Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Tentando Compreender os Problemas da Cana e da Laranja

2 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , , ,

A opinião pública brasileira fica perplexa com a inundação de notícias sobre as ampliações da produção de cana e da laranja no Brasil, ao mesmo tempo em que é informada das dificuldades enfrentadas por estes setores da agroindústria nacional para o abastecimento adequado do mercado. Para uma tentativa da compreensão destas dificuldades, vamos tecer considerações para uma avaliação mais isenta numa terminologia acessível aos leigos. São corretas as informações que muitos grupos internacionais passaram a participar da agroindústria da cana, visando a produção de etanol, considerado um combustível não poluente, produzido com eficiência neste país. No entanto, muitos destes investimentos ocorreram com a aquisição do controle de empresas já existentes, e a ampliação de sua produção só poderá ocorrer com o correr do tempo.

De outro lado, da produção de cana, parte pode ser destinada à produção de açúcar, e quando os seus preços internacionais estão favoráveis, como atualmente, restringe-se a produção de etanol, que é basicamente de dois tipos: o misturado na gasolina e o que é consumido isoladamente. Como a safra brasileira concentra-se num período do ano, existe uma grande dificuldade que exige a sua estocagem para o período de entressafra, o que implica em custos financeiros, que tanto os produtores como os misturadores de combustíveis e seus distribuidores não desejam arcar. Como ainda não se trata de um produto amplamente comercializado no mercado mundial, com muitos produtores e consumidores, existem dificuldades para a sua exportação no período de safra, como a sua importação nos períodos de relativa carência.

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Plantações de laranjas e cana de açúcar no Brasil

A produção do etanol é efetuada pelo setor privado, mas sua mistura na gasolina ocorre por intermédio de uma estatal, a Petrobras, e existe o problema de que uns desejam que outros arquem com os custos da estocagem. O único país que conta com uma produção e um consumo expressivo do etanol são os Estados Unidos, que o fazem a custos elevados porque o extraem do milho, que tem uma eficiência mais baixa, exigindo subsídios substanciais, além dos custos de transporte serem altos.

No caso da laranja, sua produção também pode ser destinada ao consumo na mesa, que é limitado, como na produção de sucos e outros derivados. Também se efetua em alguns poucos países, com destaque para o Brasil, seguido pelos Estados Unidos, quando se trata de suco. Nos voltados à mesa, alguns outros países contam com produções expressivas como a Espanha. Existe uma competição com outros sucos amplamente consumidos no mundo, como o da maçã.

A sua dificuldade reside numa defasagem de tempo entre a decisão de sua produção e sua colocação no mercado. Se os preços internacionais não estão interessantes, há um sacrifico de sua produção, que para ser recuperada exige alguns anos.

Todos os dois produtos estão melhorando em sua produtividade pelas pesquisas agroindustriais que estão sendo efetuadas, mas a sua eficiência só é alcançada pelas grandes empresas que trabalham com volumes expressivos. Normalmente, o suco produzido é concentrado e congelado, sendo transportado até o porto onde é transportado por navios especializados, que precisam contar com outro terminal específico para poder receber a produção. Destes portos, são transportados até as engarrafadoras que os transformam novamente em sucos para serem engarrafados ou enlatados para serem colocados à disposição dos consumidores. Como se trata de um processo longo e complexo, qualquer problema numa de suas fases acaba refletindo em dificuldades, que exigem um período razoável para ser sanado.

O Brasil domina completamente as tecnologias de todas as fases envolvidas, tanto na produção do etanol como do suco de laranja, que fornece até para o exterior, onde conta com investimentos para o seu melhor aproveitamento.

Como todos os produtos de origem agrícola, tanto o etanol como o suco de laranja enfrenta os azares das variações climáticas e outras, como o surgimento de pragas, ainda que toda a tecnologia venha melhorando sensivelmente ao longo do tempo, graças aos trabalhos privados e públicos. Os problemas são eventuais, havendo uma tendência para a consolidação do Brasil como o maior produtor mundial destes dois produtos.



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