

Mesmo tentando ser o mais imparcial possível, todos nós acabamos viesados pelo convívio de muitos anos com pessoas que pensam de forma semelhante e que tenham contribuído para a nossa formação. É o caso do artigo do professor Antonio Delfim Netto, publicado no Valor Econômico de hoje, como parte de uma série de depoimentos de outros conhecidos economistas brasileiros. A sua reconhecida profundidade acadêmica e a longa experiência pragmática do exercício da política econômica brasileira permite uma percepção lúcida dos principais problemas existentes e as soluções possíveis.

Ele começa apontando que na histórica econômica já havia uma advertência sobre os riscos como os de 2008, quando a teoria macroeconômica separou-se da economia financeira, tendo sido superado de forma razoável pelo Brasil. E resume as atuais dúvidas em duas questões fundamentais: a) a natureza do processo inflacionário que está atingindo o Brasil e a maioria dos países do mundo e b) as consequências da atual taxa de câmbio que está colocando em risco o setor produtivo brasileiro. Todos os interessados nestes assuntos precisam analisar direta e profundamente o seu artigo publicado no Valor Econômico, pois vamos tentar somente um resumo didático para os leigos.

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Ele explica que todas as inflações decorrem de um desequilíbrio permanente da oferta e da procura, de um aumento da expectativa inflacionária da população criada pelas informações publicadas e uma queda da oferta que ocorre dentro de um país ou proveniente do exterior. Indica que ainda no Brasil há que se acrescentar a indexação ainda existente, numa explicação resumida.

O artigo expõe que no Brasil, apesar de se adotar uma política de taxa flexível de câmbio, ela funciona praticamente como fixa, influenciada pelo forte influxo de capitais com o aumento das disponibilidades externas de recursos, e a ação do Banco Central como um mecanismo de defesa, temendo uma ação que possa prejudicar as necessidades futuras de recursos externos. Isto acaba custando R$ 180 bilhões por ano como bolsa para os rentistas, pois se aumenta a dívida pública com juros elevados para neutralizar a expansão monetária. Os instrumentos utilizados em política econômica no Brasil não são suficientes para atingir todos os objetivos que se persegue simultaneamente, estimulando a produção. Há uma valorização cambial ao longo do tempo, provocando o risco de prejudicar as atividades produtivas.

Delfim Netto explica que a elogiável ascensão social observada no Brasil na última década acabou exercendo uma pressão inflacionária, pois surgiram demandas novas, e para neutralizá-las o Banco Central tenta restringir o volume de crédito, provocando a elevação dos juros.

O artigo mostra que existe um otimismo com a compreensão das autoridades com relação aos atuais problemas existentes, e o governo tenta fazer mais com os mesmos recursos, ou seja, procura elevar a eficiência do setor público com uma melhor gestão. Isto permitiria reduzir gradativamente a da dívida pública e as necessidades de juros elevados, minorando também os problemas da taxa cambial.

Evidentemente, estas explicações resumidas neste artigo postado são pedestres e os que possuem um pouco de conhecimento da economia devem analisar profundamente o apresentado pelo professor Delfim Netto, que engloba um quadro teórico e prático, mostrando que existe uma linha de política econômica que pode resolver os diversos problemas existentes.



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