Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Michael Bloomberg Candidato a Presidente dos EUA

24 de novembro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image002Tive a oportunidade de conhecer Michael Bloomberg (foto) quando ele era somente um empresário que utilizava a sua organização para divulgar dados que interessavam principalmente aos investidores em ações na Wall Street, há algumas décadas. Já impressionava, pois seu escritório na Park Avenue, em Nova York, tinha mais computadores do que funcionários, mostrando que ele já estava na frente dos que atuavam neste tipo de mercado. Expandiu sua organização para chegar a funcionar como um importante órgão de comunicação social no mundo pelo uso intenso da internet, inclusive no Brasil. Tornou-se governador do Estado de Nova York por três mandatos, impressionando a muitos por sua administração. Mas enfrentar os demais candidatos do Partido Democrata para chegar à disputa com Donald Trump é uma campanha com poucos paralelos.

Que Michael Bloomberg conta com importantes credenciais para se candidatar a presidente dos Estados Unidos contra Donald Trump não há dúvidas. Mas o processo naquele país exige que ele vença dentro do seu Partido Democrata os demais candidatos e adquira as condições de disputar com Donald Trump, respeitável candidato à reeleição pelo Partido Republicano, que conta com substancial apoio dos conservadores daquele país, ainda que de forma discutível, inclusive pelas irregularidades que estão sendo apontadas no Congresso dos Estados Unidos.

Esta campanha exige muitos recursos, mas, como milionário bem-sucedido, ele deve conseguir muitos apoios, gozando também de boa imagem junto a muitos eleitores. Nos Estados Unidos não são os votos universais que determinam a escola do presidente, mas os votos dos estados que possuem critérios diversos, como uma verdadeira Federação. Existem estados onde todos os seus delegados votam no que obteve a maioria naquela unidade, em outros há uma distribuição proporcional entre dois candidatos, havendo sempre dúvidas, como no Estado da Flórida, onde as apurações costumam ser demoradas, sendo feito pela discutível contagem manual dos votos populares, suspeitando-se de manipulações. As pesquisas indicam que Donald Trump deve contar com cerca de 30% dos votos dos eleitores norte-americanos, principalmente conservadores, o que é um percentual elevado.

A média dos eleitores norte-americanos vota considerando somente seus interesses restritos e locais, não se interessando até o que acontece em termos nacionais ou internacionais. Ainda que Michael Bloomberg seja bastante conhecido pela sua atuação como governador de um estado importante como Nova York, suas atuações empresariais acabam não sendo muito relevantes.

Para o mundo, um empresário bem-sucedido com sucesso também político, informado sobre acontece internacionalmente, parece relevante, o que não é o motivo principal que move muitos eleitores conservadores daquele país. Se a economia norte-americana ainda mantém um crescimento relativamente elevado, com o nível de desemprego baixo, isto pode pesar muito mais que outros fatores.

Tudo indica que para o Brasil, que pragmaticamente começa a admitir a importância da expansão do comércio internacional, uma figura como Michael Bloomberg seria interessante. Ainda que Jair Bolsonaro tenha apoiado Donald Trump, as indicações recentes não dão conta de vantagens que tenham sido obtidas junto ao atual governo dos Estados Unidos. Não se conta com investimentos norte-americanos nas necessidades de financiamento dos projetos de infraestrutura do Brasil e nem promessas de abertura do mercado norte-americano para a carne bovina brasileira tiveram condições de se concretizarem. Ao mesmo tempo, intensificam-se os entendimentos com os chineses, ainda que estejam nos seus estágios iniciais, mas dando sinais concretos de algumas participações de interesse recíproco.

Estes indícios ainda estão longe das eleições que devem ocorrer no próximo ano nos Estados Unidos, podendo haver ainda muitas mudanças. Mas o Brasil está necessitando de um vento de cauda internacional para recuperar parte do seu crescimento que se observava no passado, a fim de reduzir as tensões que ocorrem em países vizinhos, com o agravamento das disparidades dos benefícios do desenvolvimento entre os mais favorecidos e os marginalizados.



Deixe aqui seu comentário

  • Seu nome (obrigatório):
  • Seu email (não será publicado) (obrigatório):
  • Seu site (se tiver):
  • Escreva seu comentário aqui: