Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Novo Ministério de C,T & I no Brasil

27 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , , | 2 Comentários »

O ministro Marco Antonio Raupp, um especialista em ciência e tecnologia já comprovado pelos seus trabalhos no Centro Tecnológico da Aeronáutica, em São José dos Campos – SP, fez uma ótima apresentação na Fiesp – Federação da Indústria do Estado de São Paulo. Mostrou uma situação preocupante do Brasil, onde na última década os investimentos em P& D são extremamente baixos quando comparados com os principais países desenvolvidos e emergentes como a China. Mostrou que as inovações, com os dados mais recentes disponíveis, ainda são baixos nos principais países da América Latina e mesmo dos chamados BRICS, com participação insignificante do setor privado.

Mostrou ainda que dos formados em ciências naturais e engenharia em 2008, o Brasil conta com uma participação insignificante, 3% na primeira especialização, e 2% na segunda, quando os outros concorrentes, principalmente a China, contam com 17% e 34% dos mesmos, e os países asiáticos em bloco, incluindo a Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Coreia, Taiwan e Tailândia, estão com 26% e 17% respectivamente.

Apresentação MEI-FIESP 1

Apresentação MEI-FIESP 1

O ministro Marco Antonio Raupp apresentou o mapa estratégico da ENCTI 2012-2015, Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, como o eixo estruturante do desenvolvimento sustentável do Brasil.

Apresentação MEI-FIESP 1

Estão fixadas as metas para 2014, como passar de 1,19% de dispêndio do PIB em 2010 para 1,80% em P & D. A Taxa de Inovação que era de 38,6% em 2008 espera passar para 48,6% em 2014. As empresas inovadoras que fazem uso da Lei do Bem, que era de 630 em 2009-2010, espera-se que atinja 1.260 em 2014.

A posição esperada em 2010, de 0,56% em dispêndios empresariais em P & D, tem uma perspectiva de chegar a 0,90% em 2014. O número de empresas que fazem P & D contínuo que era em 2008 de 3.425 espera-se chegar a 5.000 em 2014. As empresas que usavam ao menos um dos instrumentos de apoio à inovação do governo, que era de 22,3% em 2008, espera-se chegar a 30% em 2010. São todas metas realistas.

As áreas prioritárias do ENCTI são dos setores de Tecnologia de Informação e Comunicação, Fármacos e Complexo Industrial da Saúde, Petróleo e Gás, Complexo Industrial da Defesa e Aeroespacial. Compreende a área nuclear, fronteiras para a inovação (biotecnologia e nanotecnologia), fomento à economia verde (energias renováveis, mudanças climáticas, biodiversidade, oceanos e zonas costeiras), C,T & I para o desenvolvimento social (popularização da C,T & I e melhoria do ensino de ciências, inclusão produtiva e tecnologia social, tecnologias para cidades sustentáveis).

Bolsas estão sendo concedidas pelo CNPq e Capes, como recursos estão sendo concedidos pela Finep para a formação dos recursos humanos. Tecnologias de defesas estão conectados com a Marinha, com o Exército e a Aeronáutica, e o programa espacial visa o lançamento de satélites ao longo dos próximos seis anos.

Mas os recursos para tanto ainda dependem do Congresso, onde se espera que parte dos royalties do petróleo seja voltados para C,T & I, sem o qual haverá uma drástica redução dos disponíveis.


2 Comentários para “Novo Ministério de C,T & I no Brasil”

  1. Tiago
    1  escreveu às 11:24 em 1 de agosto de 2012:

    O problema envolve além de investimentos no setor de tecnologia. O povão prefere cursos menos difíceis como direito ou administração, alias tais cursos são comumente encontrados no crescente numero de ”faculdades de esquina”.

    Cursar direito para ser servidor público seja juiz, advogado ou similares, ganham muito mais dinheiro do que em outros cursos. Principalmente em um país como Brasil, onde a população se acostumou a trabalhar para o Estado e vê-lo sendo o grande, se não o único, a investir em setores do país, seja por monopólio das estatais ou por causa dos pesados impostos sobre o setor privado, que o impede de fazer o mesmo e até ser atrativo para a população.

    É que na verdade cursos de TI e engenharia estão mais ligados ao setor privado do que o publico. Mas o primeiro devido ao peso dos impostos, encargos trabalhistas e péssima infraestrutura do país, saí prejudicado e pagando salários não muito atrativos como os do Estado. Os recém-formados, então já pensam em trabalhar na Petrobrás ou na Vale, as únicas que tem salários atrativos. Outros em empresas de construção civil que lucra muito devido aos programas do governo.

    Com todo este cenário, muitos empregos de engenharia simplesmente não existem no Brasil ou são escassos. Por exemplo, engenharia de computação e ciência de computação atuam em duas áreas distintas de TI, mas no Brasil é muito escasso mercado no primeiro, então muitas vezes tais profissionais fazem o serviços do segundo. Algo similar acontece em engenharia mecatrônica. Engenharia naval está tendo com mercado crescendo depois de duas décadas extinta. Engenharia ferroviária, que existe na UFSC campus em Joinville, acho que nem deve existir mercado ainda.

    Com o recente sucateamento das indústrias, muitas engenharias terão pouco mercado de trabalho apesar de muita empregabilidade devido falta de profissional num dado ramo.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 16:15 em 1 de agosto de 2012:

    Caro Tiago,

    Agradeço o uso do site. Acho que existem algumas confusões nas suas observações. Até paises como a China que eram considerados comunistas estão desenvolvendo seus setores privados. No Brasil está se intensificando projetos como os publicos-privados, pois não existem recursos públicos para atender todas as necessidades de investimentos.
    Se V. acredita que o mercado funciona, onde existem insuficiencias de recursos humanos qualificados, os salários acabam subindo.
    Existem muitos setores de alta tecnologia que estão ampliando as suas atividades, e sempre haverá atividades onde os investimetnos públicos são necessários, pois suas maturações exigem prazos longos e os riscos são elevados. O mundo globalizou-se, e como existem muitos qualificados brasileiros trabalhando no exterior, temos estrangeiros qualificados trabalhando no Brasil.
    Apesar de suas opiniões, o Brasil vem se destacando por pesquisas em alguns setores, com o aumento de publicações nas revistas acadêmicas internacionais, como já postamos neste site, e por avaliações feitas tecnicamente por entidades como a Thompson Reuter. Pode ter um pouco mais de confiança no seu país, pois com dificuldades naturais dos países emergentes, continuamos crescendo, oferecendo oportunidades até para estrangeiros que estão aumentando suas imigrações para o Brasil.

    Paulo Yokota


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