Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Tomie Ohtake

12 de fevereiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: , , , | 2 Comentários »

clip_image001Tomie Ohtake sempre continuará conosco pelo que nos deixou com o conjunto de suas obras. Mulher simples, apesar de sua imensa capacidade de abstração profunda, refletida no rico acervo de suas obras. Deixará imensa lacuna entre todos nós, pois ela sempre tinha o que nos dar.

 

Tomie Ohtake nos deixa depois de 101 anos bem vividos

Todos vão falar dela com considerações profundas e elogiosas, com textos preciosos como ela merece. Na falta de talento para tanto, só posso escrever algumas coisas simples que partilhamos juntos, quando aprendi a admirar uma mulher sem afetação, apesar de sua fama, com profunda sensibilidade para observar tudo que nos cerca.

Vou recordar sempre como ela agradecia o pouco missô caseiro que lhe levava, ela que sempre apreciava um simples missô-giru confortante. Sabia distinguir dos vendidos convencionalmente nas lojas. A mulher que o produzia faleceu há alguns anos, e Tomie sempre me cobrava pelo que não podia mais levar-lhe.

Lembro-me de um jantar juntos num restaurante em Tóquio, que eu tinha escolhido, com seus filhos Ruy e Ricardo. Havia uma escultura de gelo e também de tempura na nossa mesa, como é comum em muitos restaurantes no Japão. Havia uma vista privilegiada do restaurante para o parque de Hibiya, em frente ao Palácio Imperial. Como ela se emocionou com estas coisas que refletiam a arte na apresentação da culinária japonesa.

Era uma das muitas viagens que ela fez para apresentar algumas de suas obras no Japão. Não se comportava como uma artista consagrada, reconhecida em todo o mundo. Fazia jus ao título de “First Lady of Brazilian Arts”, com toda a sua modéstia.

Ela cedeu-me gentilmente a foto de uma de suas esculturas para o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, para figurar como capa de um modesto livro que escrevi.

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Escultura de Tomie Ohtake para o Centenário da Imigração Japonesa exposta em Santos, porto pelo qual chegou a maioria dos japoneses no Brasil, foto cedida por ela para capa de um livro

Tive o privilégio de conhecê-la ainda na época do Grupo Seibi, cujas exposições reuniam os trabalhos de muitos artistas nikkeis, quando ainda ela não era muito famosa. Nada mudou ao longo de sua profícua vida.


2 Comentários para “Tomie Ohtake”

  1. jose fontain silva
    1  escreveu às 12:57 em 13 de fevereiro de 2015:

    Confesso que, independentemente das origens de sua existência e a manifestação tardia e com sucesso de sua inteligência espacial, a história cuidará de eternizar Tomie Ohtake pela diversidade de suas obras que despontaram coincidentemente, talvez como resultado surgido do meio da crise reinante neste momento conturbado que, talvez, símbolizam uma transformação paradigmática, personificada e recalcada coletivamente para sempre na memória da cultura brasileira…

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 00:33 em 14 de fevereiro de 2015:

    Caro Jose Fontain Silva,

    Obrigado pelo seu comentário.

    Paulo Yokota


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