Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Umeboshi é Uma das Essências da Culinária Japonesa

28 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias, Saúde, webtown | Tags: , , , | 2 Comentários »

A maioria das culinárias do mundo conta com alguns produtos que são de consumo generalizado da população, quase popular, que nem sempre chega ao conhecimento de estrangeiros, mesmo os apreciadores de uma boa gastronomia. Parece ser o caso de uma conserva chamada umeboshi, ácida e salgada, feita com o fruto de uma ameixeira japonesa. Makiko Itoh, famosa pelos seus livros de culinária japonesa em todo o mundo, escreveu um artigo sobre o assunto, publicado no The Japan Times, fornecendo o seu histórico, bem como as lembranças dos preparados pelas suas avós, de formas diferentes.

Este umeboshi é uma espécie de picles, hoje com variações bastante amplas, mas muitos japoneses costumam utilizá-lo para o preparo de um prato reconfortante. É fornecido aos que sentem doentes, normalmente somente com um arroz branco, muitas vezes regado por um chá verde, que leva o nome de umetchá. Também é adequado para depois de uma noitada com exagero de bebidas fortes. Alguns são apresentados com sabores sofisticados que são adicionados, decorrentes das bases dos molhos mais conhecidos no Japão, como o de algas, cogumelos ou bonito seco. Podem ser apreciados como ingrediente do hosomaki, um conhecido sushi envolto na alga, também reconfortante.

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É Nadeshiko Japan!

18 de julho de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Notícias | Tags: , , , , , | 16 Comentários »

Eletrizante, embate digno de final mundial. Nenhuma das duas equipes entregando os pontos, mas os EUA sempre na dianteira. O Japão persistiu, empatou duas vezes (regulamentar e prorrogação), finalmente decidido nos pênaltis (3×1 para o Japão). Qualquer das duas podia ser campeã. Mas o dia era das japonesas, elas pareciam estar fadadas a vencer. É o que o técnico da Suécia, Thomas Dennerby, também disse após Japão 3 x 1 Suécia, na semifinal: “Esta noite era impossível derrotá-las; elas estavam muito determinadas para vencer”.

Norio Sasaki, técnico do Nadeshiko Japan – como a seleção feminina é chamada carinhosamente no Japão, vem preparando a ascensão do time já há alguns anos. Quando terminou em 4º lugar na Olimpíada de Beijing, em 2008, ele considerou que isso estava dentro das pretensões do Japão. Mas ambicionava metas melhores, e após vencer as gigantes (em técnica e altura) alemãs e suecas, Sasaki ponderou que, apenas fazendo o que sabiam, era possível ganhar das poderosas americanas. O que elas sabiam e treinaram muito: tática de bolas baixas, foco total no controle da bola, jogadas ensaiadas de passes rápidos e certeiros, olho na posição de cada colega. E acima de tudo, espírito de equipe, todas tinham que se envolver igualmente. Estudaram a rapidez dos jogadores do Barcelona, e, para a final com as americanas, observaram o modo como elas jogavam focadas muito de “olho na bola”. Sasaki diz que procurou tirar proveito disso, com chutes rápidos e precisos em direção de parceira inesperada, mas atenta.

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Por Uma Reconstrução Segura, Eco-Amigável e Humanizada

20 de junho de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Notícias, webtown | Tags: , , , , , , , | 2 Comentários »

Passados 100 dias do grande terremoto e tsunami no Leste japonês, o trabalho de recuperação segue árduo nas áreas atingidas. Com ajuda que vem sendo liberada pelos governos federal e provincial, e pela distribuição de cotas de doação através da Cruz Vermelha Japonesa, a capacidade local de produção industrial e comercial está se restabelecendo, em maior ou menor grau e rapidez, dependendo das áreas atingidas. O consumo vem crescendo visivelmente; se no primeiro momento ele visava bens comestíveis, agora a população já está começando a recompor suas vidas. Supermercados e lojas de departamentos ampliam ofertas de móveis, eletrodomésticos, roupas de cama e banho, cosméticos, vestuário etc., para fazer face à crescente procura.

A comissão do governo que estuda medidas de prevenção a terremotos e tsunamis fez a terceira reunião em Tóquio, no domingo, para finalizar minuta que será apresentada nos próximos dias. Os especialistas, baseados nos relatórios dos estragos registrados em tempos passados, concordam que os preparativos devem considerar os cenários piores para desastres naturais. É preciso que diques e outras prevenções litorâneas de defesa contra tsunamis sejam construídos combinados com rotas de escape que levem para locais mais altos, onde a população possa se abrigar em estruturas seguras. A construção dos diques deve manter o alto padrão atual, mas eles devem ter a capacidade de brecar e ajudar a reduzir o peso e a velocidade de gigantescas ondas (que, em 11 de março, em muitas localidades chegaram a 37 – 40 metros de altura), sem se romper ao primeiro impacto, dando tempo para as pessoas escaparem. O governo estuda subsidiar fontes de energia renovável (eólica, solar e geotérmica) para uso em repartições públicas, escolas e hospitais nas cidades afetadas – assim como patrocinar custos para o estudo do impacto ambiental por empresas que queiram entrar no negócio da geração de energia.

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O Verão Japonês do Super Cool Biz Chegou!

17 de junho de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos, Editoriais, webtown | Tags: , , , , , ,

Quando a então ministra do Meio Ambiente do Japão, Yuriko Koike, introduziu o cool biz em 2005, como reforço para combater aquecimento global (baixar o grau do ar condicionado e usar roupas frescas nos locais de trabalho), a ideia foi vista por conservadores como mania de mulher mandona querendo aparecer na onda do Protocolo de Quioto. Mas, mesmo o Conselho Brasil Japão para o Século XXI, do qual fez parte Paulo Yokota, quando foi recebido pelo primeiro-ministro Junichiro Koizumi, todos estavam com camisa esporte, sem gravatas, no gabinete dele. A ideia veio dos norte-americanos que já adotavam o casual Friday, quando nas sextas-feiras o traje tornou-se informal. Neste verão, com o Japão enfrentando crise energética pós-desastres naturais e nucleares, autoridades decidiram levar a campanha muito seriamente. O público, que já estava se acostumando após seis verões, parece disposto a cooperar. Afinal, mulheres tiveram que queimar sutiãs para conquistar alguma liberdade no passado – agora os homens japoneses têm a chance de se livrar das gravatas sem nem precisar desfilar por Ginza queimando as mesmas.

Paulo Yokota informa da Alemanha, onde se encontra no momento, que também lá os estabelecimentos comerciais estão reduzindo o uso do ar condicionado, pois os alemães decidiram abolir o uso da energia nuclear dentro de alguns anos e algumas usinas mais antigas já estão em revisão. E lembra, também, que o presidente Janio Quadros também havia introduzido em Brasília um traje do tipo usado na Ásia, mais adequado para regiões tropicais.

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Modelo Para o Crescimento Econômico da Ásia

7 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , ,

Muitos livros e artigos sobre o desenvolvimento econômico da Ásia vêm sendo escritos, com destaque para a China e para a Índia, mas quando um prêmio Nobel de Economia, como Michael Spence, expressa seus pontos de vista convém prestar atenção. Segundo ele, os mercados emergentes estão aumentando de forma firme a sua participação na economia mundial. Eles fazem dela a estratégia de crescimento nacional, como na China e na Índia.

Ele diz que nas próximas décadas quase a totalidade do crescimento no consumo de energia, urbanização, uso de veículos, transporte aéreo e emissão de carbono virão dos países emergentes. Na metade deste século, o número de pessoas de alta renda vivendo nestas economias devem crescer para 4,5 bilhões, de cerca de 1 bilhão atual. O atual PIB mundial de US$ 60 trilhões deve triplicar nos próximos 30 anos.

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Se os países emergentes utilizarem o mesmo padrão que foi utilizado pelos países hoje desenvolvidos, o impacto sobre os recursos naturais e o meio ambiente será enorme, e provavelmente desastroso. Energia segura e seu custo, água e qualidade do ar, clima, ecossistema em terra e nos oceanos, segurança alimentar e muito mais precisa ser cuidado.

A concentração atual deverá declinar, pois se continuar, cada país pressionará sobre os recursos naturais e o meio ambiente, tornará a sustentabilidade o maior problema global. Para mudar o curso, será necessário um sistema que permita conferir (compliance) o crescimento. Com o crescimento atual da China e da Índia, com a concentração revertida, eles terão 40 por cento da população mundial. Na metade do século, a Índia e a China terão 2,5 bilhões dos 3,5 bilhões adicionais da população de alta renda.

Para a Índia e a China, a sustentabilidade não será um problema global, mas um desafio interno, sem o que pode comprometer os seus próprios desenvolvimentos. Há uma preocupação crescente entre todos sobre a possibilidade deles continuarem cabendo no mundo futuro.

Há que se desenvolver um novo padrão de crescimento incentivando a sustentabilidade como prioridades nacionais e mundiais, tornando um dos seus ingredientes. Ninguém sabe como isto ocorrerá, mas terá que ser descoberto com experimentação e criatividade. Isto já está previsto no novo plano quinquenal da China, que prevê um crescimento mais baixo, de 7% ao ano, de forma sustentável.

O crescimento sustentável da Ásia exigirá incentivos para novas tecnologias, reduzindo os custos de meio ambiente e eliminando a ideia que os líderes têm somente desvantagens, e poucos benefícios.


Ohisama e as Não Tão Liberadas Mulheres Japonesas

25 de maio de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: , , , , , ,

Despretensioso seriado romântico, Ohisama (“O Senhor Sol”), transmitido pela emissora NHK, relata vida de professora primária ao longo da Era Showa (1926-1989). Na verdade, por trás da história contada pela heroína Yoko Sudo, vislumbra-se libelo sobre a situação feminina das japonesas durante aqueles anos. Vivida pela veterana atriz Ayako Wakao, Yoko conta sua vida em flashbacks desde a infância até tornar-se professora, esposa e mãe nos anos pré, durante e pós-Segunda Guerra. As jovens japonesas entreviam, então, uma promessa de maior liberdade para participação ativa na vida do país. Porém, a tradição pesava muito ainda. A jovem Yoko (atriz Mao Inoue) e suas amigas frequentavam o jogakko (colegial feminino) – privilégio permitido a poucas jovens, pois estudo era visto como coisa inútil para meninas. Do trio de amigas, somente Yoko consegue prosseguir, e vai cursar o magistério. Outra é prometida a um casamento por conveniência; a terceira, não suportando o inerte destino no vilarejo, foge de casa para tentar futuro em Tóquio.

Não era fácil a vida de professora em época de guerra e militarismo exacerbado, numa escola elementar com corpo docente de maioria masculina. Além de ser alvo de críticas e humilhações por ser mulher e ter estudado mais do que muitos homens, a jovem professora precisava cuidar da faxina das classes com os alunos, da limpeza de sala e banheiro dos professores; preparar e servir chá para os colegas, proteger alunos da ira de mestres machistas e violentos. O Japão atravessava tempos difíceis de sacrifícios, então ela procurava transmitir lições de vida, calor e alegria para seus alunos; fazer prevalecer valores e sentimentos como gambaru (perseverar), tsunagaru (unir-se) e kizuna (laços/vínculos). Como nos dias de hoje.

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Garotas jogando go. Cena de Ohisama e vistas de Nagano, com suas águas cristalinas e trigo

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“Cool Biz” nos Rastros do “Cool Japan”

13 de maio de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: , , , , ,

Quando foi implantando o racionamento de energia elétrica no Brasil entre junho de 2001 e fevereiro de 2002, brasileiros do sudeste até o norte tivemos um ataque: como vamos fazer agora? Mas logo conseguimos baixar as metas de quilowatts em níveis determinados para cada moradia (drásticos, para algumas famílias). Trocaram-se lâmpadas para fluorescentes econômicas, geladeiras para modelos com certificado de consumo, desligaram-se freezers, micro-ondas; famílias patrulhavam uso de chuveiros, TV e internet. Pela primeira vez estávamos aprendendo a usar racionalmente a energia elétrica. E nem estávamos saindo de uma guerra, tampouco de terremoto ou outras catástrofes: o sistema de geração com alta dependência hidrelétrica aliado à insuficiência de novos empreendimentos tinha sido agravado por longa e crítica estiagem. Além de trazer significativa redução no consumo de energia, o racionamento serviu também para educar o povo brasileiro. Com reflexos benéficos até os dias de hoje.

Com diversos reatores nucleares sendo desligados para verificação, e racionamento programado de energia elétrica ameaçado pela alta de consumo no verão, o Japão pós 11 de março está reavivando a campanha do Cool Biz, moda norte-americana que procura usar roupas informais para o verão. Introduzida no verão de 2005, governo Junichiro Koizumi, era para ajudar na redução da emissão de gases poluentes: propunha-se manter o ar condicionado em locais de trabalho a 28º C, e permitir uso de roupas leves, abolindo-se gravatas e paletós no Japão. Houve muitas resistências por parte dos conservadores homens japoneses, mas em todos os verões vem se tentando popularizar a medida. Este ano, o Cool Biz começou um mês antes e irá até outubro, com adesão até entusiasmada devido à situação. Cartazes na entrada de prédios em Tóquio pedem para residentes e trabalhadores colaborarem com a campanha.

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Sobre Sismos e Usinas Nucleares

9 de maio de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: , , , , , | 7 Comentários »

Dando fim à controvérsia que dominou o noticiário da mídia japonesa neste fim de semana, a operadora Chubu Electric Power Co. decidiu acatar o pedido do governo para desligar os reatores da usina nuclear de Hamaoka. Localizada na cidade de Omoezaki, província de Shizuoka, a usina é de vital importância para a região que compreende as industrializadas províncias vizinhas de Aichi, Mie e Gifu.

A vulnerabilidade dos 54 reatores de energia nuclear em operação no Japão ganhou evidência após o terremoto de 11 de março ter provocado a crise da usina de Fukushima Daiichi. O premiê Naoto Kan, ao pedir pela paralização de Hamaoka, observou que estudos sismográficos indicam que há uma possibilidade de 87% de um grande terremoto de magnitude 8.0 Richter ocorrer nessa região de Tokai (mar interno do leste do Japão até a baía de Seto), nestes próximos 30 anos. A Chubu Electric deverá religar os reatores após serem realizadas medidas de prevenção e reforço adicionais contra sismos e tsunamis – o que poderá levar dois ou mais anos.

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Usina nuclear de Hamoka, que teve seus reatores desligados

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Coral de Crianças Conforta Desabrigados em Iwate

26 de abril de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Notícias | Tags: , , , , | 2 Comentários »

“Adeus amor, eu vou partir, ouço ao longe um clarim;

Mas onde eu for irei sentir os teus passos junto a mim…

(Alberto Ribeiro e Carlos Alberto F. Braga)

Não há brasileiro que não conheça esta canção, Valsa da Despedida. Costumava-se tocar ou cantar ao fim de eventos, em bailes de debutantes e formaturas, em encontros de amigos. É melodia universal, como Happy Birthday ou Noite Feliz. A letra da canção e a motivação diferem, mas a melodia é conhecida no mundo inteiro. No Japão, Hotaru no Hikari (À Luz de Vagalumes”), cantava-se em despedidas de formaturas de colégios e de universidades, e a letra em japonês remete à vida de duros estudos e boa camaradagem:

“Hotaru no hikari, mado no yuki,

Fumi yomu tsuki hi kasane tsutsu…”

Nos países de língua inglesa cantavam ao alvorecer do Ano Novo, como uma despedida às velhas reminiscências:

“Should old acquaintance be forgot and never be brought to mind?

Should old acquaintance be forgot and days of auld lang syne?…”

A versão inglesa é um poema escrito pelo escocês Robert Burns em 1788, ajustado para uma antiga e anônima melodia muito popular, Auld Lang Syne – mais ou menos como “Pelos Velhos Tempos”.

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Coral dos pequenos da escola infantil Child School de Ninohe, Iwate

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Mobilização Surpreendente de Voluntários

22 de abril de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Notícias | Tags: , , ,

O Centro de Ajuda Voluntária de Tóquio, em Shinjuku, visando gente que trabalha em seus afazeres normais, mas almeja poder fazer trabalhos voluntários, abriu inscrição para 200 pessoas interessadas em se engajar no feriado do Golden Week (que emenda alguns feriados japoneses). A tarefa principal é para ajudar na remoção de escombros e lama em cidades do litoral leste atingidas pelo tsunami. O anúncio, colocado na internet do dia 20 último, teve 600 inscrições nos primeiros 10 minutos, o que levou o Centro a interromper as inscrições para fazer uma primeira seleção. As condições básicas desejáveis são: ter tido experiência de ajuda voluntária em desastres naturais; ter carteira de motorista; ter condições de saúde para enfrentar jornada dura.

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