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Prêmio Nobel Joseph Stiglitz Escreve Sobre o Neoliberalismo

7 de novembro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , , ,

clip_image002É natural que haja debates sobre o que estaria acontecendo recentemente no mundo, inclusive entre os acadêmicos. Observa-se uma polarização que parece exagerada mesmo entre os estudiosos, com muitos enfatizando críticas às políticas de regulamentação governamental e ressaltando a importância da política neoliberal que, além de permitir o desenvolvimento econômico, preservaria o sistema democrático.

Joseph E.Stiglitz, professor da Columbia University, USA, um dos prêmios Nobel de Economia de 2001, que escreve regularmente no Project Syndicate

Uma nota introdutória do Project Syndicate informa que, por 40 anos, as elites dos países ricos e pobres prometeram que as políticas neoliberais levariam a um crescimento rápido, beneficiando também os pobres, mas no momento observa-se a insatisfação da população com os resultados obtidos. No final da Guerra Fria, Francis Fukuyama escreveu que estaria ocorrendo o fim da história, com o colapso do comunismo, fazendo com que a democracia liberal com o uso do mercado fosse consagrada. Mas parece que o debate continua e o crescimento beneficiou somente uma pequena elite, prejudicando os mais pobres, que estão manifestando suas insatisfações, tenham ou não razões para tanto, inclusive a classe média que tinha melhorada a sua situação.

Segundo Stiglitz, a credibilidade do neoliberalismo em mercados continua indicando o caminho mais seguro para a prosperidade compartilhada, dando suporte à vida nos dias atuais. O declínio simultâneo da confiança no neoliberalismo e na democracia não é uma coincidência ou mera correlação. O neoliberalismo não foi capaz de consolidar a democracia. Se um político eleito contraria as vontades de Wall Street, os principais operadores retiram os recursos aplicados naquele país, levando-o a uma situação complicada.

Para permanecer no mercado, os salários de muitos trabalhadores precisariam ser comprimidos e os cidadãos teriam que aceitar o corte dos importantes programas governamentais, como o da saúde e de assistência aos idosos, que estão aumentando. Os que prometeram melhorias significativas estão constatando que somente uma pequena elite se beneficiou e os outros estão se sentindo enganados, manifestando suas insatisfações.

Os que não se perfilavam ao lado do neoliberalismo foram isolados como heterodoxos, intolerantes e dissidentes. Não havia uma sociedade aberta como prometido, sendo um sistema complexo e em constante evolução, segundo o autor. Quando ocorre uma crise como em 2008 ou agora em 2019, seus defensores consideram um evento excepcional, que ocorreria a cerca de 500 anos, que não poderia ser previsto. Mas está se repetindo novamente, depois de alguns anos de prosperidade, cujos resultados foram mal distribuídos, concentrados nos benefícios de uma pequena elite. Esta, em de efetuar novos investimentos, está se transferindo para o exterior com os patrimônios que dispõe. As inovações democráticas ainda estão no estágio que não existe uma maioria operacional para dar o suporte ao governo, que, por sua vez, ainda apresenta grandes deficiências numa articulação adequada.

Os que não desejam ver o que está acontecendo, dando as costas à ciência e à tolerância, só pioram a situação, como vem acontecendo no Brasil. Segundo Stiglitz, o caminho possível seria o renascimento da importância da história, comprometendo-se a honrar os valores da liberdade, com respeito pelo conhecimento e a democracia, que também se tornam objetivos gerais e não operacionais.

Tudo indica que as manifestações das insatisfações que ocorrem em alguns países tendem a serem adotadas em outras, pelo aumento do uso das redes eletrônicas das informações. Mesmo no Chile, que veio adotando por anos a melhor forma possível as recomendações do neoliberalismo, eclodem as persistentes manifestações de insatisfação com o que obtiveram.

No Brasil, tudo indica que, dadas as incorreções das políticas governamentais por anos, caminha-se para a radicalização de posições conservadoras, que também não consegue contentar a maioria da população. Até agora não se observaram manifestações agudas de insatisfação, mas não se pode afirmar que os menos privilegiados estejam satisfeitos com a pouca utilização de parte dos recursos humanos, com políticas neoliberais, sem que haja um avanço no sistema democrático.

O que se pode supor é que a situação é de grande complexidade, sendo difícil haver um plano eficiente que tire proveito dos recursos disponíveis para acelerar o desenvolvimento, com o difícil incremento das relações internacionais, que seriam as soluções para minorar muitos dos problemas que estão sendo enfrentados pelo Brasil.



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