Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Sentimentos Controvertidos dos Japoneses Com os Chineses

1 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , ,

Um artigo de Jonathan Soble, que se encontra em Tóquio, publicado pelo Financial Times, aponta alguns sentimentos controvertidos dos empresários japoneses com relação aos negócios que estão sendo feitos pelas empresas do Japão com os da China. Ele informa que na semana passada a Panasonic vendeu a divisão da linha branca da Sanyo para a chinesa Haier, que trabalha com refrigeradores e máquinas de lavar, elevando os investimentos chineses no Japão neste ano, tendência dos últimos tempos.

No mesmo artigo, informa-se que o presidente do Nippon Keidanren, Hiromasa Yonekura, expressou que qualquer compra dos chineses de empresas japonesas causa intranquilidade e medo na mente do público. Ele se refere ao sentimento de alguns empresários japoneses que entendem que os chineses estão adquirindo tecnologias e ativos das empresas japonesas para acelerarem o declínio da economia japonesa. Deve-se lembrar também de que a Kawasaki Heavy está acusando os chineses de apropriação de sua tecnologia para os trens rápidos.

Panasonic logohaier_logo

O fato concreto é que a Panasonic incorporou a Sanyo pelos seus conhecimentos dos negócios ecológicos, como as baterias recarregáveis de lítio, utilizáveis nos automóveis elétricos, captação de energia solar e eólica, bem como as células solares. A linha branca é uma sobreposição de parte que a Panasonic já tem, e ela está utilizando estes ativos para gerar recursos para suas operações em outras atividades.

Algo similar vem acontecendo um acordo da NEC com a Lenovo chinesa, estabelecendo um joint-venture para computadores pessoais, havendo uma possibilidade de ficarem com todos os negócios da NEC na área dos PCs. Outras operações recentes foram feitas nas áreas de painéis solares, roupas e clubes de golfe.

Os recursos envolvidos nestas operações ainda são modestos, mas muitas empresas japonesas estão aproveitando as capacidades financeiras dos chineses para se desfazerem de alguns ativos, bem com a disposição dos chineses de contarem com marcas de algumas empresas japonesas conhecidas no mercado internacional.

Um banqueiro japonês informou ao jornalista que os japoneses são demorados para concluírem estas operações “especialmente com grupos chineses”, mas todos têm o sentimento de que as decisões japonesas costumam ser demoradas, até para se livrarem de ativos que não mais necessitam. No caso dos produtos eletrônicos, os japoneses desejam se focar em algumas linhas onde possuem habilidades competitivas, inclusive para desenvolvimento futuro.

Os chineses entendem que adquirirem ativos de empresas japonesas são conquistas em mercados maduros, pois a Sanyo, por exemplo, tem uma longa tradição nesta área, dispondo de parcelas do mercado em rápida expansão, como no Sudeste Asiático. Algo similar também está acontecendo na Europa, com grupos alemães e franceses sendo adquiridos pelos chineses, mesmo que parcialmente.

Outros fatores que estão determinando estes comportamentos chineses são o desejo de acelerarem suas presenças nestes mercados, além da transferência de ativos financeiros em dólar ou euro, para ativos físicos como empresas.



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