Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Futuro dos Idosos Brasileiros

30 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: , , , | 6 Comentários »

A Folha de S.Paulo publica hoje com destaque notícias que os idosos brasileiros não se preparam para a aposentadoria, num artigo do jornalista Paulo Muzzolin. Informa em outra matéria de Érica Fraga que, apesar da falta de planejamento, só 17% deles se mostram preocupados com a situação, baseado numa pesquisa da HSBC em muitos países, percentual que se iguala com o da China. Isto mesmo que a previdência social seja insuficiente para manter o mesmo padrão de vida dos aposentados, fazendo com que um terço deles continue trabalhando de uma forma qualquer, recebendo alguma remuneração.

O que vem acontecendo em todo o mundo é que a previdência social é insuficiente para manter o padrão de vida dos aposentados. Assim, nos países com o Japão, a população em idade útil poupa uma parcela do que ganha para atender suas necessidades futuras, contando com um patrimônio para tanto. Noutros, os investimentos são feitos em previdências privadas, para assegurar uma aposentadoria complementar.

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Na realidade, a expectativa de vida está aumentando em todos os países, fazendo com que a faixa da população idosa fique alta no total da população. Nota-se que nos países tropicais há menores aumentos destas poupanças para a vida futura, dado o otimismo mais elevado. No passado, havia um maior suporte da família e dos seus descendentes, uma realidade que está ficando mais dura, fazendo com que muitos tenham que depender dos serviços públicos sempre precários.

Como os custos de manutenção dos idosos por um longo período de tempo são extremamente caros, a qualidade desta assistência acaba se deteriorando. Se a população se preocupa mais com o futuro, deve providenciar poupanças de muitos tipos, para permitir a preservação de uma razoável qualidade de vida, principalmente por que os custos de tratamento de saúde tendem a aumentar com a idade.

O que vem se tentando em muitos países é a elevação da idade mínima de aposentadoria, que encontra forte resistência no Brasil, onde as diferenças entre os trabalhadores do setor privado com os do público encontram-se extremamente desequilibradas. Dentro do próprio setor público, os do executivo costumam receber menos do que os do legislativo, sendo que os do judiciário são os mais privilegiados.

Todos estes problemas estão se agravando em muitas economias, sendo necessárias reformas, que não encontram possibilidades de soluções racionais nos diversos legislativos. Isto leva à terrível alternativa dos trabalhadores necessitarem de providenciar, por conta própria, soluções para suas vidas de aposentados, uma solução pesada para os menos favorecidos.


6 Comentários para “Futuro dos Idosos Brasileiros”

  1. Carlos Silva
    1  escreveu às 13:34 em 30 de maio de 2011:

    O texto é bastante relevante. Sempre ouvi dizer que o povo japonês se prepara melhor para a velhice, ao contrário do nosso. Ademais, no Brasil, acho que o idoso é muito desrespeitado e, justamente por isso, criaram o Estatuto do Idoso.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 15:51 em 30 de maio de 2011:

    Caro Carlos Silva,

    Obrigado pelo comentário. É muito difícil comparar situações em países distintos, mas pode-se dizer que muitos japoneses se preocupam com o seu futuro. Ainda assim, o aumento substancial de idosos no Japão, e os encargos próprios dos jovens estão provocando a deterioração da situação que vinha se baseando nos ensinamentos de Confúcio, não só no Japão como em todo o Extremo Oriente. Hoje o cuidado dos idosos é uma preocupação muito grande, pois os mecanismos sociais e os preparos individuais não estão sendo suficientes para proporcionar a adequada condição de bem estar para eles.
    Parece que não se trata somente de legislação, mas de uma cultura que necessitamos aperfeiçoar com grande urgência, pois sempre nos preocupamos pouco com a questão que já chegou as nossas portas.

    Paulo Yokota

  3. Juliana Gomes
    3  escreveu às 18:24 em 30 de maio de 2011:

    Estou de acordo com o leitor Carlos Silva. Sou operadora do Direito e sei do desrespeito a que nossos idosos são submetidos diariamente. Não são raros os casos de abandono e, inclusive, espancamento de pessoas de idade. Há muitos processos criminais em todo o Brasil, mostrando esta triste realidade. O nosso Poder Público é, igualmente, um incompetente, pois não consegue assegurar os direitos sociais dos idosos.

    Boa noite a todos.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 19:33 em 30 de maio de 2011:

    Cara Juliana Gomes,

    Muito obrigado pelos comentários. Concordo, em parte, com eles. Conhecí, ao longo de minha vida, muitas instituições públicas e privadas que cuidam de idosos em muitas partes do mundo, até desenvolvidos como os Estados Unidos, Inglaterra, França, Japão, e poucos honram a nossa condição de seres humanos. Dedico-me deste a adolescência aos trabalhos sociais, e o que V. vê em filmes como “Minhas Tardes com Margueritte”, V. encontra, lamentavelmente, em muitos lugares. Ainda que proporcionem “instalações” os idosos estão solitários abandonados por seus familiares. Conheci uma instituição privada em São Paulo onde 80% dos idosos estavam estágios avançados de Alzheimer. Se tiver oportunidade conheça estas instituições até em outros países. Os melhores que encontrei foi na Austria, onde os idosos cuidavam de si mesmos, todos tendo alguma responsabilidade. Acho um belo trabalho defender o direito dos idosos, mas ajude a fazer um trabalho voluntário nestas instituições para valorizar um pouco do abnegado trabalho feitos por modestos funcionários públicos que ganham uma miséria. Veja os trabalhos que as religiosas fazem no Rio Negro na Amazônia, trabalhando com os que sofrem com hanseaníase. Já viu um hospital que trabalha com “fogo selvagem” ? Não acredito que seja somente um descaso do Poder Público.
    Vamos trabalhar para continuar melhorando as condições destes que estão abandonados pois são nossos irmãos.

    Paulo Yokota

  5. Everaldo S. Diniz
    5  escreveu às 20:37 em 30 de maio de 2011:

    No Brasil, o que se paga de aposentadoria aos idosos é uma PIADA. O tratamento aos mais velhos em órgãos públicos, nos transportes coletivos, nos bancos, nos hospitais públicos etc. é VERGONHOSO. Mas, nas eleições, os políticos se lembram de nós, pois temos títulos de eleitor.

    Está coberta de razão a Dra. Juliana Gomes. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ignoram a Lei 10.741 de 2003. Sempre fiz a minha parte pagando estes inúmeros e caros impostos e trabalhando muito por este país. Por óbvio, eu também contribui por decádas para o INSS. Depois, somos deixados de lado pelos agentes políticos.

    Parafraseando o jornalista Boris Casoy: “Isto é uma vergonha” e “é preciso passar o Brasil a limpo”.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 20:53 em 30 de maio de 2011:

    Caro Everaldo S. Diniz,

    Obrigado pelos seus comentários. Lamentavelmente, a aposentadoria na maioria dos países é modesto, e concordo plenamente que o é no Brasil. Salvo nos aposentados dos Judiciário e do Legislativo que são apreciáveis. Os do Executivo também são razoáveis, dependendo de uma série de ações judiciais que eles conseguiram. Os do setor privado são baixos, pois os custos da administração são elevados.
    Na maioria dos outros países só é possivel conseguir uma aposentadoria razoável com a previdência privada cujos fundos de reserva também estão, infelizmente, mal aplicados. Em alguns países a taxa de poupança é elevada, exatamente porque só formando um patrimônio os que deixam de trabalhar podem ter uma aposentadoria condigna.
    Tenho uma aposentadoria do INSS muito modesta. Apesar de ter trabalhado tanto no governo estadual como federal, os tempos que tenho não são suficientes, e hoje não existe legalmente a possibilidade de mais de uma aposentadoria. Então, continuo trabalhando, como fazem mais de um terço dos aposentados brasileiros. Mas, isto também é verdade em muitos países, e no Japão, como o custo de vida local é elevado, muitos aposentados do setor público estão sendo obrigados a viverem em outros países como a Malásia ou as Filipinas.
    Tenho a impressão que precisamos mudar o conceito, e não considerar o trabalho como um “castigo”, mas uma forma de realização humana, e devemos agradecer se temos a possibilidade de trabalhar enquanto formos capazes de fazê-lo fisicamente. Tenho alguns parentes que trabalharam até atingir 90 anos, o que me parece uma grande felicidade.

    Paulo Yokota


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