Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Condições Adversas na Economia Mundial

18 de setembro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Mesmo os analistas que procuram ser mais pragmáticos, sabendo que devem evitar a generalização de um clima adverso na economia mundial que não ajuda a ninguém, constatam as dificuldades existentes e procuram saídas que não sejam os conflitos armados que já foram usados no passado.

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Mesmo que os norte-americanos desconfiem que os ataques de drones na Arábia Saudita tenha alguma participação não comprovada do Irã, evitam-se retaliações que foram prometidas por Donald Trump

Tudo indica que instalações estratégicas da Arábia Saudita não foram fortemente afetadas, tanto que aquele país volta a restabelecer o seu fornecimento de petróleo para o mundo. Os preços do petróleo que acusaram uma aguda elevação já voltam a registrar quedas, ajudada pelos usos de reservas estratégicas de muitos países importantes no mercado mundial. Também a dependência mundial da energia poluente tende a reduzir-se, com o aumento competitivo da solar e da eólica.

A guerra comercial desencadeada pelos Estados Unidos contra a China já acusam algumas acomodações, ainda que o clima geral tenha prejudicado a todos os países. A economia norte-americana, que estava numa situação invejável, já registrou um decréscimo que tende a se prolongar por muito tempo. A China sofreu uma forte desaceleração ainda que suas autoridades procurem compensar, em parte, com investimentos em infraestrutura, que também apresentam suas limitações com os recursos disponíveis. As exportações japonesas continuam em queda, como de muitos outros países asiáticos que aproveitavam os espaços criados pelos crescimentos como da China e da Índia, além de outros países emergentes.

As condições climáticas, com irregularidades e até secas, não ajudam os países asiáticos, como na produção do arroz, que é um produto vital para as alimentações de suas populações. Os tufões e as inundações acabam afetando regiões relevantes, com significativos prejuízos para suas vítimas e para o que existia materialmente em seus países.

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Inundações que ocorreram em países asiáticos

Mesmo com a queda dos juros no mercado internacional, bem como a concessão de algumas facilidades fiscais, a demanda dos consumidores e as ampliações das produções dos seus fornecedores estão ocorrendo como seria usual na economia. Os riscos envolvidos para as empresas se elevaram e poucos são capazes de assumi-los, salvo em setores como os de novas tecnologias de comunicação e de logística, que continuam agressivas, atraindo consumidores que desejam tirar partido das muitas inovações que estão ocorrendo. Mas, no geral, para a média das economias, os saldos líquidos não são positivos, ainda que o sejam para algumas empresas.

As desigualdades entre os privilegiados das populações dos diversos países e os menos favorecidos tendem a se ampliar, mesmo que algumas autoridades procurem adotar medidas compensatórias. Os idosos estão aumentando, implicando em custos adicionais para a sua saúde e outros cuidados que eles necessitam. Os regimes autoritários tendem a tomar medidas para o controle dos seus dissidentes.

Quando muitos fatores adversos se acumulam, torna-se mais difícil adotar-se uma política econômica que promova a recuperação das muitas econômicas. Querendo ou não, existe uma globalização que está sob ataque, mas que faz parte da realidade mundial. A disseminação do populismo nacionalista não favorece um entendimento internacional, aparecendo muitos políticos que imaginam poder tirar partido pessoal ou do seu grupo nestas situações. Este fenômeno está sendo observado em muitos países europeus, com declarações bombásticas que não ajudam o mundo.

Lamentavelmente, a reversão desta situação mundial vai depender de um conjunto de medidas que demoram a proporcionar seus efeitos. Os investimentos em infraestrutura exigem recursos e financiamentos, que tendem a escassear envolvendo elevados riscos. As melhorias das produtividades, como as agropecuárias, dependem de insistentes investimentos em pesquisas que estão sendo feitos, mas também seus resultados costumam demorar. Não existe um milagre, mas os recursos humanos hoje disponíveis melhoraram substancialmente quando comparados com o passado. Tudo vai exigir muita paciência e as promessas de soluções rápidas podem envolver riscos elevados, além de não serem sustentáveis em longo prazo.

O que se pode considerar outro fator positivo que vem ocorrendo é a melhoria significativa nos meios de comunicação social, mesmo com algumas limitações. As informações sobre as novas tecnologias que podem ser usadas chegam rapidamente tanto para as autoridades como para a população. Tenhamos esperanças que produções adicionais proporcionados com maior eficiência cheguem aos consumidores, aumentando-lhes o bem-estar. Nos assuntos relacionados com a medicina, isto está acontecendo de forma muito promissora.

No caso brasileiro, os esforços indispensáveis são grandes, pela falta de racionalidade na política econômica por muito tempo. As exportações foram concentradas nos produtos agropecuários e minerais, destruindo-se o setor industrial. Foram reduzidas as pesquisas e a educação, sacrificando os recursos humanos. A assistência à saúde para os desfavorecidos está precária e estamos com muitos trabalhadores subutilizados. A redução da retórica oficial poderia reduzir um pouco da reação que ela provoca junto aos que poderiam nos ajudar internacionalmente.

Com duro aprendizado, pode ser que acabemos aprendendo o que realmente seja de interesse nacional, reduzindo de fato alguns benefícios exagerados que foram concedidos aos que usam os recursos governamentais, como políticos e parte dos funcionários públicos, além de algumas empresas que mamaram na teta do governo. As tributações mais pesadas devem ser concentradas nos privilegiados e mesmo a privatização, que está sendo acelerada, deve contar com agências controladoras que contem com menos recursos humanos provenientes de empresas concessionárias que deveriam ser vigiadas rigorosamente. A reforma administrativa precisaria contar com especialistas que conheçam as experiências bem sucedidas no exterior, como também a reforma fiscal.

Não são tarefas fáceis, mas que necessitam do empenho de pessoal qualificado, para ser suportado pela população brasileira.



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