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Cuidados Nas Atividades Brasileiras em Moçambique

15 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , , | 2 Comentários »

A Folha de S.Paulo publicou no domingo, dia 14 de agosto, uma importante matéria de Patrícia Campos Mello informando que Moçambique está oferecendo uma área de 6 milhões de hectares para os agricultores brasileiros com experiência na exploração dos cerrados. Corresponde a uma área superior a ocupada pela cana de açúcar no Estado de São Paulo, e seriam concessões de 50 anos, renováveis, com um custo anual de R$ 21,00 por hectare. Isto já está mobilizando agricultores de Mato Grosso como os participantes da Ampa – Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão.

Moçambique, como outros países africanos que utilizam a língua portuguesa, tem uma consideração especial pelo Brasil, que consideram como um país “irmão mais velho”, que não tem os ranços do colonialismo. A Embrapa já efetua pesquisas para o melhor aproveitamento da savana africana, muito semelhante ao cerrado brasileiro, que fica nas proximidades do mesmo paralelo. Num acordo tripartite com o Japão, que utiliza a JICA – Japan International Cooperation Agency para tanto. Trata-se de um projeto de alta potencialidade, que exige somente alguns cuidados de ordem antropológica. Na África, predomina os comportamentos tribais que possuem uma tradicional força que exige até das autoridades locais um respeito aos seus costumes. Os chefes tribais costumam gozar de um poder sobre os seus territórios, que nem sempre correspondem às fronteiras impostas pelas metrópoles europeias aos novos países.

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Mapa de Moçambique, com as províncias do Norte: Niassa, Cabo Delgado, Nampula e Zambézia

Muitas grandes empresas brasileiras já trabalham há anos em Moçambique, que mantém com o Brasil um relacionamento especial não somente porque foi também colônia de Portugal e usa o português como idioma oficial. Rico em recursos minerais, sempre interessa a empresas como mineradora brasileira Vale, bem como empreiteiras brasileiras que executam projetos de infraestrutura naquele país.

As savanas africanas apresentam grande semelhança com os cerrados brasileiros, e as pesquisas da Embrapa são importantes para confirmar quais as variedades de soja, milho, sorgo, feijão e outros são as mais adequadas para os solos e climas locais, exigindo adaptações das tecnologias utilizadas. Moçambique está oferecendo também isenções fiscais para a importação de equipamentos agrícolas.

Os produtores brasileiros se mostram interessados, como extensão de suas atividades, que contam no Brasil com restrições ambientais, que não vigoram na África. A proximidade dos grandes mercados asiáticos, como o da China, também é considerada. O que ainda é insuficiente são as infraestruturas locais que esperam sejam financiadas pelo JICA.

Os brasileiros contam com preferência dos moçambicanos sobre chineses e norte-americanos, pois são considerados como isentos de pretensões que podem ser consideradas colonialistas. A experiência do cerrado brasileiro, que transformou áreas de exploração extensivas em respeitáveis áreas agrícolas eficientes, também é considerada pelas autoridades do país africano como credencial importante.

São oportunidades que se abrem para atendimento da demanda mundial de alimentos, pretendendo-se utilizar a mão-de-obra local num percentual mínimo de 90%, além da possibilidade de absorção de tecnologias avançadas no agrobusiness.


2 Comentários para “Cuidados Nas Atividades Brasileiras em Moçambique”

  1. Alyson do Rosário Junior
    1  escreveu às 11:44 em 15 de agosto de 2011:

    Moçambique arrendando terras para empresários do agonegócio brasileiro? Me parece a internacionalização do expertise nacional! Será que teremos uma Agrobrás?

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 14:26 em 15 de agosto de 2011:

    Caro Alyson do Rosário Junior,

    Em muitos países não se vendem terras rurais como na Austrália, na Tailândia e outros. A evolução natural da globalização leva a estes movimentos, e a qualificação dos produtores brasileiros é reconhecida. Não há necessidade de nenhuma Agrobrás, se com isto está se insinuando um movimento oficial.

    Paulo Yokota


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