Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Manipulações das Cotações dos Títulos dos EUA

15 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo da Bloomberg publicado no Valor Econômico, manipulações das cotações dos títulos dos EUA, sem instrumentos para coibir estas operações

Se já eram alarmantes as manipulações das taxas de juros como o Libor e as cotações cambiais em Londres, nas quais consagradas instituições financeiras internacionais estão efetuando acordos com multas pelas irregularidades constatadas pelas autoridades, a notícia divulgada por Matthew Leising, da Bloomberg, publicada no Valor Econômico é aterradora. Além da manipulação das cotações dos títulos do Tesouro Norte-Americano, cujo mercado supera uma dezena de trilhões de dólares por ano, está se identificando a falta de regulamentações sobre o assunto. Os operadores utilizam avanços tecnológicos de altíssima velocidade para produzir uma isca enganosa conhecida como “spoofing”, segundo o artigo, estimulando o mercado e cancelando posteriormente as mesmas. Os especialistas americanos que estão identificando estas operações alegam que não existem ainda instrumentos legais para coibir tais manobras.

Os praticantes do “spoofing” fingem que estão interessados na compra ou venda a determinado preço no mercado, criando a ilusão de demanda para que outros operadores se mobilizem para atendê-la. Cancelam o interesse inicial e compram ou vendem com os novos preços para lucrarem. Estas operações são conhecidas também como “pull and hit” (ou seja, puxar e bater). Os registros existentes mostram que ocorreram em paralelo em Chicago e em Nova Jersey, entre outras plataformas, em negociações mais rápidas que a velocidade da luz, envolvendo estratégicas combinadas entre operadores.

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Se os títulos do Tesouro Norte-Americano eram considerados os mais seguros no mundo, os seus volumes cresceram muito com a política monetária dos Estados Unidos chamada de “quantitative easing” que objetivava a desvalorização cambial do dólar e a ampliação dos créditos bancários, visando a recuperação da economia posterior à crise de 2007/2008.

Se suas cotações estão sendo manipuladas para proveito de alguns dos operadores mais importantes e que introduziram inovações tecnológicas sofisticadas em suas operações, são preocupantes indícios da falta de transparência no seu mercado. Demostram a total desconsideração moral nestes mercados financeiros, fugindo dos princípios como os que começaram a ser colocados por Adam Smith e outros pensadores que se seguiram, para o funcionamento adequado do capitalismo e dos mercados.

Todos hão de concordar que os títulos do Tesouro Norte-Americano estão entre os papéis mais importantes no mundo, notadamente quando se ampliou o seu uso. Se as autoridades daquele país não contam com meios para coibir eventuais comportamentos que manipulam o seu mercado, chega-se à preocupante situação que os que detêm poderosas tecnologias acabem se beneficiando, em prejuízo de todos.


Interpretando a Eleição Japonesa

15 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: a coligação governista retém a maioria absoluta, baixo comparecimento, falta de uma oposição organizada, mandato para a Abeconomics | 2 Comentários »

O primeiro-ministro Shinzo Abe obteve para a coligação governista LDP-Komeito 326 cadeiras na Câmara Baixa da Dieta japonesa, superando os 317 indispensáveis para a maioria absoluta. Conseguiu a prorrogação do seu mandato bem como o suporte para o prosseguimento de sua política chamada Abeconomics, que eram seus objetivos principais. No entanto, há que se registrar que no Japão o voto não é obrigatório, sendo que menos de 40% dos eleitores compareceram ao pleito, mostrando certo desinteresse diante do resultado esperado, sendo que o principal partido de oposição aumentou a sua bancada em 11 cadeiras, chegando a 73. Mesmo assim, diante do quadro em que se encontra a economia japonesa, o resultado deve ser interpretado como um suporte moderado para a inevitável política denominada Abeconomics, que precisará elevar o seu imposto de vendas do atual 8% para 10%, sem saber quando.

Todos sabem que, mesmo com a injeção astronômica de recursos creditícios por intermédio do Bank of Japan, o máximo que se conseguiu é uma melhoria na Bolsa de Valores, e uma desvalorização moderada do yen, para tornar as exportações japonesas mais competitivas. A recuperação da economia japonesa, que é o grande objetivo, veio sendo prejudicada pela retração dos consumidores quando o imposto de vendas subiu dos 5% anterior para 8%. As empresas ainda não se sentem estimuladas para ampliar as suas atividades, mesmo com a abundância de recursos creditícios e a desvalorização do yen, que o torna um pouco mais competitivo no mercado internacional. O resultado desta eleição não pode ser considerado estimulante para a nova etapa de elevação dos impostos, diante da dívida pública japonesa que é das mais elevadas do mundo, ainda que financiadas pelas poupanças internas.

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Primeiro-ministro Shinzo Abe comemora a vitória eleitoral da coligação governista. As rosas vermelhas são colocadas junto aos nomes dos deputados eleitos, na tradição eleitoral japonesa

A imprensa japonesa avalia que o novo gabinete deve ser anunciado no próximo dia 24 de dezembro, mas não se aguarda grandes surpresas, ainda que seja desejável novas figuras que dessem um ânimo para o programa que deverá ser executado. Deve-se lembrar de que o Abeconoics prevê agora uma etapa de decisivo estímulo ao crescimento da economia japonesa, que ainda não consegue uma inflação de 2% ao ano como anunciado, e uma volta aos padrões mais razoáveis de crescimento.

Deve-se observar que o cenário internacional não se apresenta fortemente estimulante, ainda que o preço do petróleo totalmente importado pelo Japão esteja em queda significativa. O governo japonês vem acreditando muito no TPP – TransPacific Partnership, facilitando o comércio internacional. Efetua esforços para a retomada dos entendimentos com a China, que ainda caminha de forma tímida, bem como ampliação da colaboração com a Coreia do Sul. Também o Sudeste Asiático encontra-se entre suas prioridades, notadamente na implantação de projetos de infraestrutura.

Este site vem insistindo que o Japão precisa enfrentar o problema da redução de sua população, ao mesmo tempo em que se observa o seu envelhecimento. Necessita que muitos dos seus jovens se motivem para novos empreendimentos, superando o seu desânimo. Para uma economia de elevado padrão de desenvolvimento, precisa colaborar com o seu dinamismo para estimular o resto do mundo, o que nem sempre vem acontecendo. Espera-se que o resultado destas eleições ajudem a superar o atual marasmo.


Reações Positivas Indispensáveis

15 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: os problemas no mundo e no Brasil, reações positivas indispensáveis, um mínimo de racionalidade com o que se dispõe

De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”, foi a frase de Ruy Barbosa que se tornou famosa. No entanto, por mais que se respeite aquele nosso estadista, sempre há espaço para iniciativas, principalmente dos mais jovens, em termos mundiais como nacionais, para as correções destes quadros. Não basta a indignação com o que se enfrenta, mas tentar descobrir o que pode ser feito para reverter a situação. Com todos os pesares, a história da Humanidade comprovou que mesmo os períodos mais difíceis foram superados. E ainda que insatisfatórias, sempre existem as esperanças que muitas melhorias ainda serão conquistadas. Não somente do ponto de vista material, mas no cenário moral em que parece nos encontramos.

Parece útil fazer-se um esforço para compreender o que está provocando este forte pessimismo que não se restringe ao Brasil, pois somente entendendo os nossos problemas podemos tentar resolvê-los, ou no mínimo minorá-los. Os problemas da Petrobras, ainda que agravados pelas opções adotadas no Brasil, também são decorrentes do que já aconteceu em outros países. As indústrias internacionais que se relacionam há mais de um século com o petróleo, que veio ganhando importância exagerada, sempre utilizaram parte expressiva dos seus volumosos recursos para corromper os detentores do poder político. Ainda que em alguns aspectos tenham sido corrigidas de tempo em tempo, são conhecidos os desvios que vieram ocorrendo ao longo de décadas para ampliar o seu poder, havendo uma vasta literatura a respeito. Mesmo que constatada a sua pesada responsabilidade no aquecimento global, o petróleo continua sendo uma das mais importantes fontes de energia no mundo, ao lado do carvão mineral altamente poluente. Somos todos responsáveis por esta tolerância que acaba sendo eminentemente moral.

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Plataforma para exploração do petróleo em alto mar

Há décadas, um importante empresário que atuava no setor informava-me que desde os tempos históricos nos transportes do petróleo havia uma tradição mundial de certo percentual carregado a mais, que, se era para cobrir riscos com eventuais desastres, acabavam sendo utilizados para ajudas políticas. Estas práticas acabaram se ampliando para outros setores. Também são conhecidos os negócios internacionais escusos que envolviam a produção de equipamentos utilizados na indústria de petróleo, como os que eram movimentados nos paraísos fiscais, que não são evidentemente criações brasileiras.

Que as empreiteiras, não somente as brasileiras possuem intrincados relacionamentos com os grupos políticos em muitos países são sobejamente conhecidos, não se restringindo somente a área do petróleo. A capacidade de coibir estas tendências alimentadas pela ganância humana exige das administrações públicas um aparelhamento indispensável, que só pode ocorrer com o seu constante aperfeiçoamento.

Estudando-se a história da evolução do sindicalismo no mundo, constata-se a lamentável intensidade dos relacionamentos destas entidades com organizações criminosas que procuravam manter o monopólio do controle do poder. São casos como nos Estados Unidos com as organizações da AFL – CIO American Federation of Labor – Congress of Industrial Organizations, com o controle criminoso dos transportes naquele país, sempre considerados estratégicos. Ou na Europa, com suspeitas da participação de não somente organizações mafiosas nas entidades trabalhistas sindicais, que eram avanços indispensáveis nas diversas sociedades. Sempre houve uma preocupação que houvesse uma multiplicidade de suas origens ideológicas para evitar o monopólio como das organizações de predominância marxistas, inclusive no Brasil.

Quando o setor de petróleo conta com quase com o monopólio estatal, como no caso brasileiro, ainda que a escala e o poder das multinacionais tenham que ser enfrentadas, novos cenários de potenciais distorções acabam se multiplicando. Notadamente quando os dirigentes sindicais acabam detendo uma parcela exagerada do poder político. Mas também estas distorções ocorrem em outros regimes políticos onde a alternância no poder não ocorre com a frequência desejável.

Quando um país se encontra ainda nos estágios iniciais de consolidação do regime democrático, nem sempre todos os mecanismos de controle funcionam com o equilíbrio desejável. Deve-se admitir que, se estejam sendo investigadas as distorções que ocorrem atualmente no Brasil, em parte decorre das condições criadas pelas disposições da Constituição de 1988 que permitiram o desenvolvimento do atual Ministério Público. Mas ainda existem etapas a serem percorridas em muitos setores, evitando-se que algumas personalidades que ganham notoriedade pela ação da mídia tornem-se vítimas de suas vaidades pessoais. Também o Judiciário, com os seus exageradamente longos processos, acaba dando um sentimento de impunidade até mesmo aos indiciados.

Apesar da resistência da classe política, a reforma do setor torna-se prioritária, pois os eleitores necessitam de mecanismos para controle dos eleitos de forma eficaz. Sistemas eleitorais como o distrital misto podem introduzir alguns aperfeiçoamentos como vem se observando em países que os adotam. Para que as crises posam ser resolvidas de forma mais plausível, tudo indica que o regime parlamentarista acaba sendo mais ágil do que o presidencialismo, para adequação do quadro as mudanças sempre indispensáveis.

O exagerado agigantamento do setor público parece propiciar também muitas distorções. Tudo indica que um equilíbrio maior com o setor privado, onde as tendências monopolísticas sejam regulamentadas parece reduzir as potencialidades das irregularidades. Existe um conceito em inglês denominado “check and balance”, que vem sendo perseguido em muitas sociedades, de forma que haja um equilíbrio mais razoável.

O Brasil já passou e continuará passando por muitos aperfeiçoamentos, mas parece que os jovens poderiam se dedicar com maior profundidade aos estudos das experiências que estão sendo repetidas em todo o mundo, de forma que algumas delas tenham condições de adaptação às particulares condições brasileiras.

Há que ampliar as esperanças para a melhoria do quadro moral, não se entregando a um pessimismo exagerado, quase uma depressão psicológica coletiva, pois o Brasil ainda é um país jovem com elevadas potencialidades para aperfeiçoamentos.


Mania Japonesa de Guardar as Coisas

14 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: artigo no suplemento do The New York Times Internacional da Folha de S.Paulo, especialista em organização, forma de se descartas das coisas dispensáveis

Um interessante artigo de Penepole Green, originalmente publicado no The New York Times Internacional e reproduzido em português no suplemento semanal da Folha de S.Paulo, informa sobre a Marie Kondo que teria se tornado uma celebridade no Japão por estar ensinando a organizar a guarda de materiais que proporcionam alegria, e descartar as já usadas com um agradecimento. É preciso entender algumas coisas da cultura japonesa que podem estar influenciando nestes hábitos. De um lado, por influência da religião shintoista, todas as coisas podem ser consideradas sagradas, e merecem agradecimento na medida em que ajudam os seres humanos. Muitos japoneses, na virada do ano, fazem a revisão dos equipamentos que permitiram o trabalho durante os 12 meses que descansem alguns dias, cobertas e até com alimentos simbólicos, como um bolinho de arroz. De outro lado, com a tradição de um povo que foi pobre e tendo passado por necessidades, desenvolveu-se esta mania de guardar tudo, para uma remota possibilidade do seu uso futuro. Isto tende a acumular um depósito desorganizado, considerando “motainai” (um desperdício) livrar-se mesmo dos que tenham mínimas possibilidades de serem utilizados no futuro.

A técnica que estaria sendo disseminada por Marie Kondo parece pressupor que qualquer material dispõe de vida, como no xintoísmo, devendo-se descartar delas com um agradecimento pela ajuda que já deu a alguém. Haveria uma ordem para o armazenamento dos produtos necessários, de forma organizada, usando conhecimentos como o do origami ou do “furoshiki”, que é um simples pano que se torna uma embalagem, de forma a economizar o espaço e permitir que estes produtos mantenham a sua “alegria” de continuar existindo. Ela acumulou estes conhecimentos de forma prática ajudando a organizar as bagunças dos seus irmãos, bem como simples bibliotecas nas suas escolas, percebendo que poderiam ser dispostos em determinadas ordens, que acabariam sendo mais racionalmente usados.

Sou pessoalmente dos que precisam aprender estas técnicas, pois sou desorganizado e tendo a guardar quase tudo, o que vai acumulando materiais desnecessários até por décadas. Mas concordo que há um momento em que é preciso descartar muito do que é desnecessário, ou poderia ser útil para outros. Estou determinado a adotar estes novos hábitos, mesmo admitindo que no Japão, onde as estações do ano são mais definidas, isto seja mais fácil que no Brasil, onde é até possível ter quatro estações num mesmo dia, o que não permite descartar roupas, por exemplo, que estejam fora da estação. Mas as ideias básicas poderiam ser adaptadas para as realidades locais.

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Marie Kondo organizando os depósitos

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Armários organizados por Marie Kondo

Marie Kondo estava sendo procurada por pessoas que desejavam a sua ajuda profissional. Hoje, prefere dar aulas ou escrever sobre o assunto para preparação de outras pessoas que acabem organizando os seus depósitos.

Tratando se as coisas inanimadas como se estivessem vivas, elas acabam sendo melhores cuidadas, permitindo a sua melhor preservação como aproveitamento. Poderia se acrescentar que muitos dos produtos que se tornaram inúteis podem ser melhores utilizadas por outras. O hábito de doar de tempos em tempo o que se dispõe pode se tornar mais racional, na medida que possa ser aproveitada mais intensivamente por outras. Existem muitas instituições que possuem serviços de coleta, visando gerar até algumas rendas com suas vendas, depois de revisadas, tirando melhor proveito das suas utilidades.

Estas medidas se tornaram importantes no Japão pelas limitações dos espaços. Na proporção em que muitas residências também no Brasil estão se resumindo em espaços menores, estas medidas se tornam mais convenientes.


Acusações Pesadas à Direção da Petrobrás

13 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: alegação da Petrobras que foram determinadas investigações, artigo no Valor Econômico, comunicações da gerente Venina Velosa da Fonseca, removida do cargo e transferida para Cingapura

Num extenso artigo elaborado por Juliano Basile, publicado no jornal Valor Econômico, são incluídas cópias de emails enviados pela gerente executiva Venina Velosa da Fonseca, geóloga que trabalha desde 1990 na Petrobras, tendo atuado sob o comando do diretor afastado Paulo Roberto Costa, entre novembro de 2005 e outubro de 2009. O ex-diretor está procurando reduzir suas penalidades com a delação premiada. Venina comunicou os indícios de irregularidade na área de comunicação social com pagamentos de serviços não prestados, bem como os significativos aumentos dos custos com aditivos da usina Abreu e Lima. Também comunicou suas suspeitas para José Carlos Cosenza, que substituiu Paulo Roberto Costa, como diretamente ao presidente de então, José Sérgio Gabrielli, e à atual presidente Graça Foster, desde quando ela era diretora do setor de gás e energia.

O que é inusitado em toda esta história é o desembaraço da aparentemente bem intencionada Venina em assuntos que não eram de sua área específica, comunicando diretamente aos altos executivos da Petrobras, quando nestas organizações gigantescas existem especializações e hierarquias. Ela teria sido aconselhada a utilizar os canais competentes. A Petrobras alega que as denúncias foram encaminhadas para investigações, mas o tempo decorrido e as retaliações alegadas sobre a denunciante são indícios de comportamentos no mínimo suspeitos.

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Geóloga Venina Velosa da Fonseca

As denúncias estão documentadas pelas cópias dos emails enviados por um longo período, muito antes destes fatos começarem a ser objetos de investigações do Ministério Público e referem-se às suspeitas de envolvimentos de interesse partidário. Os fatos são mencionados com muito cuidado, e acabaram recebendo uma ampla repercussão na maioria dos meios de comunicação social do Brasil. Como estas questões estão sendo discutidos de diversos angulos, existem fortes indícios que correspondem ao que veio desenrolando na Petrobras, colocando o governo na berlinda.

Alguns aspectos são relacionados mais diretamente com a área em que esta funcionária atuava dentro daquela empresa, mas também existem outros que poderiam ser do seu conhecimento, desde que ela estivesse interessada nos corretos procedimentos daquela estatal. Tudo dá a impressão de que são fatos graves e críveis, colocando os dirigentes da Petrobras, que alegaram seus desconhecimentos, em situação extremamente desconfortável, de difícil sustentação.

Estas denúncias acrescentam fatos graves observadas por um novo ângulo, de quem parece não estar envolvida nestas questões. Tudo indica que o Ministério Público deverá ouvi-la para solidificar suas acusações, que estão sendo formuladas dentro de um processo jurídico.

Estes fatos são daqueles de alto calibre, capazes de afetar até um governo recentemente reeleito pelo voto popular.


Benefícios do Wasabi

11 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias, Saúde | Tags: artigo sobre wasabi no The Japan Today, benefícios para a saúde, efeitos gastronômicos

Um interessante artigo publicado por Evie Lund no The Japan Today, com informações provenientes do wasabi.net e organicfacts.net, fornece dados sobre os efeitos medicinais do wasabi, que é uma planta da família brassicacae que inclui também a mostarda e a raiz forte, com os quais não se confunde. Lamentavelmente, no Brasil só se dispõe do chamado wasabi, uma mistura de mostarda, rábano e corante alimentar, que é vendido em tubos ou servido com o sushi ou sashimi nos restaurantes. O wasabi é uma espécie de raiz, que só pode ser cultivada em terreno com águas correntes límpidas, e deve ser usado ralado, perdendo o seu poder muito rapidamente, sendo muito caro também no Japão, e servido somente em estabelecimentos de luxo.

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O verdadeiro wasaki que só pode ser cultivado em terras com águas límpidas e nada tem a ver com os vendidos com este nome que se obtêm em tubos ou em pó, lamentavelmente

Nos bons restaurantes do Japão, o wasaki é servido ralado destes tubérculos, para serem consumidos rapidamente. Provocam uma reação rápida nas narinas e possuem a qualidade de ajudar a manter os alimentos saudáveis. Podem ser um pouco forte para os que não estão acostumados com o seu consumo.

O artigo informa que o wasabi provoca alguns efeitos interessantes para a saúde. Ele evita a intoxicação alimentar, pois contém isotiocianato de alilo, um potente bactericida. Além de ser consumido com peixes crus, como o sashimi e o sushi, recomendam-se o seu uso nas caixas de bento para ajudar a manter os alimentos livres de quaisquer esporos de fungo. O gengibre também ajuda nesta função e costuma ser servido como conserva, e, ao lado da sopa de missô, ajuda a manter o aparelho digestivo em ordem.

Um segundo motivo é que o wasabi ajuda a manter os seres humanos jovens, na medida em que o sulfinito liberado por ele ralado é um antioxidante poderoso. Evita o envelhecimento precoce e reduz o oxigênio reativo do corpo. Acaba evitando o cancro, que provoca o envelhecimento natural.

O wasabi poderia ajudar a prevenir certos tipos de câncer, pois o seu composto chamado 6 MSITC tem propriedades anti-inflamatórias, e proporcionam a defesa do hospedeiro de células cancerígenas. Este componente também trabalha para inibir a agregação plaquetária em coágulos sanguíneos, reduzindo problemas cardíacos e neurológicos.

O wasabi ajuda a limpar o peito bloqueado a partir de um resfriado, gripe ou alergias. A liberação gasosa do isotiocianato de alilo ajuda a combater as bactérias nos tratos respiratórios. É preciso que se atente se estiver usando um medicamento que é metabolizado pelo fígado, pois o wasabi em excesso pode interferir nestas funções de forma imprevisível.

É lamentável que o wasabi ainda não seja cultivado no Brasil. O máximo que se consegue é a raiz forte, que é consumida muito pelas populações de origem europeia.


O Aperfeiçoamento do Ministério Público Brasileiro

11 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: Constituição de 1988, o caso do Banestado, o funcionamento na Operação Lava-Jato

Um esclarecedor artigo foi publicado por Letícia Casado e André Guilherme Vieira no Valor Econômico mostrando como veio se formando a equipe de procuradores que está conseguindo um resultado invejável na Operação Lava-Jato. Na realidade, a Constituição de 1988 proporcionou condições para que o Ministério Público tivesse como se consolidar numa instituição independente que permitisse a investigação de complexos casos de corrupção inspirado na operação Mãos Limpas que desarticulou a máfia italiana no começo dos anos 1990. Muitos procuradores se prepararam no Brasil e no exterior, para se capacitarem a investigar complexos casos de corrupção que envolvesse uma ação internacional. O primeiro caso que resultou num importante aprendizado prático foi o do Banestado, no Estado do Paraná, quando volumosos recursos foram desviados por “doleiros” na remessa de recursos para o exterior. O artigo informa que o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, vice-secretário de cooperação jurídica internacional da Procuradoria Geral da República, é o “cabeça” da atual equipe que está assombrando tanto grandes empreiteiras como corruptos relacionados com a Petrobras.

Carlos Fernando dos Santos Lima fez o mestrado na Universidade de Cornell nos Estados Unidos, especializando-se nestes assuntos. Mas outros procuradores que atuam na equipe, como Deltan Dallagnol, também concluíram o mestrado em Harvard, igualmente nos Estados Unidos, tendo se especializado em teoria das provas como de delação premiada, igualmente em colaboração jurídica internacional. Outro procurador é Diogo Castor de Mattos, ele que fez mestrado em função política do direito na Universidade do Norte do Paraná. O procurador Roberson Henrique Pozzobon é mestre em direito econômico. O procurador Paulo Roberto Galvão tem mestrado em direito na London School of Economics, no Reino Unido. Orlando Martello Junior é mestre pela FGV em direito tributário, Januário Paludo é mestre em direito do Estado na Universidade de São Paulo, Antonio Carlos Valter é mestre pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em ciências jurídico-criminais, em Portugal, e Athayde Ribeiro Costa é especialista em improbidade administrativa. Ainda que estejam em unidades diferentes do Ministério Público, acabam atuando como equipe nesta Operação Lava-Jato. Parece evidente que havia uma preparação adequada destes agentes públicos para atuação em casos de grande complexidade como este Lava-Jato, não sendo um mero acaso que se venha obtendo sucesso.

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Procurador Carlos Fernando dos Santos Lima

É evidente que somente esta equipe do Ministério Público não conseguiria os resultados até agora obtidos se não contassem com o respaldo de um juiz como Sergio Moro, titular da 13ª Vara Criminal da Justiça Federal do Paraná, que vem se destacando por uma atuação firme, aceitando denúncias como contra o “doleiro” Roberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa que aceitaram efetuar as delações premiadas, procurando reduzir as potenciais penas pelos crimes de que estão sendo acusados.

Os advogados, notadamente das empreiteiras acusadas, estão se movimentando para defesa dos seus clientes, tentando manobras como a transferência da ação para a alçada do Supremo Tribunal Federal, visando contar com maiores flexibilidades de algum ministro. Tambem tentaram acordos judiciais que, mediante o pagamento de multas elevadas, tivessem seus clientes em melhor situação. Mas, até agora, encontraram fortes determinações dos procuradores que procuram consolidar uma situação onde as corrupções deste tipo tenham menores condições de prosperar, o que estão conseguindo obter com competência decorrente de suas preparações como experiências acumuladas no caso anterior do Banestado, quando se desviou cerca de US$ 30 bilhões em Foz do Iguaçu.

Toda esta experiência está sendo consolidada em estudos que procuram habilitar outros membros do Ministério Público, evitando-se que muitos sejam seduzidos pela grande exposição na mídia, que acabam atraindo as vaidades humanas.

Como todas as questões judiciais, estes processos são trabalhosos e demorados, envolvendo muitos intervenientes, e ainda encontra-se nos estágios iniciais até poder atingir a conclusão final que transitem em julgado, com as penalidades de todos os considerados culpados. Mas mostra que existem esperanças para que seus exemplos acabem inibindo ações criminosas em outros casos, como está sendo necessário no Brasil atual, onde a impunidade gera uma insatisfação geral da sociedade brasileira.


Drama das Mães Separadas no Japão

10 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo sobre o assunto no The Japan Times, falta de creches num país desenvolvido, falta de responsabilidade dos pais, tratamento desigual para as mulheres

Apesar do primeiro-ministro Shinzo Abe informar que o governo está tentando proporcionar as melhores condições para o trabalho das mulheres, leitores, como do artigo publicado por Rin Ichino no The Japan Times, ficam surpresos com as notícias de que uma economia desenvolvida como a japonesa não consegue fazer com que as mães, hoje responsáveis pela família, consigam se manter de forma condigna apesar dos seus empenhos, sendo condenadas à pobreza. Como no Japão a maioria dos divórcios ocorre de comum acordo e não há decisão judicial que responsabilize os homens também pelos encargos com a educação dos filhos e das ex-esposas, elas são obrigadas a trabalhar em condições bastante desiguais dadas as diferenças dos salários decorrentes do sexo. E o número de creches para seus filhos é mínimo.

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As mães japonesas, hoje separadas, não conseguem manter o seu padrão de vida, pelos seus salários mais baixos e falta de creches

O artigo menciona diversos casos destas mães que hoje estão separadas, cuidam dos seus filhos e precisam trabalhar intensamente, ainda que seus salários estejam abaixo da metade do salário nacional. Poucas recebem o suporte dos seus ex-maridos e contam com creches convenientes para atender suas crianças. Esta situação coloca o Japão no último lugar entre os 34 países da OCDE, fazendo com que a maior parte dos encargos fique com as mães.

Os estudos efetuados por especialistas no assunto informam que os salários destas mães acabam ficando bem abaixo do mercado, em média 35% dos empregos de tempo integral e permanentes, por serem temporários e não de carreira. Elas possuem poucas reservas para enfrentar uma eventual aposentadoria, cerca de 5% da média dos japoneses.

Além de terem todas as tarefas de casa, acabam sendo obrigadas a aceitar empregos provisórios de tempo parcial, não contando com o adequado suporte para cuidar dos seus filhos. Algumas aspiram contar com serviços próprios como ensinar outras mães a cuidarem dos seus filhos, aproveitando as duras experiências que possuem. Somente 39% destas mães possuem um trabalho regular, e muitas dependem das ajudas dos seus pais.

Havia um programa subsidiado do governo no Japão para treinamento destas mães para as habilitarem a empregos, mas acabou sendo extinto, pois a falta de qualificação não se tratava do foco do problema.

Apesar de Shinzo Abe ter prometido a criação de 200 mil vagas nas creches, ele só conseguiu 9 mil, esperando chegar à meta nos próximos quatro anos. Somente 20% dos ex-maridos japoneses pagam as pensões para suas ex-esposas, inclusive seus filhos comuns, não havendo mecanismos legais para assegurar estes pagamentos. Este percentual nos Estados Unidos chega a 74%.

Ainda que estes problemas existam em muitos países, tudo indica que não são tão graves como os do Japão.


Entrevista de Francisco Dornelles para o Valor Econômico

9 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: as limitações, lições importantes, longas experiências no Executivo e no Legislativo

Francisco Dornelles, que está deixando o Senado, é uma das personalidades brasileiras que acumularam longas e profundas experiências também pelo exercício de variadas funções no Executivo. Depois de todos estes anos de vida pública, suas experiências, inclusive frustrações como apresentado na entrevista aos jornalistas Raquel Uchôa e Ribamar Oliveira do Valor Econômico, mostram as dificuldades existentes para a administração de um país tão complexo como o Brasil. Além de não conseguir soluções para seus problemas fundamentais, ainda continua acrescentando outros que acabam ampliando mais as responsabilidade de todos, dos eleitores, dos parlamentares, dos que estão no comando do Executivo, como até dos burocratas que não conseguem proporcionar uma operacionalidade para a gigantesca máquina da administração pública.

O conhecimento dos problemas aposentados, do seu ponto de vista de um experiente ator neste cenário brasileiro por muitas e muitas décadas, mostra como eles são difíceis de serem equacionados, mas, se não se desejar condenar o Brasil a uma estagnação, os mais graves terão que ser enfrentados. Não se trata de quem está no governo ou na oposição, pois ele esteve em ambos os lados, lutou para sanar muitos, mas os que se multiplicam hoje mostram que poucos avanços foram obtidos. Se suas observações forem aproveitadas, de alguma forma pode haver um ponto de inflexão, onde as soluções superem o surgimento de outros obstáculos.

Plenário do Senado

Francisco Dornelles atuou no Executivo e no Legislativo

Ele lamenta não ter conseguido a reforma do setor financeiro, reconhecendo que o Conselho Monetário Nacional, hoje só constituido pelo ministro da Fazenda, ministro secretário do Planejamento e presidente do Banco Central, é que fixa a meta inflacionária a ser perseguida pelo Banco Central, que, em sua opinião, deve ter a plena autonomia para tanto. Todos, que possuem alguma experiência na administração pública, sabem que somente estas três autoridades não formam um verdadeiro Conselho que tenha liberdade para discutir alternativas.

Também lamenta não ter conseguido a reforma do sistema orçamentário, que entende deva ter a sua anualidade modificada, pois, ao seguir o ano civil, fica com a sua decisão concentrada no período mais difícil que é o final de ano. Em muitos países, reconhece-se que a função do Legislativo mais importante é a discussão deste orçamento, o que não acontece no Brasil.

Ele é também a favor do voto distrital como uma forma de ligar mais diretamente os eleitores aos eleitos, pois, no atual sistema proporcional, a responsabilidade fica diluida por uma bancada que é eleita por Estado, impossibilitando esta fiscalização mais próxima.

Entende que o problema crucial da economia brasileira é recuperar a sua capacidade de investimentos, que hoje está concentrada em algumas estatais como a Petrobras que está profundamente atingida pelas críticas. Ele entende que as pessoas responsáveis pelas irregularidades devam ser punidas e não as empresas, estatais ou privadas, que concentram os investimentos.

Como não existe uma preocupação com a eficiência da administração pública, a tendência que se observa é do continuo crescimento da máquina pública, até para o atendimento das necessidades sociais, que de alguma forma já vêm sendo contempladas, não havendo recursos tributários suficientes para a sua expansão.

Francisco Dornelles entende que deva haver uma forte desburocratização, uma privatização de muitas estatais, e que o erro cometido na Petrobras, onde ela ficou com a responsabilidade de 30% das concessões, precisa ser corrigido. Para que possa se contar com o setor privado, inclusive empresas estrangeiras para arcar de fato com os pesados investimentos indispensáveis.

A íntegra da entrevista pode ser acessado no http://www.valor.com.br/politica/3809092/temos-que-separar-empresas-das-pessoas .


Longa Entrevista de Shinzo Abe ao The Economist

8 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: entrevista concedida em Tóquio ao The Economist

Shinzo Abe certamente será eleito nas próximas eleições japonesas de 14 de dezembro, restando saber se terá um apoio decisivo do eleitorado para o seu partido, o LDP – Liberal Democratic Party ou uma simples vitória pela falta de uma oposição mais articulada. Ele concedeu uma longa entrevista para o editor da Ásia do The Economist, Dominic Ziegler, e o chefe do escritório da revista em Tóquio, Tamzin Booth, sobre os assuntos relacionados com o papel do Japão na economia asiática e mundial, bem como assuntos internos do país, mesmo para questões que poderiam ser consideradas embaraçosas. As perguntas formuladas poderiam ser mais agudas sobre os problemas enfrentados pelo Japão.

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Shinzo Abe em campanha eleitoral para conseguir respaldo mais amplo para o prosseguimento de sua política denominada Abeconomics

Diante da intensa atividade internacional de Shinzo Abe, a revista perguntou a ele se sentia com pressa, como um homem com uma missão. Ele respondeu que acha que não tem muito tempo, pois a China continua crescendo e os demais países procuram manter a sua competitividade. O Japão está com a população reduzindo e envelhecendo, carregando uma dívida pública enorme. O país teria que recuperar a sua força econômica, de forma democrática e pacífica. Para tanto, necessitaria promover reformas.

A revista entende que todos procuram ter vertentes diferentes para problemas internos e externos, o que no caso do Japão aparecem juntos. A resposta é que, na sua juventude, o Japão crescia muito e passou agora por 20 anos de estagnação. Não haveria como separar as duas políticas.

A revista perguntou sobre as diferenças atuais com o seu primeiro mandato como primeiro-ministro em 2007. A resposta foi a emergência da China e a estagnação japonesa. Ele entende que a melhoria econômica dos chineses está aumentando o seu turismo ao Japão, que foi recorde neste ano, perto de 10 milhões, devendo continuar crescendo para 13 milhões no próximo ano.

A pergunta seguinte foi como ele vê a China, e a resposta envolveu considerações históricas de sua província de Yamaguchi, sempre com a visão para o exterior. Destacou a flexibilização monetária que introduziu e recebia restrições de muitos.

A pergunta foi como segue a Abeconomics depois da eleição. Ele afirma que pretende reformas como o da agricultura, da assistência médica, como do mercado de trabalho. À pergunta de como seria isto, ele se referiu à utilização da mão de obra feminina e a melhoria na redução dos desperdícios na medicina.

Outra pergunta foi feita sobre o TPP – Parceria Trans-Pacifica. Abe se considera o líder mais forte que pode avançar no TPP. A pergunta voltou para a China, quando Xi Jinping mostrou na foto de ambos que havia uma contrariedade. Abe informou que entendeu a posição dele, como se fora para consumo interno. A pergunta agora foi sobre Senkaku, Abe entende que todos terão que se entender sobre o Mar da China.

A pergunta seguinte foi sobre os 70 anos do término da Guerra, começando com o problema das “mulheres de conforto”. Ele respondeu sobre o seu lamento, mas, quando o Japão é difamado, precisa defender a sua honra. Acha que no século XXI o direito das mulheres precisa ser protegido. Abe acha que alguns erros foram cometidos, mas entende que as relações com a Coreia do Sul não pode se restringir somente a este item.

À pergunta sobre os fantasmas existentes nas relações asiáticas, Abe respondeu que fantasmas não existem, e que o Japão adota uma política proativa na região.

Numa avaliação geral, a entrevista só poderia ser interessante se as perguntas formuladas fossem relevantes. Não foi perguntado como o Japão vai enfrentar o problema de sua redução da população e seu envelhecimento, e se isto pode provocar uma flexibilização às restrições a imigração. Também quanto ao grande problema da dívida pública, como vai se realizar o aumento da tributação indispensável.

Sem que se caminhe para as questões fundamentais do Japão, ainda que de difícil solução, parece que mesmo a prorrogação da permanência de Shinzo Abe no comando do país não vai resolver os problemas cruciais dos japoneses.