Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

The Economist Analisa Problemas Que Podem Ser Comuns

16 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , , | 4 Comentários »

O último número do The Economist menciona no artigo “Young, gifted and blocked” (tradução livre, “Jovem, dotado e bloqueado”) o caso da Humax, uma empresa coreana que nasceu da reunião de alguns estudantes de engenharia e faturou US$ 865 milhões num ano, como uma exceção, pois a economia da Coreia continua sendo dominada pelas Chaebol, grandes conglomerados de base familiar. A maior delas é a Samsung, que exportou um quinto do total coreano. A maioria dos jovens coreanos prefere fazer carreira nestes conglomerados, no serviço público ou como profissionais autônomos, ainda que já existam novas empresas nos setores de comunicação de ponta.

Algo semelhante já aconteceu no Japão com as chamadas zaibatsu que foram desmembradas quando terminou a Segunda Guerra Mundial, que coincidiu com um surto de desenvolvimento. Ainda que existam hoje aglomerados como a Mitsubishi, Sumitomo, Mitsui e outras, elas não atuam mais fechadas como no passado. Com as recentes crises, as pequenas e médias empresas estão crescendo mais rapidamente que as grandes organizações. Mas continua não havendo uma política explícita para o fomento de algo parecido com o que ocorreu no Vale do Silício, de onde nasceram empresas que se tornaram conhecidas como inovadoras nas tecnologias avançadas, hoje as mais valorizadas do mundo.

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No entanto, as próprias dificuldades enfrentadas pelas economias acabam permitindo o florescimento de milhares de empresas próprias, com algumas alcançando destaque, principalmente pelo uso da internet e novas formas de comunicação do mundo atual. Muitas iniciam as operações no exterior, levando as autoridades a atentar para a necessidade de programas para estimulá-las.

Nos países emergentes, parece que estas oportunidades se apresentam com maior frequência, como na China, na Índia ou no Brasil, onde as pesadas e antigas organizações não possuem o peso das tradições, havendo uma saudável possibilidade de mobilidade social com maior facilidade. A educação vem exercendo um papel relevante na mobilidade social.

Costuma-se afirmar que os “pais criaram as empresas, os filhos as ampliaram e os netos as afundam…”, salvo quando conseguem deixar de serem familiares para contar com governanças adequadas, que nem sempre são processos simples.

Os processos de fusões e aquisições são bastante intensos, havendo os que pretendem sucesso somente com as existências das empresas virtuais, sem conteúdo tecnológico, patrimônio ou produções consolidadas.

Mas a London School of Economics, de onde se originou a própria The Economist, acabou desenvolvendo os cursos de antropologia cultural, para permitir os estudos das evoluções dos grupos de interesses existentes em qualquer organização, que podem facilitar ou dificultar estes processos de desenvolvimento das organizações humanas, que continuam sendo semelhantes aos vigentes desde os grupos primitivos.


4 Comentários para “The Economist Analisa Problemas Que Podem Ser Comuns”

  1. Carlos Silva
    1  escreveu às 08:42 em 17 de maio de 2011:

    Caro Sr. Paulo:

    O amigo saberia citar algumas novas empresas japonesas que poderiam se tornar uma futura Sony ou Toyota, por exemplo? Desnecessário dizer que muitas marcas nipônicas ficaram mundialmente renomadas, como Nissin (macarrão), Mizuno (material esportivo), Pentel (material de escritório), Yamaha (motos), Shiseido (cosméticos), OLFA (estiletes), YKK (zíperes), Yakult (bebidas), Ajinomoto (temperos), Takii (sementes), Casio (relógios), Bridgestone (pneus), Canon (câmeras fotográficas), Subaru (carros) etc.

    Todavia, acho que é mister uma “renovação”, novos concorrentes, até para estimular os antigos grupos. Não se pode acomodar.

    Abraços.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:13 em 17 de maio de 2011:

    Caro Carlos Silva,

    Obrigado pelos comentários. Existem muitas empresas que estão se destacando, por estarem voltadas para novas tecnologias. Uma que já lidera um grupo de muitas empresas é a Kyocera, que depois de trabalhar com cerâmica, ficou famosa por introduzir a cerâmica fina com que se fabrica facas, tesouras e outros materiais que não perdem o corte. Empresas como a Toyobo eram do setor textil e hoje se destaca na produção de filmes de prolipopinelo de muitos tipos (que não transmitem calor ou frio, que só permitem a transmissão de uma face para outra, permitem impressões etc.). Muitas desenvoveram a área de biotecnologia, para combater a poluição ou desenvolvimento de novos medicamentos para o combate ao câncer. Empresas estatais como a NHK desenvolvem novos produtos para comunicação, tendo aperfeiçoado os sistemas de televisão digital de alta definição, interativos, e os utilizados para a defesa civil. Muitas municipalidades contam com sofisticados sistemas de comunicação com a comunidade, de forma interativa, havendo verdadeiras cidades totalmente informatizadas. As tecnologias de economia de energia estão avançadas, com o trabalho de muitas empresas.
    Está havendo uma grande mudança no sistema de comercialização, com empresas como as de redes de lojas de conveniência, agora com comidas prontas e quentes, como os coreanos têm em Nova Iorque. Ou empresas semelhantes à Uniquo, tanto para o sexo masculino como feminino. O fast food de boa qualidade é uma realidade no Japão e está se estendendo por toda a Ásia.
    Os japoneses estavam muito concentrados no mercado interno, e agora procuram se tornar mais internacionais, procurando atender as demandas específicas que se diferenciam pelos diversos países.
    Muitos jovens estão iniciando empresas criativas de comunicação, desde o mangá até as formas eletrônicas. Os desafios atuais estão obrigando os japoneses a introduzirem renovações e novos produtos, como toda a sorte de robótica, para atender as necessidades de serviços, pois a mão de obra no Japão é extremamente cara.

    Paulo Yokota

  3. Diego
    3  escreveu às 14:34 em 17 de maio de 2011:

    Uma jovem empresa japonesa promissora é a Genepax (http://www.genepax.com/). Provavelmente, o doutor Yokota conhece.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 15:07 em 17 de maio de 2011:

    Caro Diego,

    Obrigado pela contribuição.

    Paulo Yokota


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