Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Chineses Já Controlam as Matérias-Primas Para as Baterias

23 de março de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002 Um artigo importante que será publicado no The Economist deste fim de semana informa que os chineses controlam mais da metade da produção mundial de cobalto do Congo, na África, onde os chineses já investem muito. Esta matéria-prima é estratégica para a produção de baterias de íons de lítio que devem ser utilizados nos veículos elétricos.

Mineração de cobalto em foto constante da matéria publicada pelo The Economist, que vale a pena ser lida na íntegra

A capacidade de ver o futuro e tomar medidas estratégicas para se posicionar adequadamente é sem dúvida algo que destaca a China, enquanto no Brasil, lamentavelmente, estamos só vendo a ponta do nariz e tomando medidas que mal permite equacionar os problemas que devemos enfrentar ainda este ano, sobre os quais pairam muitas dúvidas políticas.

O cobalto já foi um minério que não se sabia para o que pudesse ser utilizado. Mas agora se tornou estratégico, sendo que 4/5 dos mesmos sulfatos e óxidos de cobalto usados para fabricar os cátodos de baterias de íons de lítio estão controlados pelos chineses, com minérios provenientes do Congo. Esta mineração é de propriedade majoritária da China Molibdênio.

A GEM, fabricante chinesa de baterias, anunciou em 14 de março deste ano que aprofundaram a produção de cobalto do Congo, que adquiriria 1/3 do cobalto da Glencore, a maior produtora mundial de metal entre 2018 e 2020, quase a metade da produção de 110 mil toneladas de 2017. Isto provocou um impulso no preço do cobalto de uma média de US$ 26.500 a tonelada para mais de US$ 90 mil. O resto do mundo corre para ter um pouco de participação neste mercado já dominado pelos chineses, como afirma Sam Jaffe, da Cain Energy Research Advisors, uma consultoria especializada nestes assuntos.

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Cotação do cobalto e do níquel e seus principais usos. Gráfico constante do artigo no The Economist

As empresas sul-coreanas e japonesas estão preocupadas com esta evolução, pois os chineses, que dispõem de 85% das terras raras, já restringiram suas exportações durante uma disputa marítima em 2010 que eram vitais para empresas do Japão.

Outro metal estratégico é o níquel, pois o material mais comumente utilizado para cátodos em baterias de veículos elétricos são uma combinação de níquel, manganês e cobalto, conhecida como NMC, e de níquel, cobalto e alumínio conhecida como NCA. Há uma possibilidade técnica para substituir o cobalto caro por níquel nas baterias elétricas com razoável equilíbrio para que não possa explodir em chamas.

A McKinsey, que costuma ter boas informações, espera que o níquel relacionado com os veículos elétricos suba de demanda em 16 vezes até 2025, passando de apenas 35 mil toneladas no ano passado para 550 mil toneladas.

Em teoria, a melhor maneira de garantir suprimentos suficientes de níquel e cobalto no mundo, segundo o The Economist, seria aumentar os seus preços para torná-los lucrativos. Mas isto significaria baterias mais caras, bem como veículos elétricos com preços mais elevados.



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