Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Análises Mais Profundas da Greve dos Caminhoneiros

4 de junho de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Alguns artigos publicados na Folha de S.Paulo, elaborados principalmente por Érica Fraga, fornecem informações mais profundas do que vem acontecendo com o setor de transportes de caminhões ao longo dos últimos anos, com base nos estudos efetuados pela Consultoria A.C.Pastore & Associados. A produção subsidiada de caminhões veio crescendo, mesmo clip_image002quando a economia já enfrentava uma recessão, sem a melhoria da eficiência destes veículos para participar competitivamente do mercado mundial. Os gráficos de suas rodagens médias, constantes do artigo mencionado, indicam uma queda nos últimos anos.

As produções de caminhões no Brasil foram subsidiadas, crescendo mesmo quando a economia já sofria uma recessão, com parte de exportação para países vizinhos sul-americanos tão pouco eficientes como a economia brasileira

Além da elevação dos combustíveis como o diesel, o excesso de capacidade de transporte da frota de caminhões disponíveis, em que pese o aumento da produção física de produtos agropecuários, bem como a precariedades das rodovias brasileiras contribuem para o problema. Tanto que o governo se comprometeu que parte do escoamento dos produtos que passam pela Conab – Companhia Nacional de Abastecimento esteja sendo reservada para ser escoada com o uso da capacidade de transporte dos caminhoneiros autônomos. Há que se reconhecer que, dadas às limitações das rodovias brasileiras, as grandes multinacionais que trabalham com estas commodities passaram a utilizar os meios fluviais, notadamente para a exportação pelo norte do país.

Tecnologicamente, os caminhões brasileiros não apresentam significativas inovações a ponto de poder competir em qualquer mercado o mundo, mesmo com pequenas melhoras. Seus consumos de combustíveis ainda são elevados e basicamente poluentes, quando o mundo caminha, bem ou mal, para a restrição de produtos que provocam o aquecimento global. Mesmo que os Estados Unidos, com o atual governo de Donald Trump, não aceitem o que está sendo recomendado pelo resto do mundo, nos entendimentos em torno do Clube de Paris.

Já houve período na indústria automobilística brasileira quando os produtos do Brasil se tornaram competitivos no mundo, inclusive em componentes importantes, tanto que veículos destinados ao mercado norte-americano tinham componentes brasileiros que acabavam sendo montados na Ásia, visando à colocação nos Estados Unidos. Tratava-se, portanto, da formulação de uma política industrial inteligente para ajudar no desenvolvimento brasileiro que, como em todos os países, depende do aumento do comércio internacional com o crescimento constante de sua eficiência.

Os remedos conseguidos no acordo do governo e dos caminhoneiros não são sustentáveis a longo prazo. Há que se caminhar para a produção de caminhões mais eficientes e não poluentes que possam também contribuir no desenvolvimento de outros setores da economia brasileira, de forma competitiva. Mas isto será tarefa para o próximo governo, pois o atual mal consegue se sustentar até o seu lamentável término.



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