Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Experiência Odontológica em Tóquio

16 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: atendimentos de emergência, problemas odontológicos durante as viagens, serviços odontológicos em Tóquio para turistas internacionais

Ainda que muitas pessoas não apresentem sintomas de problemas odontológicos, os dentistas informam que durante os voos aéreos eles podem se manifestar de forma inoportuna e desagradável. Uma experiência pessoal acabou ocorrendo depois de um voo de Cingapura para Tóquio, num fim de semana mais longo em decorrência de um feriado no Japão, que costuma ser deslocado para a segunda-feira. Durante a noite num hotel, a dor se tornou insuportável, mas no dia seguinte, devido à efeméride, quase nada funcionava adequadamente numa grande metrópole como a capital japonesa. Fui informado que existia em cada bairro um plantão odontológico de emergência nos feriados. Fui encaminhado para o mais próximo que ficava no próximo bairro de Mita, com um profissional, uma enfermeira e uma atendente numa instalação adequada e confortável. Mas fui informado que só se atendia em situação de emergência, sem um procedimento definitivo depois do diagnóstico da situação.

O dentista, para segurança do seu diagnóstico, apesar do inchaço que no rosto que era evidente, decidiu pela necessidade de um raio-x com todo o cuidado, que efetuado mostrou que a base de um dos dentes estava infeccionado em decorrência da mudança de pressão a que os passageiros estão sujeitos nos voos. Para agravar a situação, havia um forte tufão que caminhava em direção a Tóquio, com os meios de comunicação, principalmente a televisão, acompanhando este fenômeno climático, a velocidade de seu deslocamento, bem como os ventos que provocava com uma precipitação pluviométrica elevadíssima em torno do seu trajeto. Mesmo que as previsões fossem feitas, não havia uma segurança exata do seu rumo como da intensidade dos ventos, mas era possível se prever chuvas e ventos fortes na região. Com o diagnóstico feito pelo dentista, foram receitados medicamentos para a redução das dores, como da infecção, recomendando-se resfriar a região para redução do inchaço. Ainda bem que, como em muitas clínicas e hospitais japoneses, os medicamentos já eram oferecidos, pois não seria fácil localizar uma farmácia num dia destes, pois elas são poucas no Japão, principalmente quando comparado com o Brasil.

Os medicamentos para quatro dias foram fornecidos, bem como a recomendação de que se procurasse um profissional de odontologia depois deste período. Em Tóquio dispõe-se de alguns que atendem inclusive em inglês para pacientes estrangeiros. A companhia de seguro de viagem recomendou alguns, para possível reembolso. Do hotel que estava utilizando, apesar da redução das dores e da inflamação, optei pelo mais próximo, o Shiodome City Center Dental Clinic.

Para quem não está familiarizado com Tóquio, Shiodome é um verdadeiro bairro novo criado sobre a área de um antigo pátio ferroviário na capital japonesa, onde se localizam grandes edifícios bem atualizados. Suas instalações são modernas, comportando uma grande série de atividades, até uma importante estação de televisão.

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Shiodome, bairro construído sobre um antigo pátio ferroviário

A clínica contava com o que de mais contemporâneo e atualizado pode se contar para atender aos pacientes que necessitam dos mais variados cuidados odontológicos, com uma equipe de profissionais habilitados para atender em japonês como em inglês. Com todas as informações do paciente, eles fizeram o primeiro exame que recomendava um novo raio-x, agora panorâmico, que fornecia a imagem completa da arcada dentária. O paciente tinha uma tela à sua frente com toda a imagem ampliada, onde o dentista explicava o que estava ocorrendo. Havia claramente uma bolsa de pus na retaguarda de um dos dentes, que com a pressão na viagem aérea procurava uma saída.

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Exemplo de um raio-x panorâmico, mas o meu tinha uma qualidade de imagem bem superior

Isto provocava a infecção e a dor, que estavam aliviados pelas medicações anteriores, mas não recomendaria que o paciente utilizasse um transporte aéreo, pois o problema se repetiria. A recomendação era, mediante o uso de uma anestesia, se procedesse à extração de todo o pus possível, deixando até um canal para a eventual saída de um resíduo, ao mesmo tempo em que medicamentos anti-inflamatórios e anti-infecções fossem ministrados por alguns dias, até a avaliação da evolução do quadro.

Uma técnica utilizada pelos profissionais japoneses é o uso do sal antes da picada do anestésico, evitando problemas de infecção e de uma eventual intensidade da dor.

Tudo transcorreu de forma brilhante, sem a mínima dor, ao mesmo tempo em que na junção de dois dentes, um superior e outro inferior, fosse efetuado uma espécie de redução do contato, para evitar pressões exageradas na hora da mastigação.

Muito interessante foi também a experiência do uso de uma farmácia no Japão. Com o receituário na mão, o paciente é solicitado optar por medicamentos genéricos ou de marca, necessitando fornecer um quadro do seu passado médico, por escrito como se fosse numa consulta médica, para as possibilidades de alergias ou qualquer outra contraindicação. Um profissional de farmácia informa todos os detalhes dos medicamentos, suas indicações, dosagens, as formas de serem utilizados. Os medicamentos são fornecidos somente nas quantidades necessárias para os dias do seu uso recomendado pelo odontologista, e não em caixas com quantidades além do indispensável.

Com toda esta qualidade de serviços, fiquei imaginando os preços cobrados, e fiquei muito surpreso ao notar que não chegam a ser a metade dos serviços prestados em outros países ou no Brasil. Um intercâmbio cogitado pelo governo brasileiro com o japonês pode proporcionar uma melhora que muitos destes aperfeiçoamentos também estejam disponíveis para os brasileiros.


Primeiros Pronunciamentos do Prêmio Nobel Jean Tirole

15 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: destaque na imprensa mundial, os aspectos financeiros, trabalhos sobre regulamentação, tradição liberal | 2 Comentários »

Muito oportuna a escolha do Prêmio Nobel de Economia de 2014, o acadêmico francês Jean Tirole que também já exerceu atividades no MIT – Massachusetts Institute of Technology, além de muitas ações em organismos internacionais. Ele é considerado um especialista em regulação dos mercados e o seu primeiro pronunciamento para a Bloomberg referiu-se à necessidade de regulação adequada do mercado financeiro internacional, onde as grandes instituições bancárias do mundo abusam da liberdade de fluxos financeiros que em nada contribui para a adequada necessidade de suprimento dos créditos para a ampliação das atividades produtivas, fomentando somente a especulação.

Quando autoridades monetárias de diversos países e regiões, começando pelo FED norte-americano, começaram, depois da crise de 2007/2008, a abusar da chamada easing monetary policy, inundando o mundo de dólares americanos, acabou-se beneficiando um pouco os Estados Unidos, mas provocando uma guerra cambial no mundo, fazendo com que os japoneses e os europeus também acompanhassem o mesmo tipo de política, para evitar a exagerada valorização de suas moedas, que prejudicavam suas exportações e facilitavam as importações, provocando um desequilíbrio na balança comercial. Países emergentes como o Brasil, que não possuem moedas aceitas no mercado internacional, acabam sofrendo estas valorizações, que prejudicam suas economias. Isto acaba ampliando as injustiças mundiais, que ajudam os países já industrializados e dificultam os demais, que são a maioria.

Se no setor financeiro estes problemas são graves, não deixam de também gerar problemas nos mercados onde um número limitado de empresas acaba dispondo de um forte poder monopolístico, o que é uma dura realidade com que se conta no mundo. Ainda que muitas entidades venham discutindo a necessidade de uma adequada regulamentação que não são aceitas, também em alguns setores de produtos estratégicos os tipos similares de situações monopolísticas acabam resistindo igualmente às regulamentações.

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Prêmio Nobel de Economia de 2014, Jean Torole

Os esforços de medidas antimonopólios resultam em algumas adequações nos mercados de diversos produtos, mas quando se trata do setor financeiro, que tem um poder mais generalizado e de influência em todas as economias, as resistências são mais acirradas, esperando que a concessão deste prêmio ajude a generalizar a consciência destas necessidades de regulações. É evidente que a ganância de alguns continuarão com suas restrições, mas espera-se que a opinião pública acabe induzindo a todos para regulamentações mais razoáveis.


Neymar: Novo Ídolo Esportivo na Ásia

14 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias | Tags: a divulgação da vitória brasileira sobre o Japão por 4 a 0, Imprensa japonesa, novo ídolo asiático

O futebol sempre foi uma atividade que ajudava a disseminação da imagem brasileira na Ásia. Astros como Pelé, Ronaldo e muitos outros eram mais conhecidos que artistas, políticos ou outras personalidades, identificando-se com a imagem do Brasil nesta parte do mundo, ainda que isto também seja um fenômeno mundial. Encontrando-se com asiáticos, a primeira face atual do Brasil que lembrada é do Neymar e do seu futebol, pois está destacada por todos os mecanismos de comunicação de massa. Quando informamos que somos brasileiros, no passado a primeira impressão no interior dos países do Sudeste da Ásia como nos confins da China era Pelé. Hoje já é Neymar, cujo nome é repetido centenas de vezes pela televisão, como a sua foto aparece em todos os jornais e revistas. O Brasil hoje já é reconhecido pelos simples asiáticos com o nome e a face de Neymar.

Além das empresas privadas que possuem o seu interesse comercial nesta parte do mundo, as autoridades precisar aproveitar a oportunidade para a divulgação do Brasil tanto em termos turísticos como de toda a sua imagem de um bom brasileiro. Como Pelé ajudou o Brasil a ingressar até no mercado russo de café, a boa imagem que se têm deste novo ídolo precisa ser aproveitada para todo e qualquer publicidade. Se mesmo astros futebolísticos pouco conhecidos no Brasil servem para ajudar a vender produtos nos mercados asiáticos, ainda mais de um jovem ídolo mundial como Neymar que tem uma imagem de um bom mocinho, que mostra que o país dispõe de talentos criativos.

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Neymar, a nova face do Brasil na Ásia

O Brasil conta com uma imagem positiva na Ásia porque não é considerado por nenhum dos seus aspectos problemáticos. Necessita mais do que nunca da ajuda desta parte do mundo que mantém um dinamismo econômico superior ao mundial. Neymar, por jogar também pelo Barcelona, é bastante divulgado entre os asiáticos. Com quatro gols sobre o Japão na partida disputada em Cingapura, eleva a sua imagem que precisa ser ressaltada como de um bom ídolo brasileiro.

Ainda que sua imagem seja dispendiosa do ponto de vista comercial, entidades, como a EMBRATUR, que se preocupam com o aumento do turismo internacional para o Brasil precisam utilizá-lo para suas publicidades. Aviões como da EMBRAER, a desgastada imagem da PETROBRAS, como do BANCO DO BRASIL ou do BNDES necessitam aproveitar a sua imagem, tanto para as vendas, promoção de exportação como para a captação de recursos.

Os materiais esportivos de grifes internacionais já estão utilizando a sua imagem. Outros produtos industriais brasileiros como de serviços precisam aproveitá-lo e a sua imagem, antes que outras empresas multinacionais acabem contratando-o.


Seleção de Futebol nos Noticiários do Japão e Cingapura

13 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: inauguração do novo estádio em Cingapura, partida com o Japão, vitória sobre a Argentina na China

Por uma mera coincidência, quando estou viajando por Cingapura e pelo Japão, a seleção brasileira de futebol acaba merecendo um destaque na imprensa esportiva dos dois países, com a importante vitória sobre a Argentina por 2 a 0 na China. É que o Brasil conseguiu atrair maior atenção, pois será o protagonista na inauguração do novo estádio nacional em Cingapura, quando disputará a partida com a seleção japonesa. Ainda que tenha sofrido um desgaste com a derrota perante a Alemanha na última Copa do Mundo, o Brasil continua merecendo um destaque no mundo, pois muitos dos seus jogadores atuam na Europa, sendo divulgados internacionalmente.

O novo estádio de Cingapura é uma maravilha, como muitos dos grandes empreendimentos imobiliários desta cidade/país, que também é uma espécie de capital regional do Sudeste Asiático e que tem um respeitável nível de renda. No Japão, uma parte da consolidação do futebol profissional dependeu muito de jogadores e técnicos brasileiros, que continuam tendo destaque no futebol mundial. Por exemplo, Kaká é um destaque e todos ficaram satisfeitos com sua convocação feita pelo técnico Dunga, e ainda que tenha participado somente de poucos minutos já no final da partida com a Argentina.

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Aspectos do novo estádio nacional de futebol de Cingapura, que será inaugurado numa partida entre a seleção brasileira e a japonesa

É evidente que a brilhante vitória brasileira sobre a Argentina na China aumentou o interesse pela inauguração, que certamente estará totalmente ocupada com a venda antecipada dos ingressos, ainda que Cingapura não esteja esportivamente envolvida na partida. O Japão vem se destacando como campeão asiático e também tem muitos jogadores atuando em equipes internacionais que têm seus jogos televisionados.

Como um grande espetáculo de interesse internacional, a partida está sendo divulgada nos mais variados jornais com grande destaque, o que acaba ajudando na imagem brasileira no exterior.


Um Forte Tufão no Meu Caminho

10 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: mudanças, o tufão mais forte da temporada, previsibilidade, tufão denominado Vongfong

Encontro-me nestes dias em Cingapura e estou programado para seguir domingo próximo para Tóquio. Os noticiários informam que está ocorrendo atualmente um forte tufão denominado Vongfong, o mais forte da temporada nesta parte do mundo, caminhando das Filipinas em direção a Okinawa, no Japão, tendo uma previsão de poder atingir o arquipélago japonês exatamente no período em que está prevista a minha chegada naquele país, com menor intensidade. Pelas experiências passadas, tenho conhecimento que tanto a velocidade do deslocamento, a intensidade dos ventos, bem como o roteiro podem sofrer alterações, ainda que os especialistas utilizem todos os seus conhecimentos para estas previsões. Elas são importantes por alertarem a população para que tomem as precauções possíveis.

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Japanese time Thursday (5 a.m. EDT in the U.S.), the eye of Vongfong was just under 500 miles south-southeast of Kadena Air Base on Okinawa, moving north-northwest at 7 mph.

A partir de 18h no horário japonês da quinta-feira (05h00 EDT nos EUA), o olho de Vongfong estava a menos de 500 quilômetros ao sul-sudeste da base aérea de Kadena, em Okinawa, movendo-se em direção norte-noroeste a 7 mph. Os ventos máximos tinham cauda um pouco fina, mas ainda eram cerca de 155 mph, solidamente o equivalente a um furacão de categoria 4, de acordo com o Centro de Atenção Joint Typhoon do exército norte-americano.

Um par de características sutis nos pisos superiores da atmosfera norte de Vongfong, incluindo uma fraca perturbação no ar superior se movendo para o oeste do Japão. Em seguida, um sistema de alta pressão de bloqueio temporário irá desempenhar um papel significativo na determinação de quão perto o núcleo de faixas Vongfong chegará para algumas partes do Japão, segundo os especialistas. Infelizmente, esse bloqueio temporário alto agora parece prestes a empurrar o núcleo de ventos mais fortes do Vongfong para mais próximo das Ilhas Ryukyu, incluindo Okinawa, neste fim de semana.

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Vongfong will continue to weaken slowly as it moves north, and will lose super typhoon status (150 mph or greater max sustained winds) shortly, but will still be a formidable typhoon as it draws close to southwest Japan this weekend.

O que acontece com estes tufões é que acaba provocando ventos fortes com elevadas precipitações na sua periferia. Ao mesmo tempo, ainda que as previsões dos especialistas sejam baseadas em muitos dados e modelos, sempre existem fatores que acabam determinando suas mudanças, não havendo uma segurança muito elevada nestas projeções.


O Enigma do Café de Qualidade

6 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais | Tags: artigo no Wall Street Journal, aumento do consumo de café de qualidade no Brasil, o caso do Coffee Lab

Não sei se o termo mais adequado seria o “enigma”, mas parece ocorrer algo misterioso com o consumo do café, que está aumentando nos grandes países produtores, como o Brasil, o Vietnã e a Colômbia. Um artigo publicado no The Wall Street Journal originalmente, reproduzido em português no Valor Econômico, elaborado por Leslie Josephs coloca esta intrigante questão, que não parece ainda totalmente esclarecida. O artigo sugere que o aumento da renda dos consumidores nestes países está provocando este estranho fenômeno do incremento do consumo, mesmo quando os seus preços sobem, caminhando cada vez mais para os de melhor qualidade. Todos sabem que na história brasileira, sempre se exportou os de melhor qualidade, ficando os mais modestos para o consumo interno por muito tempo.

Todos chamam a atenção que os consumidores brasileiros passaram a apreciar os de melhor qualidade, como destaca Isabela Raposeiras, dona do Coffee Lab que se sobresai em São Paulo por oferecer com sofisticação produtos de qualidade diferenciada. Ao mesmo tempo em que se prepara baristas, profissionais para o preparo adequado da boa bebida, para que as melhores matérias primas proporcionem as de alta qualidade, que possam ser apreciadas num ambiente adequado. Sou daqueles que começaram a trabalhar cedo num estabelecimento bancário que provava os cafés estocados que serviam de garantia para operações bancárias, espalhando o perfume inesquecível dos que estavam sendo torrados.

clip_image002                 Parte da dependência do Coffee Lab da Isabela Raposeiras em São Paulo

Na minha modesta opinião, pois o café proporciona oportunidade para as mais variadas posições, o enigma consiste no aumento da procura de bebidas de melhor qualidade, quando chegaram ao Brasil os hábitos inicialmente de cafés preparados nas máquinas italianas, com vapores para extraírem de uma porção de pó mesmo de qualidade modesta, do que se convencionou chamar de café expresso, que podia ser mais fortes, os conhecidos como curtos ou mais fracos. Apresentavam já as possibilidades de misturas com leites e assemelhados.

Depois de muito tempo evoluiu-se para as máquinas que trabalham com as cápsulas que apresentam um blend de diversos cafés, para proporcionarem sabores padrões para os mais variados gostos, desde os mais fortes até os mais fracos. Na medida em que os consumidores foram se acostumando com sabores variados, voltou-se para a sofisticação dos cafés de melhor qualidade, com bebidas que apresentam variações ricas como dos vinhos.

Segundo informações do artigo referido, o volume do consumo brasileiro ultrapassou o dos Estados Unidos, que ajudaram a disseminar cadeias de café pelo mundo. Certamente não eram os de melhor qualidade, perdendo para os europeus neste quesito. Agora, também se disseminam redes de cafés de melhor qualidade, com consumidores capazes de distinguir os de diferentes regiões e inclusive de determinadas fazendas, que procuram valorizar os seus produtos que não se destacam pela quantidade.

Os tratamentos das matérias primas também se sofisticaram, bem como os pontos de suas torragens, que na média eram exageradas no Brasil. Muitos dos atuais chegam ao nível dos utilizados pelos provadores, que permitem distinguir melhor a qualidade das bebidas, bem como sua acidez.

Estes avanços chegam em boa hora, mostrando que há uma mudança cultural no consumo do café, para proporcionar aos consumidores um prazer difícil de ser obtido por outras bebidas.


Significativas Mudanças do Japão com o Brasil

5 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais | Tags: dificuldade da data, o uso da imprensa, seminário com a ajuda do Valor Econômico e Nikkei

Se existe uma mudança significativa no comportamento do Japão com o Brasil, que se explicitou formalmente na visita do Primeiro Ministro Shinzo Abe ao país, foi o reconhecimento da importância do uso da imprensa brasileira. Vem se notando há meses que empresas japonesas de grande porte estão publicando anúncios em jornais especializados em economia como o Valor Econômico. Agora a Jetro – Japan External Trade Organization organizou o Fórum Econômico Brasil – Japão, com a participação do jornal japonês Nikkei e o Valor Econômico, que conta com um setor especializado na promoção deste tipo de evento, que apresenta a possibilidade de cobertura jornalística de importância. Reuniu os empresários japoneses que acompanham o Primeiro Ministro, com alguns convidados brasileiros, dispondo-se somente de um sábado na apertada agenda.

Segundo matérias publicadas no Valor Econômico, com a participação dos jornalistas Humberto Saccomandi, Tatiane Bortolozi, Eduardo Laguna, Rodrigo Pedroso e Luciano Máximo, além da presença do Primeiro Ministro Shinzo Abe, alguns empresários japoneses de peso puderam colocar suas orientações com relação ao Brasil, expondo também os problemas que enfrentam. A tônica parece a consideração de um relacionamento de longo prazo, confiabilidade das ações japonesas e a intenção de aumentar o intercâmbio com o Brasil, mesmo com os problemas que existem que comprometem a competitividade brasileira.

clip_image001       O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, defendeu que a América Latina é fundamental 
                                                          na estratégia japonesa

A maioria dos artigos publicados no Brasil como no Japão encara a visita como um contraponto as efetuadas por Xi Jinping, Presidente da China, que vem se empenhando em ampliar também para a América Latina as cooperações dos chineses. No entanto, no discurso oficial do Japão, anuncia-se que se pretende uma reavaliação da importância da região para aquele país, tentando entendimentos mais profundos de longo prazo, dentro da política japonesa de reativar a sua economia, o que pode ser entendido também somente como uma colocação diplomática.

Que existe potencialidade para a elevação do nível de cooperação do Japão com a América Latina, notadamente o Brasil, ninguém pode negar. No entanto, até o momento parece que o Japão está colocando o Sudeste Asiático como a mais alta prioridade, diante do crescimento econômico e político da China. Também a difícil convivência com os países do Extremo Oriente aparece necessária de ser acomodada, para não agravar as dificuldades mundiais.

Os pronunciamentos nacionalistas de Shinzo Abe não estão facilitando os entendimentos, e mesmo no Brasil, houve uma acentuada lembrança dos problemas étnicos, reportando-se as raízes da imigração como base de um dos motivos históricos de relacionamento com o Japão.

Que existem setores onde os japoneses podem auxiliar o Brasil na solução de alguns dos seus graves problemas, não há dúvidas. Eles dispõem de tecnologias que podem suplementar os que os brasileiros necessitam. Os problemas existentes todos também estão conscientes, mas as difíceis situações em que se encontram os japoneses como os brasileiros podem acabar acelerando o prosseguimento de alguns projetos de interesse mútuo.

Ainda que persistam dificuldades, também se reativam as esperanças que novas fases do intercâmbio bilateral entre o Brasil e o Japão estejam sendo colocados com maior realismo.


A Política de Comércio Exterior do Brasil

4 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais | Tags: acordos plurilaterais e bilaterais, as providências internas, o bloqueio da Índia na OMC, o problema do Mercosul

O Brasil vinha insistindo em acordos comerciais mundiais no âmbito da OMC – Organização Mundial do Comércio, hoje presidida pelo brasileiro Roberto Azevêdo, apesar do pessimismo de muitos. Com a oposição da Índia ao que se vinha tentando no chamado Tratado de Bali ficam sepultadas as remotas esperanças para avanços multilaterais dentro da chamada Rodada de Doha. Não restará senão as tentativas de acordos plurilaterais, entre os países que aderirem a eles ou bilaterais entre dois países. Estes tipos de acordos já estão disseminados em muitas partes do mundo, e o Brasil só conta com o problemático Mercosul, onde os países membros aumentam mais as dificuldades econômicas, do que ajudam no sentido de aumento do comércio exterior.

Todos concordam que os avanços multilaterais seriam os ideais, mas deve se aceitar que sempre houve grandes dificuldades para se obter um consenso mínimo. Os países industrializados procuram facilidades para colocarem seus produtos no mundo, mas não se dispõem a aceitarem que os produtos agropecuários ou matérias primas minerais tenham as mesmas vantagens de acesso nos seus mercados. Com atitudes pragmáticas foram sendo efetuados acordos mais restritos, que já representam um conjunto apreciável, além dos avanços em outros envolvendo muitos países, que estão sendo chamados plurilaterais.

clip_image002               Desânimo do Presidente da OMC, afirmando que o futuro da organização dependente
                                           das decisões dos seus países membros

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O Trabalho no Japão Principalmente Feminino

29 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais | Tags: artigo no Bloomberg, dificuldades para recursos humanos femininos, mudanças que não acompanham as de outros países

Um artigo publicado por Chris Cooper e Yuki Hagiwara no site da Bloomberg informa sobre as dificuldades das mulheres no Japão aumentarem a sua contribuição nos trabalhos formais de período integral, como ocorre em outros países da OCED – que reúne os desenvolvidos. Objetivo que está sendo almejado pelo governo, diante da redução de sua população na faixa do período ativo, com o aumento dos idosos e redução das crianças. Como continua vigorando naquele país a cultura dos assalariados da maioria das empresas que atingiram o nível de gerência, homens como mulheres, executarem o chamado “horas extras” que costumam ir até altas horas da noite, muitas mulheres que possuem família recusam estas promoções. Desejam contar com o período regular de trabalho nos escritórios, para jantarem em casa com seus filhos como o esposo, além de atenderem outros afazeres domésticos, como complementar a educação dos seus filhos, onde os homens continuam com poucos encargos.

De acordo com um relatório do governo japonês naquele país, somente 11,2% das mulheres ocupam cargos de gestão, enquanto no Reino Unido é de 34,2% e nos Estados Unidos chegam a 43,7%. Tendem a frustrar a intenção governamental de aumentar a sua participação, ainda que algumas facilidades estejam sendo oferecidas para elas. Na realidade, as chamadas “horas extras” não são exatamente executadas nos escritórios, mas muitas vezes em jantares com seus colegas como os clientes, que podem ser estender até os bares para bate-papos informais, onde informações vitais são intercambiadas, tentando formar os consensos sem os quais os japoneses têm dificuldades para decidirem. Muitas mulheres japonesas também se dispõem a trabalharem em casa utilizando a internet, mas as empresas japonesas ainda que utilizem muitos destes meios eletrônicos, ainda prezam as trocas de ideias em reuniões de grupos.

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Mulheres japonesas, mesmo capacitadas, preferem funções subalternas, para poderem exercer também funções domésticas.

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A Complexa Situação Geopolítica Mundial

23 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: mudança de polarização da URSS com a ascensão chinesa, o complexo quadro geopolítico atual, posicionamentos e evoluções futuras, redução da hegemonia dos Estados Unidos

Todos estão observando que se registram importantes mudanças recentes no quadro geopolítico mundial, com a redução da hegemonia dos Estados Unidos, até sobre os seus aliados. Tinha como polo dialético a antiga URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas comandadas pela Rússia, que sofreu uma desagregação. Mas aquele país procura recuperar a sua ascendência sobre a Criméia como outros países que participavam do seu bloco, como a Ucrânia e outros vizinhos, mesmo com a contrariedade da maioria dos países ocidentais. A recente derrubada de um avião civil na região, possivelmente atingido por um míssil, complica mais a situação mundial.

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United States of America

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