Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Diversidade da Cozinha Japonesa Atual

26 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias | Tags: ambiente agradável em Omotesando, cozinha tipo veggie com peixes, variados tipos criativos de vegetais com alguns peixes | 4 Comentários »

Percorrendo a conhecida rua Omotesando em Tóquio, considerada uma das mais luxuosas do Japão, localizamos um interessante restaurante tipo vegetariano, mas que utiliza também alguns pescados de forma muito criativa. Colhendo mais informações pela internet, verifica-se que conta ainda com mais dois estabelecimentos na capital japonesa, contando com uma rede de fornecedores de vegetais da melhor qualidade. Num jantar completo que custaria cerca de US$ 25 por pessoa, tivemos oportunidade de apreciar mais de 20 pequenas porções criativas de alimentos da melhor qualidade. Começou com uma grande espécie de salada, todos sobre gelo picado, com um molho que era mantido quente com uma espécie de pequena vela. Todos devem ser apreciados crus, saborosos e provenientes de fornecedores que mantêm um acordo com a rede destes restaurantes. Tudo da melhor qualidade, impressionante pelo sabor, notando-se que alguns devem ser criações que não se encontram no mercado, como uma abóbora de ótimo sabor, além de alguns que nós brasileiros não conhecemos.

O estabelecimento está instalado no Omotesando Hills, que é um conjunto que conta com muitas pequenas lojas, além de alguns restaurantes no terceiro piso (4th floor em japonês, pois o primeiro é o andar térreo), com vista para a rua. A frequência era de jovens, mais mulheres, como também casais com crianças, num ambiente mais propício para o consumo de bebidas alcoólicas, tudo de muito bom gosto. Muitos japoneses preferem o balcão, ainda que mesas estivessem também disponíveis para quatro pessoas, além de um sofá que também acomodaria de forma confortável quatro clientes.

fg20080620rsc-200x143fg20080620rsa-200x189fg20080620rsd-200x188

Seguiu-se um caldo agradável, certamente de alguns vegetais, como uma pequena sopa, difícil de identificar todos os seus ingredientes. O conjunto de pratos, a parte principal, tinha cerca de 15 pequenos recipientes, todos com pequenas porções, basicamente de vegetais como base, mas temperados e cozidos com bom equilíbrio, alguns com pequenas porções de pescados.

O conjunto deve ser apreciado como um “slow food”, pois os sabores são diferentes, notando-se que os legumes utilizados são de boa qualidade. Para a época, todos os ingredientes estavam relacionados com o outono, com os produtos mais convenientes para a estação.

Como costumam ser as refeições japonesas, os finais eram compostos de uma sopa tipo “misso giru”, usando soja temperada, com outros ingredientes criativos. Também havia uma espécie de caldo, além de algumas conservas de vegetais. Foi servido um arroz muito bem temperado com um pescado da época, como se fora um risoto.

Para finalizar, foi servida uma sobremesa consistente de frutas, com uma espécie de gelatina de arroz, embrulhado numa folha de bambu, do melhor sabor, tudo com pouco açúcar. Junto, outro tipo de chá, aparentando ser de frutas, muito agradável.

Este jantar acaba sendo uma festa, e apesar da quantidade, deixa o cliente como se tivesse jantado de forma muito leve. E, pelo preço que não conta nem com serviço ou imposto em separado, acaba sendo muito barato para quem está acostumado com o padrão paulistano.

O serviço foi muito agradável, pois uma garçonete explicava cada prato e o gerente era muito simpático, dando a impressão que procuravam cativar para este tipo de cozinha.

Perguntei se entendia que o jantar foi muito rico, pois muitos produtos são do outono, e que serviam no pico do inverno. Foi me explicado que eram os produtos de origem vegetal que podem ser servidos nesta estação, frescos, além de algumas conservas que costumam ser ótimas no Japão.

Examinando na internet sobre esta rede de restaurantes vergie, notei que havia um artigo publicado no jornal The Japan Times, referente a outra estação do ano. É impressionante a diversidade da cozinha japonesa, tanto pelas regiões como nas diversas estações do ano.


Dificuldades Para um Brasileiro no Metrô de Tóquio

25 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: dificuldades dos estrangeiros com o metrô de Tóquio, distâncias internas das estações e de suas ligações, linhas de diferentes companhias sem compatibilização

Os sistemas adotados pelas redes de metrô de muitas cidades do mundo são diferentes, sendo que o de Paris parece ser o mais fácil de ser utilizado até pelos estrangeiros. O de Tóquio, em que pese sua extensa rede, apresenta dificuldades acentuadas para os que não estão habituados ao seu uso, sendo mais complexo para os estrangeiros e os idosos. Estando próximo da estação de Ichigaya, em Tóquio, pouco afastado do centro da cidade, entrei e adquiri imediatamente um bilhete para chegar à estação de Shimbashi, no centro de Tóquio. Quando tinha que pegar uma linha que faria conexão para o destino pretendido, depois de percorrer a pé mais de 400 metros, fui surpreendido pelo bloqueio mecânico do bilhete usado e me socorri do funcionário que estava no local. Para minha surpresa, fui informado que a linha era de outra empresa componente da rede, e o bilhete adquirido poderia ter o custo devolvido, se voltasse os mais de 400 metros percorridos. Na realidade, existem empresas que não permitem o intercâmbio, dificultando os usuários em Tóquio.

Tendo adquirido nova passagem, ingressando na estação correta fui surpreendido novamente que teria que percorrer mais de 600 metros para chegar à entrada da linha que faria a conexão para o destino desejado. Já cansado, pois tinha feito antes diversas caminhadas para assistir a uma exposição num museu e percorrer um templo sobre um calor considerável, acabei desistindo e solicitei um funcionário para indicar-me a saída mais rápida para tomar um taxi. O caminho para tanto era bastante tortuoso, mas consegui sair na estação de Nagatacho, ao lado do gabinete do primeiro-ministro. Acabei perdendo tempo e dinheiro, por causa da falta de uma conexão adequada das linhas de metrô, e falta de uma informação para os usuários, principalmente estrangeiros.

clip_image001[5]

Pequena parte do sistema de metrô de Tóquio

Como Tóquio deverá sediar as Olimpíadas de 2020 espera-se que estes tipos de informações para os estrangeiros sejam melhorados, pois as informações em inglês somente estão disponíveis nas regiões mais frequentadas por eles, não podendo se contar com elas em toda a cidade.

Compreende-se que o Japão está com limitações de recursos humanos para o atendimento de muitos serviços, mas estas informações podem ser substituídas por sistemas como o da internet. Ainda que as conexões de diversas linhas de metrô sejam sempre difíceis, quando as distâncias internas das estações são acentuadas, parece que alternativas devem ser informadas.

O Japão necessita dos turistas para ativar a sua economia, e os problemas atualmente enfrentados por Hong Kong já aumentaram a vinda de turistas chineses que invadem as lojas e os restaurantes japoneses. Com sua demanda, ajudam a compensar as vendas que não estão tão ativas diante da elevação do imposto de venda para os consumidores locais.

Como um país de tradição, que conta com tantos lugares de interesse turístico, parece importante que as autoridades locais providenciem a superação das dificuldades, hoje sentidas pelos estrangeiros.


Mudança de Hábitos Alimentares dos Japoneses

25 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias | Tags: aumento do consumo de carnes, consequências perigosas, redução relativa dos peixes e frutos do mar

Para os visitantes estrangeiros que conhecem razoavelmente o Japão, nota-se uma grande mudança nos hábitos alimentares em função das facilidades de importações de carnes de diversos países, notadamente da Austrália. Os japoneses costumavam consumir muito mais peixes e frutos do mar, de onde extraiam as proteínas necessárias, complementados por condimentos de soja que evitavam os efeitos indesejáveis do colesterol. Na atual volta ao Japão, nota-se uma elevação substancial do consumo de carnes bovinas nas mais variadas formas, quer como churrascos, filés, grelhados variados como nos chamados teppan ou na forma de shabu-shabu e sukiyaki, com elevado teor de gordura. Tudo indica que os preços baixaram, e estes produtos que eram considerados no passado de luxo, com tarifas de importação elevadas, agora se tornaram de acesso popular.

No entanto, é preciso constatar que a constituição física dos japoneses difere dos ocidentais, tendo o aparelho digestivo mais longo em cerca de um metro. Este consumo excessivo de carnes bovinas gordurosas acaba propiciando problemas circulatórios como enfartes, além de tenderem ao aumento do câncer no aparelho digestivo. Ao mesmo tempo, nota-se que o consumo de neutralizantes das gorduras danosas como a soja em seus variados tipos de consumo está se reduzindo relativamente, com o aumento de produtos de trigo, quer na forma de pães como de massas. Tudo isto é uma novidade para os japoneses e se bem balanceados não apresentariam problemas, mas o que se teme é o exagero.

clip_image001

Carnes bovinas gordurosas como o famoso Kobe beef

currasco

Carne bovina grelhada está em alta no Japão

Ninguém pode ser totalmente contrário à importação de carne bovina pelos japoneses, mas parece que está se verificando um excesso no seu consumo. Quando se percorre regiões de restaurantes como em Tóquio, nota-se que os estabelecimentos oferecem este produto nas formas mais variadas e em grande número.

Existem algumas churrascarias brasileiras, mas o que se nota são grelhados de diversos tipos, apreciando-se os que estão acompanhados de camadas de gordura, que não são propícios para os consumidores japoneses. Como eram caros no passado, e agora estão acessíveis para todos, muitos pratos são oferecidos, notadamente, com as formas de preparo de outras partes do mundo.

Os japoneses costumavam consumir pequenas porções nos sukiyaki ou no shabu-shabu, mas nota-se que o número de grelhados, fritos em óleos ou com molhos tipo madeira dos franceses, entrou em moda a ponto dos consumidores de proteínas de peixes terem dificuldades para encontrar os estabelecimentos que os ofereça.

No passado, procurava-se neutralizar parte da gordura com nabos ralados, gengibres e outros ingredientes, ou acompanhados de verduras. Mas nota-se que está se consumindo as carnes, acompanhados de forma ocidental, com batatas ou massas de trigo, temperados de forma que não facilita a digestão pelos orientais.

Nota-se que muitos artigos científicos estão sendo disseminados por autoridades médicas alertando sobre os riscos do consumo exagerado, mas parece que a publicidade acaba sendo mais forte, como se vê na televisão.


O Boom dos Investimentos Imobiliários no Japão Atual

25 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: a construção civil no Japão, construção como medida de ativação das economias, excessos difíceis de serem controlados

O que vem acontecendo em diversas economias do mundo é o uso abusivo do setor de construção civil procurando ativar as economias pelos seus impactos variados por diversos setores. Isto se observa tanto nas economias industrializadas como nas emergentes. Na China, todos sabem que o setor de construção, tanto dos edifícios comerciais como residenciais, além dos projetos de melhoria da infraestrutura, principalmente de transportes, vieram sendo utilizados com substanciais incentivos tanto nacionais como locais, inclusive financiamentos do mercado paralelo. Como as performances dos dirigentes públicos sempre foram avaliados para promoções no Partido Comunista pelo crescimento econômico, muitos utilizaram a construção para obter ascensões desejadas. Muitos destas construções estão hoje subutilizadas, pois houve um excesso de investimentos visando ganhos de capital até pelas famílias, mas como alguns não apresentam a adequada viabilidade econômica ou possibilidade de aluguel ou revenda, e os tomadores de empréstimos não têm condições de honrar os empréstimos contraídos. Hoje, fica claro que parte do crescimento econômico chinês só pode ser mantida, pois alguns destes empréstimos eram, na realidade, subsídios governamentais, não apresentando condições de serem honrados.

O mesmo acontece nas economias de mercado do tipo capitalista. Costumam existir períodos em que há uma generalizada ideia de que espaços adicionais são necessários para atender as economias projetadas com crescimentos que nem sempre se verificam. No Japão atual, depois da implantação da chamada Abeconomics do atual governo, tentando sair de um longo período de deflação e sem crescimento econômico ao que se acrescenta um decréscimo populacional, a construção civil passou por um verdadeiro boom recente e atual com investimentos privados. Mas, como a economia não vem crescendo como se esperava, ao mesmo tempo em que a mundial apresenta um crescimento modesto, tudo indica que o volume das novas construções acabou sendo exagerado para as necessidades. Muitos imóveis não tão velhos acabaram sendo derrubados para a construção de empreendimentos ousados de grandes dimensões, como pode ser observado nos mais variados lugares, inclusive na capital Tóquio.

clip_image002

Centenas destas novas construções podem ser vistas em Tóquio

Até analistas japoneses conscientes estão veificando que estas novas construções em Tóquio e outras cidades japonesas podem gerar problemas, quando estiverem prontas, o que ocorre com grande velocidade. As tecnologias japonesas disponíveis, além de resistentes aos terremotos, utilizam estruturas pré-fabricadas que permitem que grandes edifícios sejam concluidos num prazo curto quando comparado com outras partes do mundo, notadamente no Brasil.

Como o custo da mão de obra no Japão é elevado, a construção civil, além dos materiais pré-fabricados, é intensiva em equipamentos. Por toda a parte, os visitantes de Tóquio notam construções gigantescas, quando já existem espaços abundantes, e ao mesmo tempo nota-se que o número de compradores das lojas já diminuiram. Sente-se que podem ocorrer dificuldades com esta bolha imobiliária, difícil de ser absorvida por uma economia que cresce modestamente, com redução da população. Mas, estas tecnologias poderiam ser aplicadas em países emergentes, que ainda contam com espaços para o desenvolvimento, como no caso brasileiro, com grande eficiência, custos baixos, economia de energia e de recursos humanos.


Eleições do Brasil na Imprensa Internacional

24 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: a favor da renovação política no Brasil, os problemas existentes, posições contra o governo atual

No passado, notava-se um cuidado dos meios de comunicação do exterior, mesmo de circulação internacional, evitando-se tomar posições sobre problemas que poderiam ser considerados de âmbito interno dos diversos países. Atualmente, nota-se que os veículos que costumavam expressar suas posições com candidatos no próprio país passaram a divulgar também suas posições em países que possuem alguma importância no cenário internacional. São casos como da revista inglesa The Economist, de circulação mundial, do jornal inglês Financial Times, dos jornais norte-americanos The New York Times e Washington Post que expressam suas posições, sem nenhum constrangimento, com a pretensão de se referirem a assuntos que podem ter consequências internacionais. Tenho a posição pessoal que devemos nos abstrair de tomar posições eleitorais do que pode ocorrer nos Estados Unidos, no Reino Unido e outros países, respeitando o direito dos seus eleitores.

A tendência geral que pode ser detectada é uma saturação com a linha política que veio sendo adotada pelos recentes governos de Lula da Silva e da Dilma Rousseff, que consideraram prioritária a melhoria da distribuição de renda no Brasil, preservando o emprego e melhorando o salário real no país. Medidas assistenciais a favor de um mínimo de renda para os mais desfavorecidos, ainda que contrariando uma pequena elite que vive dos elevados retornos financeiros nas aplicações, tanto em títulos públicos ou privados, além de ganhos com as liberdades exagerada dos fluxos financeiros internacionais. Ninguém de sã consciência poderia dizer que os governos recentes não cometeram muitos erros que só permitiram um crescimento modesto da economia, muitos erros de gestão foram cometidos, fazendo com que a inflação persistisse em níveis elevados. As comparações internacionais mostram que o desempenho brasileiro foi modestíssimo. Mas criou-se uma nova classe média que prefere manter a atual orientação, ainda que não satisfaça totalmente a grande maioria. Há que se respeitar a opinião eleitoral da população brasileira, ainda que muitos não concordem com ela.

The-Economistnyt_branded_product_size2Postlogo470x230-logo-ft

O que fica difícil é para os jornalistas estrangeiros, por mais competentes que sejam, entender profundamente o que vem acontecendo no Brasil. Se o crescimento econômico vem se mostrando modesto deve-se, em grande parte, à baixa prioridade que veio sendo adotada nas administrações anteriores que desconsideram as atividades voltadas para as exportações, dando maior importância à estabilidade monetária. Muitos podem considerar que isto estava correto, mas certamente não são consensuais, havendo que se respeitar às opiniões contrárias.

Também medidas como a flexibilidade monetária, com a política denominada easing monetary policy, que depois da crise mundial de 2007/2008 iniciada pelas autoridades norte-americanas, para assistir aos bancos daquele país que provocaram muitos problemas. Acabou tendo como consequência o criminoso influxo de recursos para países como o Brasil. Isto valorizou a moeda brasileira, dificultando as exportações e favorecendo as importações, bem como os gastos dos brasileiros com turismos internacionais, como na Flórida.

Provocou-se uma verdadeira guerra cambial no mundo, fazendo com que o Japão e a Europa também desvalorizassem suas moedas, na tentativa de preservar suas contas internacionais. No Brasil, que não tem uma moeda de aceitação internacional como em outros países emergentes, passou-se uma conta que não era da responsabilidade dos brasileiros.

A experiência de dar maior prioridade para os problemas internos começou na Coreia do Sul, que, contrariando o FMI, se negou a adotar uma política monetária e fiscal restritiva para receber a assistência daquela organização internacional. Consideraram o emprego e os salários internos de maior importância, enquanto o Brasil nas administrações anteriores “quebrou” três vezes, o que passou a ser evitado pelos governos mais recentes.

O que nem sempre estas administrações não entenderam totalmente foi que o mundo estava crescendo na década anterior, com o desenvolvimento da China, que beneficiou as exportações brasileiras com preços convenientes dos minérios e dos produtos agropecuários. Ajudou a economia brasileira e isto se deveu pouco à política interna.

Todos admitem que se o governo for reeleito, o que as pesquisas estão indicando, haverá necessidade de ajustes fortes que não serão fáceis, e as dificuldades pelas quais o país está passando não são de recuperação fácil. As empreiteiras e as consultorias que elaboram projetos e as executam estão sendo atingidas nas saudáveis medidas anticorrupção, que afetam àqueles que estão nos seus conselhos de administração, ainda que a responsabilidade seja dos executivos. Fica difícil de aceitar que criminosos que concordaram em efetuar as delações premiadas, que devem ser aplaudidas, fiquem totalmente isentos de responsabilidades criminais.

As correções serão difíceis num cenário internacional que não deve ser favorável nos próximos anos. Mas há que se respeitar a opinião dos eleitores brasileiros, que consideram o emprego que possuem e as melhorias que conquistaram. O que parece interessante é que, apesar dos problemas macroeconômicos do Brasil, os jovens atuais estão mais convencidos que a educação é o mecanismo para a conquista de melhorias de vida, o que permite visualizar que o crescimento da nova classe média vai continuar persistindo no Brasil.

Haverá necessidade de uma adequada incorporação da colaboração do setor privado nos projetos de infraestrutura, pois o governo não contará com os recursos para a sua execução, o que se espera que seja feito com um mínimo de inteligência, como expressou o professor Delfim Neto na sua coluna da Folha de S.Paulo.


Manifestações de Insatisfação em Todo o Mundo

23 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: adesões ao Estado Islâmico, melhoria econômica e aspirações políticas, problemas com o sistema financeiro, problemas em escala mundial | 2 Comentários »

O professor Delfim Netto sempre ensinou que a melhoria na situação econômica tende a ampliar as aspirações de liberdades políticas. Parece que acontece atualmente de forma expressiva em Hong Kong, mas também se registram aumentos de adesões ao Estado Islâmico em muitos países no mundo, como nos Estados Unidos, na Europa e até no Japão. As decisões de bombardeios indiscriminados utilizando drones e aviões militares, atingindo também a população civil, parecem acirrar a discordância de muitas pessoas que acabam tomando atitudes inusitadas para expressar a sua insatisfação. Também os abusos do sistema financeiro mundial provocaram o chamado Occupy Wall Street e as flagrantes manipulações do chamado Liber e das taxas de câmbio, como constatado em Londres, além das resistências às medidas restritivas das especulações financeiras, acabam por contrariar os mais informados.

Ainda que exista uma melhora significativa no padrão econômico da população mundial ao longo das últimas décadas, os abusos daqueles que estão no topo dos sistemas, usufruindo de lucros absurdos de formas duvidosas, acabam por disseminar estas insatisfações. Quando não podem ser resolvidos pelos sistemas democráticos, alguns acabam extravasando seus protestos de formas até violentas, lamentavelmente. Isto deveria servir de alerta para os que continuam abusando, até de formas ilegais, manipulando taxas de juros e de câmbio, bem como evitando restrições para controle dos fluxos financeiros exagerados, que, mesmo dando a desejável liquidez mundial, sempre dão margens às especulações danosas. Se regulamentações razoáveis que evitem abusos não forem implementadas, estes protestos continuarão a se multiplicar de formas variadas.

clip_image002

Occupy Wall Street

clip_image004

Protest in Hong Kong

Basta abrir os jornais em qualquer parte do mundo para constatar que as manifestações coletivas ou de indivíduos se multiplicam, de forma desesperada com as decisões tomadas pelas autoridades, incapazes de atender às aspirações de todos. Isto ocorre tanto em países de tradição democrática como aqueles em que o autoritarismo continua sendo preservado. Sempre é preciso atender a maioria, mas também vozes de minorias devem ser ouvidas, pois todos temos que conviver até com os que pensam de forma contrária.

O desejável é que tudo fosse acomodado de forma democrática, mas algumas decisões acabam revoltando algumas pessoas, quando injustiças flagrantes acabam ocorrendo, como a morte indiscriminada de não combatentes, inclusive crianças. Quando os abusos são de pessoas que se aproveitam de forma econômica e financeira com as irregularidades enriquecendo de forma exagerada, as revoltas acabam sendo justas, mas nem sempre canalizáveis de formas adequadas.

São aspectos que devem preocupar a todos, minimizando as injustiças que são aquelas que geram protestos mais agudos, que surpreendem a todos. Os casos de adesão ao Estado Islâmico acabam transferindo os confrontos tradicionais a situações como os das guerilhas, quando fica difícil identificar quem são os inimigos.

Isto gera inseguranças que levam a novos abusos. Autoridades, como dos países desenvolvidos, não contam com mecanismos legais para coibir ações violentas de alguns individuos de formas convenientes e aceitáveis por todos. As mesmas injustiças que geram manifestações populares em paises emergentes ou menos desenvolvidos acabam afetando a todos.

Evidentemente, com o contínuo aprendizado das diversas sociedades, a grande maioria das situações acaba se enquadrando no sistema legal, e os casos isolados devem ser examinados pela Justiça, que necessita evoluir de forma que nem sempre agrada a todos. Mas, espera-se que as novas situações possam permitir a convivência de pessoas que pensam de formas diferentes dentro da mesma coletividade, com um mínimo de tolerância.


Novidades Gastronômicas em Tóquio

22 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias | Tags: boa comida a preços acessíveis, boa qualidade, novidades interessantes, saudáveis e preços convenientes

Sempre é possível se surpreender com a gastronomia japonesa, principalmente quando se dispõe de restaurantes de qualidade com a metade dos preços, em dólares, quando comparado com São Paulo, que os paulistas costumam considerar como um importante centro gastronômico, que lamentavelmente vem perdendo em qualidade como em competitividade. Trabalhando e passeando em Tóquio é possível se impressionar com o que se dispõe de novo e melhor, notadamente em frutos do mar, onde os japoneses encontram poucos concorrentes no mundo. Visitando um dos centros de lojas de luxo, como o conhecido Roppongi Hills, deparei-me com cartazes chamativos do Sakanaya-Rokuzo que, como explicado no seu site em inglês, é um estabelecimento que trabalha com peixes e complementado pela expressão que indica seis, que também está relacionado com o primeiro ideograma do famoso bairro noturno.

clip_image001

Built around the concept of being “the only sakana-ya (fish restaurant) in all of Roppongi Hills”, we are a fish diner where guests can enjoy a drink along with dishes that use fresh seafood delivered straight from the fishing harbor daily.

Antes da entrada, o estabelecimento já oferece algo incomum, que é uma espécie de uma pequena porção de um cozido, com o aproveitamento de sobras de peixe (todos sabem que também nos peixes as carnes junto aos ossos são mais saborosas), junto com legumes, como o nabo, com um molho pouco usual. Algo parecido é da tradicional cozinha japonesa, o chamado arani, que aproveita a cabeça do peixe e as carnes que não são utilizadas para o sashimi ou o sushi. Trata-se de comida popular, coisa de pobre, que aproveita todas as partes de um peixe.

clip_image002

clip_image003

clip_image004

Comecei aproveitando ostras frescas, graúdas, que estavam apresentadas em gelo picado como no Ocidente, mas com alguns ingredientes japoneses, com o molho também especialmente preparado. Mas, os que desejam podem apreciá-las somente com um pouco de limão e sal, como é usual.

Nunca tinha visto peixes como um pargo grelhado na brasa, com alguns temperos japoneses. Suave, de carne branca, deve servir como acompanhamento de um bom saquê que não posso consumir por causa do álcool, mesmo que em pequenas dosagens. Nos restaurantes de peixes do Japão faz-se questão de informar de que região eles são procedentes, pois dependendo do produto existem épocas mais adequadas para a sua pesca, que agora é no outono.

O restaurante anuncia que o robata-yakikushi e o mushi-ryouri são as suas especialidades. Explicando de forma simples, são grelhados em espetos, que costumam ser de carnes de variados tipos e legumes, mas que apresentavam frutos do mar de elevada qualidade, inclusive vieiras e polvos. Mas o que mais surpreendeu foram os pratos preparados no vapor, que não conhecia nesta forma, ainda que seja adepto de muitos pratos que ficam mais leves com cozimentos no vapor que permitem o controle adequado do ponto, que é fundamental nos pescados mais delicados.

Recomendaram o donabe mushi. Sobre um fogão portátil em amplo uso nos restaurantes japoneses, tinha uma panela de cerâmica, com água e sobre a qual havia uma espécie de esteira, onde estavam legumes de variados tipos, para serem levemente cozidos no vapor. Fatias finas de peixe eram depositadas por pouco tempo, depois de desligado o fogo. O vapor e o calor restante eram suficientes para o rápido cozimento do peixe, no ponto corretíssimo.

Estes produtos eram apreciados numa espécie de tigela que poderia receber molhos variados. Algo como um vinagre especial, molho de um missô líquido com gengelim, um caldo de ameixa japonesa em conserva, limão ou nabo ralado com uma pitada de pimenta. Divino, para ser dosado de acordo com a preferência do freguês.

Para finalizar, pois tudo o que veio antes para os japoneses é um mero aperitivo, a refeição tem que terminar a refeição com algo como arroz ou udon, que é um macarrão japonês, que nos casos mais finos são chamados teuchi, ou feito na hora com as mãos. O udon, preparado com a ajuda da água que tinha recebido parte do caldo das verduras, adicionado com alguns molhos tradicionais japoneses, recebia também um ovo semicozido, como se costuma preparar um risoto. Eu que conheço um pouco do assunto, nunca tinha experimentado o udon desta forma, com um pouco de cebolinha picado.

O mais surpreendente foi quando recebi a conta de todo este banquete. Algo como R$ 60 por pessoa, no jantar. Acredito que em São Paulo, por menos de R$ 200 por pessoa, dificilmente se conseguiria uma refeição que foi acompanhada com chá e chope.


Impressões Atualizadas Sobre o Japão

21 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: assuntos políticos, impressões atualizadas sobre o Japão, problemas da economia | 2 Comentários »

Tendo voltado a visitar o Japão com alguma frequência desde fins dos anos sessenta, posso observar a evolução que continua ocorrendo neste país, onde residi por um ano em 1985. No atual governo do primeiro-ministro Shinzo Abe, depois de duas décadas de deflação com baixo crescimento econômico, tenta-se fazer com que a economia volte a ganhar o dinamismo que tinha no passado, quando impressionou o mundo com um crescimento acentuado depois da Segunda Guerra Mundial. Mas isto não é fácil. Todos sabem que o Japão está com uma redução de sua população que envelheceu muito, contando com mais idosos percentualmente do que a maioria dos países. Hoje, pretende-se o aumento da natalidade, mas nota-se que o número de lojas com produtos voltados às crianças continua abaixo do que se observa em outros países. Mas muitas mães andam com os carrinhos de bebê tanto para as compras como na frequência dos restaurantes.

Como consequência, apesar do baixo crescimento da economia como um todo, o nível de bem-estar da população continua elevado, mas sem o entusiasmo de um crescimento rápido, como se observa em outros países emergentes, com destaque para a vizinha China. Algo que impressiona é o volume de obras no país, pois a construção civil sempre veio sendo utilizado pelos diversos governos para ativar a economia. Mesmo prédios que seriam considerados novos pelos padrões brasileiros, são derrubados para dar lugar a novas torres de impressionante qualidade. Os consumos de produtos de luxo continuam altos, e mesmo a economia de energia que se observava nos últimos anos parece não mais ocorrer no Japão.

clip_image001

Uma das vistas atuais de Tóquio

Para superar as dificuldades com recursos humanos, o governo vem incentivando as mulheres a ocuparem os mais variados empregos. O primeiro-ministro selecionou muitas ministras, como símbolo desta tentativa, mas duas acabaram sendo demitidas, depois de curtos mandatos. Uma delas é Yuko Obuchi, da Economia, Comércio e Indústria, que era filha de um antigo primeiro-ministro. A outra foi a ministra da Justiça Midori Matsushima. Ambas foram acusadas de usos indevidos dos fundos políticos.

O que vem se notando é o exagero de políticos descendentes de antigos líderes, começando com o primeiro-ministro Shinzo Abe. Yuko Obuchi foi substituído por Yoichi Miyazawa, também filho de um ex-primeiro-ministro, ainda que formado em Harvard. Tudo indica que o regime distrital de votos favorece a força local das famílias de políticos tradicionais. Na realidade, o sexo dos políticos não assegura que sejam competentes, como também a tradição familiar.

Como em outras economias desenvolvidas, nota-se a carência de pessoal de modesta qualificação para os trabalhos mais simples. Assim, os restaurantes trabalham com poucos empregados, bem como os hotéis, limitando a qualidade dos serviços prestados, que já foram melhores. O número de idosos que despendem seus tempos com os amigos parece bastante elevado.

Mas existem hábitos que não são facilmente substituídos em função da falta de recursos humanos. Assim, não parecem frequentes os restaurantes com bufês que existem em recepções, ainda que em muitos lugares os fregueses sejam obrigados a se servirem de bebidas ou cafés por sua própria conta.

Para os brasileiros, o que mais impressiona são os preços, pois se pode tomar uma boa refeição pela metade do preço pago em São Paulo, na maioria dos casos. Também os táxis acabam tendo tarifas baixas, para deslocamentos razoáveis, não havendo problemas graves de trânsito, pois os metrôs são eficientes e utilizados por multidões.

Nota-se, também, que o número de estrangeiros, tanto residentes como turistas, está aumentando. Também existe uma globalização com culinárias das mais variadas partes do mundo sendo oferecidas em restaurantes simples. Com o problema que está ocorrendo em Hong Kong, o número de turistas chineses é muito alto, e eles compram malas para transportarem suas compras, mesmos nas mais famosas lojas de departamento. A globalização pode ser notada no Japão.


Uma das Mais Esperadas Exposições no Japão

19 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: a exposição do acervo do Museum of Fine Arts de Boston no The Ueno Royal Museum, apresentação dos trabalhos de Hokusai, percorreu o Japão e agora se encontra em Tóquio

Para ver a exposição do acervo do Museu de Belas Artes de Boston que inclui uma quantidade impressionante dos trabalhos de Hokusai, o artista japonês mais conhecido no Ocidente, que está exposto atualmente no The Ueno Royal Museum, há se sujeitar a alguns sacrifícios. Multidões de apreciadores japoneses da boa arte contam com rara oportunidade para conhecer em detalhes os trabalhos de Hokusai, o seu patrício que, tendo vivido longamente, produziu uma enormidade principalmente de xilografias, fornecendo uma perspectiva que não era conhecida no Ocidente. Seu trabalho mais conhecido no mundo é a Onda, cuja xilografia está neste acervo. Esta técnica japonesa ficou conhecida com o nome de ukiyo-e, e 140 trabalhos estão na exposição.

clip_image001

A onda de Hokusai, do acervo do Museu de Belas Artes de Boston, uma das xilografias mais conhecidas no mundo

Esta exposição já percorreu muitas cidades importantes do Japão, e na sua fase final encontra-se atualmente em Tóquio. Filas de japoneses e estrangeiros formam verdadeiros cordões e os que têm sorte pode apreciar todos os detalhes com as explicações em japonês, com um pequeno resumo em inglês. Apresentado de forma cronológica, pode se notar a evolução do seu trabalho, inclusive na utilização das cores.

Apresentações paralelas permitem a avaliação adequada dos trabalhos, com a reprodução de cenários onde as figura relatadas se encontravam, como nos palácios e edificações da época.

Todos sabem que as matrizes das xilografias são gravadas sobre as madeiras, e as diversas impressões vão se repetindo com as cores utilizadas, sendo importante, além do trabalho do artista, os que efetuam as cópias em número limitado. Havia na época uma evolução de todo o material utilizado, inclusive as tintas, podendo se notar as diferenças de colorações, notadamente nas figuras femininas e suas vestimentas.

O Museu de Belas Artes de Boston, que foi inaugurado no centenário da independência dos Estados Unidos, na sua coleção sobre arte japonesa conta com 90 mil trabalhos, incluindo 50 mil de ukiyo-e e trabalhos relacionados, inclusive milhares de livros que apresentam estas obras, algumas delas expostas no Japão.

Os artistas japoneses do século XIX reproduziam em detalhes figuras humanas, plantas e pássaros, incluindo paisagens e muitos destes trabalhos chegaram à Europa impressionando os ocidentais, inclusive na forma de livros que aparentam os mangás atuais. Colecionadores norte-americanos adquiriram parte destes preciosos trabalhos, muitos deles hoje doados ao Museu de Boston.

Se nós, que temos remotas ligações com a arte japonesa, ficamos emocionados frente a este impressionante acervo de trabalhos, notamos que muitos artistas japoneses, inclusive idosos, expressavam nas suas fisionomias a emoção de poder apreciá-los, sabendo que o mundo Ocidental também tem plena consciência de sua importância na história universal das artes.

O que parece relevante é que na Era Meiji houve um verdadeiro intercâmbio do Japão com o Ocidente, e os trabalhos japoneses geraram na Europa o japonismo que começou com Manet, como já expusemos neste site. Ao mesmo tempo, está havendo uma exposição da retrospectiva de Shunso Hishida, em comemoração ao seu centenário de nascimento, no The National Museum of Modern Art´s do Japão, que trouxe a contribuição Ocidental com o chamado Yoga para gerar a reação com o chamado Nihonga.

Quisera que estas disputas só ocorressem no campo cultural, deixando as lamentáveis guerras que continuam afligindo a todos.


Preocupante Comportamento do Setor Financeiro Mundial

17 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: alertas da Austrália, artigo no Financial Times, Estados Unidos, Europa, possibilidade de uma crise como a de 2008

Um interessante artigo de Gillian Tett publicado no prestigioso Financial Times de Londres, informa sobre o alarmante risco do sistema financeiro internacional provocar uma nova paralisação do mercado, apesar da excessiva liquidez existente no mundo. Seria algo tão terrível como o que aconteceu em 2008. Segundo Guy Debelle, um importante alto executivo do Banco Central australiano, pode agravar a volatilidade que está se observado no mercado financeiro mundial. Quatro razões importantes estariam contribuindo para esta possibilidade. O primeiro seria a paralisia do fornecimento dos créditos diante da possibilidade de elevação dos juros nos Estados Unidos, onde um levantamento efetuado pela Bloomberg com analistas do setor financeiro chegou a um incrível consenso de que isto ocorreria, ainda que o FED norte-americano esteja procurando uma atitude cautelosa com relação ao assunto.

ft

O segundo seria um ajustamento da oferta e da procura que estaria sendo efetuada pelos operadores do mercado, principalmente dos fundos de riscos, pela utilização dos mesmos indicadores do chamado benchmarket, como observado pelo BIS – Banco Internacional de Compensações. O terceiro seria a generalização das operações efetuadas pelos computadores no mercado, sem que os verdadeiros banqueiros tenham muita interferência nas volumosas operações que ocorrem diariamente no mercado. Mas o terceiro e mais importante comportamento seria uma ação orquestrada visando a resistência do mercado financeiro mundial às regulamentações restritivas dos fluxos financeiros internacionais. Ainda que as autoridades monetárias concordem com a necessidade de alguns controles, os que usufruíram elevados ganhos com a liberdade que contavam antes de 2008 entendem que as ações reguladoras ou intervenções das autoridades aumentariam os riscos do mercado.

logo_bis

Evidentemente, todos sabem o que poderia ser interessante para os empresários que vivem da produção e de sua comercialização nem sempre são os que interessam ao setor financeiro, que vem abusando de suas especulações e ganhos com as liberdades dos fluxos financeiros, que ocorrem num volume absurdo.

Não se pode desprezar este alerta, pois todos sabem que os interesses do setor financeiro têm prevalecido no mundo nos últimos anos.