Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Independência Energética Norte Americana e Seus Efeitos

24 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo publicado no Project Syndicate, implicações mundiais, importante colocação de Joseph S.Nye

Poucos artigos foram tão felizes como este de Joseph S.Nye, chairman do US National Intelligence Council e professor da Universidade de Harvard, publicado no Project Syndicate, que esclarece a importância da independência energética que está sendo alcançada pelos Estados Unidos, com consequências em todo o mundo. Ele começa se referindo à intenção de Richard Nixon nos primeiros anos 1970 procurando a independência energética daquele país, mas que os diversos mandatários seguintes só conseguiram agravar a dependência do fornecimento externo, a preços 15 vezes mais elevados.

O autor afirma que o choque energético contribui para uma combinação letal da estagnação econômica e inflação, mas ninguém levou o assunto a sério. Os Estados Unidos importavam naquela época um quarto do petróleo necessário, e depois do embargo árabe e a revolução iraniana passaram a importar metade do que necessitavam. Hoje, a US Energy Information Administration estimam que a metade do petróleo bruto necessário seja produzida nos Estados Unidos no final desta década e 82% virá do lado americano do Atlântico.

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Joseph S.Nye

Segundo Philip Verleger, considerado um respeitável analista de energia, em 2023 os Estados Unidos estarão exportando mais energia que importando, tendo energia mais barata do que o resto do mundo. Na realidade, isto será conseguido com a exploração do xisto, produzindo gás e óleo, que veio crescendo 45% ao ano entre 2005 a 2010. O gás do xisto chegou a 24% de todo o gás produzido naquele país, dispondo-se de reservas para um século.

Ainda que reconheça que existem precauções adicionais a serem tomadas para preservação do meio ambiente, principalmente das águas, o autor entende que o seu custo representa somente 7%. O gás de xisto provoca menos gases estufa do que outros hidrocarbonetos, como o petróleo e o carvão.

O impacto destes fatos deve ser substancial para a economia norte-americana, além de alterar a geopolítica mundial, com o aumento do poder dos Estados Unidos. No livro do autor, The Future of Power, ele afirma colocar o problema do envolvimento da sensibilidade às flutuações dos preços internacionais e da redução de sua vulnerabilidade ao fornecimento externo.

Uma revolução na Arábia Saudita ou um bloqueio do Estreito de Hormuz, e mesmo os problemas da não proliferação nuclear continuarão exigindo gastos militares estimados em US$ 50 bilhões anuais dos Estados Unidos para proteger as rotas de petróleo do Oriente Médio.

Mas ele entende que as relações internacionais que eram assimétricas para os norte-americanos tendem a melhorar, tanto pela dependência europeia do fornecimento do gás russo como a necessidade da China proteger a sua rota de abastecimento do Oriente Médio. Segundo o autor, o balanço das importações e exportações de energia não produz a independência pura, mas altera as relações de poder envolvidas na interdependência energética.

Refletindo estes problemas para o Brasil, nota-se que o país dispõe de independência alimentar e energética, necessitando investir na sua independência militar, ainda que isto seja sempre indesejável.