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Os Escândalos Com as Qualidades dos Produtos Japoneses

22 de março de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Um artigo elaborado por Yoshifumi Uesaka e Itsuru Fujino, com a colaboração de Tomoya Onishi e Kasuke Iwano, publicado no site do Nikkei Asian Review, procura identificar as causas das falhas de grandes empresas japonesas na qualidade dos seus produtos que comprometem a imagem que o Japão tinha no mundo. Entre as noticiadas na imprensa, destacam-se as empresas Kobe Steel, Mitsubishi Materials, a Kawasaki Heavy Industries, a Nissan Motor e Subaru.

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Empresas japonesas não estariam conseguindo os funcionários que desejariam, um dos fatores que teria contribuído para a queda da qualidade dos seus produtos. Gráfico constante do artigo publicado no site do Nikkei Asian Review, que merece ser lido na íntegra

O artigo menciona que haveria três fatores principais que estariam contribuindo para esta lamentável situação no Japão: a escassez de mão de obra, um desentendimento entre escalões administrativos e os operários de linha de frente e o foco na qualidade excessiva dos seus produtos. Estes problemas não são fáceis de serem resolvidos e compromete o futuro da marca “Made in Japan”.

O artigo menciona que o caso da Kobe Steel oferece algumas pistas sobre as pressões que estão sendo enfrentadas pelas empresas japonesas. No seguimento de alumínio e cobre que ela ingressou, teria aceitado encomendas acima da possibilidade de seu fornecimento e, sem estas vendas, colocavam a empresa em risco de ser forçada a suspender sua operação. Alguns dos seus executivos sabiam desde 1992 das irregularidades na inspeção da qualidade, que não teriam sido relatadas para outros setores da empresa, diante da diversificação das suas linhas de produção que eram originalmente de aço. Os setores da empresa atuavam como se fossem empresas independentes, que é uma cultura empresarial muito comum em grandes organizações em diversas partes do mundo, o que tem levado a London School of Economics a estudar sobre a “antropologia organizacional”. Os setores não informados sobre as irregularidades criticaram duramente os responsáveis por estes desvios.

Na Mitsubishi Materials, o seu presidente criticou a má “complience” daqueles que estavam envolvidos nas irregularidades. Nos períodos áureos para a economia japonesa, os funcionários da linha de frente estavam engajados na melhoria da qualidade de seus produtos, recebendo gratificações e formando clubes de controle de qualidade. Mas foram tomados pelas mudanças que ocorreram na economia mundial.

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Vendas para o exterior e instalações de unidades produtivas fora do Japão, no gráfico constante do artigo no site do Nikkei Asian Review

As empresas japonesas ampliaram suas atividades no exterior, a administração estava concentrada na obtenção dos lucros e os operários não tinham como se esforçar na melhoria de qualidade dos seus produtos. O número de clubes de controle de qualidade no Japão chegou a 27 mil em 1984 e agora está reduzido dramaticamente a cerca de mil, segundo a União de Cientistas e Engenheiros Japoneses – JUSE.

Na Nissan, no esforço para a redução dos seus custos, as inspeções de qualidade ficaram inadequadas, com falta de pessoal. Os funcionários que deveriam relatar esta situação sofreram uma desconexão entre a administração e eles. Muitas empresas não confiam em trabalhadores temporários para suprir esta lacuna, mesmo que esteja se registrando uma melhoria nos seus salários.

Outro aspecto que está sendo considerado no Japão é o padrão exagerado de qualidade, acima do estabelecido nos Estados Unidos ou na Europa. Com a prática chamada tokusai, desde que os clientes aceitem, os padrões elevados estabelecidos, podem ser flexibilizados, mas alguns funcionários não concordam com estes novos limites, mesmo que utilizados no exterior.

Os recentes escândalos estão exigindo algumas mudanças no Japão para manter a sua imagem sem que a segurança dos seus produtos seja comprometida. Muitos empresários responsáveis pelas grandes empresas japonesas se mostram preocupados e sensíveis a mudanças expressivas do comportamento destas empresas.



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