Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Intensificam-se os Debates com a China

29 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , , , , ,

Basta abrir os jornais, os sites e blogs de todo o mundo para constatar que os debates provocados por Davos com relação à China se intensificam, muitos tomando partidos e uns poucos mais equilibrados. Entre os mais sensatos, o artigo de Natan Gardels, do Global Viewpoint Network, publicado em português pelo O Estado de S.Paulo, é um deles.

Atribuir somente aos chineses a culpa do que está acontecendo não parece razoável. É claro que eles abusam da dimensão de sua economia, que continua crescendo rapidamente. Que tudo indica que o câmbio atrelado ao dólar provoca a desvalorização do Yuan. Quando os Estados Unidos tinham uma forma econômica, impunham um Acordo de Plaza, como o que forçou a valorização do Yen japonês, coisa que não mais acontece.

Os Estados Unidos e muitos outros países ocidentais, hoje, são dependentes dos chineses e outros asiáticos para conseguir um mercado e financiamento para os seus déficits. Como foram criados estes déficits? Consumindo mais que produziam, sem contar com uma poupança adequada. Não possuem mais a força para mobilizar a OMC para impor uma política que provoque um equilíbrio mais razoável em todo o mundo, pois dependem do mercado chinês, de sua mão de obra e dos seus financiamentos.

No passado, era os Estados Unidos o emprestador de última instância. Hoje, o dólar sofre uma desvalorização acentuada, tanto com relação ao euro quanto ao yen e outra cesta de moedas, inclusive o real. E estão altamente endividados, desmoralizados, precisando de profundas reformas que não conseguem passar pelo Congresso. Em alguma escala, isto ocorre também no Japão e na Europa.

O episódio da Google mostra o cinismo neste mundo econômico, como já indicamos neste site. O que pode modificar esta situação é uma política de longo prazo, algumas que já estão a caminho.

Os Estados Unidos estão determinados a não mais dependerem da importação brutal de energia, envolvendo-se num grande programa de pesquisas. O Japão está substituindo os seus líderes empresariais, voltando-se para o desenvolvimento tecnológico e devem forçar suas classes políticas que, como em todo o mundo, ficam com os olhos voltados exclusivamente para as urnas e os recursos necessários para tanto. Onde estão os que pensam no país, com uma perspectiva de prazo mais longo?

Com todos os defeitos, parece que os chineses foram capazes de criar não só uma classe política, como uma elite de pesquisadores e empresários agressivos, dispostos a transformar a China, e estão arrancando do longo sonho que veio da Renascença e da Revolução Industrial. Assustam o mundo, mas já indicamos que Joseph Needham tinha visto isto, ainda no século passado, com seus estudos em Cambridge e na China.

Mas o orgulho, como estamos vendo em muitos países e grupos empresariais, pode levar a uma longa decadência, como também Needham sugeriu …



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