Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Plantas Medicinais no New York Botanical Garden de Bronx

13 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Os que desejarem conhecer sobre plantas medicinais em todo o mundo, especialmente da biodiversidade brasileira, devem visitar o The New York Botanical Garden, que fica em Bronx, podendo se chegar a menos de 30 minutos do Grand Central Terminal de Nova Iorque, que fica no Manhattan, utilizando um trem. Ele apresenta até 8 de setembro próximo uma rica exposição onde as plantas podem ser observadas nas grandes estufas, inclusive reproduzindo o clima tropical da Amazônia brasileira. Muitas das plantas que são do nosso cotidiano, nos vasos e nos jardins mais simples, contam com princípios ativos que são utilizados para medicamentos e cosméticos, ajudando a preservar o meio ambiente e proporcionar atividades rentáveis para os que vivem da exploração racional das florestas. Muitas informações estão disponíveis no seu site: www.nybg.org/, tanto sobre as suas pesquisas como uma biblioteca fabulosa que contém preciosidades sobre as plantas e seus aproveitamentos medicinais deste da Idade Média, em várias partes do mundo. Os dados sobre a Europa são mais ricos, sentindo-se a insuficiência das informações sobre a Ásia, notadamente sobre a medicina chinesa que utiliza muito dos medicamentos fitoterápicos, que exigem seus cuidados.

O Brasil deveria aprender um pouco sobre o que se faz naquela instituição, pois apesar dos esforços que estão sendo feitos por algumas instituições tradicionais de pesquisas da Amazônia, ainda o aproveitamento da biodiversidade brasileira é limitada, contando com um enorme potencial. No passado, infelizmente, muitas das plantas brasileiras foram contrabandeadas para o exterior, inclusive por cientistas e missionários, o que exige grande cuidado da parte das autoridades brasileiras. Mas hoje os controles são mais rigorosos, ainda que acabem implicando em algumas burocracias que não favorecem as pesquisas, e elas podem ser promovidas em conjunto com instituições de elevado respeito internacionais.

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Manifestações de Insatisfações Sem Organização Política

12 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , , , | 4 Comentários »

Qualquer motivo, como a elevação das tarifas de transportes, acaba desencadeando manifestações populares violentas, como está se observando em São Paulo e no Rio de Janeiro, que começam a se organizar na forma de Passe Livre. As insatisfações populares generalizadas não conseguem ser captadas pelas organizações políticas que gozam hoje de baixa credibilidade, tendendo a tornar estas manifestações anárquicas. Aproveitam as situações onde as autoridades contam com menos disposição de diálogos com as massas, com reações policiais também violentas, como também se observa na Turquia, onde Taksin virou um campo de batalha. Imita-se o que ocorreu na chamada primavera árabe em vários países. E a mídia, principalmente eletrônica, espalha as imagens que proporcionam oportunidades para uma evidência imediata, mesmo momentânea daqueles que desejam aparecer.

Não parece ser preciso ser especialista em ciências políticas, sociólogos ou antropologistas para diagnosticar esta situação que ainda não é clara. A credibilidade das autoridades, quer seja do Executivo, do Legislativo e até do Judiciário, parece baixa. Os jovens que não se manifestavam por muito tempo acabam encontrando espaços para expressarem seus desejos de participação, ainda que inicialmente de forma quase anárquica, aproveitando a ampla gama de insatisfações, sem que haja propostas organizadas. A classe política está evidenciando o seu fracasso, sendo incapaz de organizar um sistema onde estas massas de insatisfeitos tenham uma forma de se expressar de forma democrática.

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Manifestações em São Paulo e  Rio de Janeiro contra aumento das passagens, e Taksin, na Turquia

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As Constantes Mudanças nas Condições Para o Trem Bala

12 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

O governo brasileiro insiste na construção do trem bala entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, ainda que as condições não sejam as ideais para este tipo de trem, cujas tecnologias vêm melhorando ao longo dos últimos anos, exigindo muitas mudanças nas condições estabelecidas no edital. Anuncia-se agora que as propostas para a operação por 40 anos e a tecnologia a ser utilizada devem ser entregues até 13 de agosto próximo, com a União reduzindo o lance inicial para atrair os investidores. Segundo os estudos da EPL – Empresa de Planejamento e Logística, informa-se que o mínimo por trem quilômetro de R$ 70,31 deve ser reduzido para R$ 65,00, procurando proporcionar uma TIR – Taxa Interna de Retorno de 7,2% ao ano, segundo a informação do presidente Bernardo Figueiredo ao Valor Econômico.

O Brasil é um país extenso, com uma população ocupando um amplo território, com concentrações urbanas dispersas, que não pode contar com elevada intensidade de tráfego em curtas distâncias. Dos diversos tipos de trens rápidos existentes no mundo, informa-se que somente dois trechos apresentam resultados econômicos: de Tóquio a Osaka, que conta com diversas cidades intermediárias de porte; de Paris a Lion, também numa região amplamente ocupada. Todas as demais são deficitárias, mesmo na Europa que conta com um território limitado e grande intensidade demográfica, o que também ocorre na China e em Taiwan. Sem uma massa significativa de potenciais passageiros, um trem de alta velocidade dificilmente contará com uma razoável viabilidade econômica.

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Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa de Planejamento Logístico

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Ajustando Comportamentos Brasileiros

12 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Diante da história brasileira que remonta aos períodos coloniais e da escravidão, as mudanças que estão ocorrendo recentemente no problema dos empregados ou empregadas domésticos mostram que há necessidades de mudanças radicais nesta cultura. Herdamos uma cultura consolidada ao longo de séculos que abusava do uso de empregados ou empregadas domésticos com baixos custos, fazendo com que os chamados patrões deixassem a maioria dos encargos domésticos com eles ou elas, quer seja com base num acerto mensal, semanal ou diário. Observando o que predomina nos países desenvolvidos da Europa, nos Estados Unidos ou países asiáticos como o Japão, onde tais empregados não estão disponíveis, nota-se que muitos destes encargos eram divididos pelos membros da família, pois o custo de contar com auxiliares era extremamente elevado, havendo facilidades para a execução de parte destas tarefas. É evidente que famílias muito ricas contam com empregados domésticos, mas em número hoje restritos.

Por exemplo, em muitos países os serviços de lavagens das roupas são executados em máquinas de lavar coletivas de um condomínio, ou em empresas de terceiros, inclusive com a sua secagem elétrica. Cada membro da família cuida da limpeza do seu quarto, e os serviços relacionados com as refeições domésticas costumam ser partilhados, sendo natural que crianças ou homens cuidem da preparação da mesa, ou da limpeza posterior às refeições. Há muitos casos de arranjos diferenciados, onde os homens cuidam até dos cuidados relacionados com os bebês, quando as mães necessitam de tempo, inclusive para trabalhos externos, principalmente entre os mais jovens. No Brasil, parece que se consolidou a cultura que estes trabalhos braçais deveriam ser inicialmente dos escravos, depois dos empregados, enquanto os patrões deveriam cuidar dos relacionamentos com seus amigos, do ócio e da cultura.

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Continuam os Problemas Com a Exploração do Xisto

12 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Ainda que os Estados Unidos venham liderando a exploração do gás e do petróleo com a fragmentação do xisto visando a sua independência energética, muitos problemas de sustentabilidade estão se multiplicando, começando a inundar os tribunais com ações jurídicas. Uma longa matéria publicada no site da Bloomberg pelos jornalistas Jim Efstathiou Jr., Andrew Harris e Sophia Pearson mencionam variados casos em que os prejudicados estão ingressando nos tribunais demandando contra a gigantesca Chevron e unidades da Williams Companies e da WPX Energy, que podem resultar em pesadas indenizações por variadas causas, nos mais diversos locais. Os norte-americanos pretendem superar a produção da Arábia Saudita com estes petróleos e gás, que provocam grandes injeções de produtos químicos para o fracionamento das pedras de xisto, para a liberação dos dois elementos desejados.

Os moradores do Condado de Fayette, na Pensilvânia, afirmam que a fragmentação do xisto, que é provocada com a injeção de água e produtos químicos, causou o vazamento do metano e de água poluída, afetando a criação de gado Black Angus longamente criado por um vizinho do empreendimento energético, bem como outros danos que estão afetando a população que conta com propriedades rurais na proximidade. Como são sabidos, nos Estados Unidos os proprietários das terras possuem direitos sobre o subsolo, com diferença com o Brasil, onde as jazidas do subsolo são do Estado, que podem conceder os direitos de exploração para o setor privado. O que está se alegando nas ações é que os direitos dos vizinhos estão sendo afetados pelos produtores de energia.

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Olympio da Silva e Sá e a Comunidade Nikkei no Brasil

11 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Olympio da Silva e Sá era um importante jornalista esportivo quando a Gazeta Esportiva ainda era um órgão da imprensa de grande destaque. Ele faleceu aos 97 anos em São Paulo, no último sábado. Ele foi presidente da Federação de Beisebol, ainda quando se chamava Federação Paulista de Base-Ball e Softball, entre 1947 a 1965, e este esporte era praticado praticamente só pelos membros da comunidade nikkei, hoje integrada com todos os brasileiros de muitas origens. Tinha uma grande importância e coordenava a famosa Corrida de São Silvestre, que marcava em São Paulo a passagem do ano, pois era praticada na noite de 31 de dezembro. Foi quem conseguiu construir o estádio do Bom Retiro, quando antes este esporte era praticado inicialmente na Baixada do Sudan, no final da rua Conde Sarzedas, onde se concentrava inicialmente a comunidade nikkei, no bairro da Liberdade, na Capital paulista.

Depois, o beisebol passou a ser praticado em alguns estádios pertencentes a clubes que tinham neste esporte a sua base, inclusive em torneios que reuniam representantes de diversas regiões paulistas e paranaenses, onde estavam concentrados os imigrantes japoneses no interior brasileiro. Poucos importantes brasileiros ainda se relacionavam com os nikkeis, e Olympio da Silva e Sá honrava com sua prestigiosa presença todos os que estavam ligados a este esporte, que serviria de ponte com todos os brasileiros. Conseguiu atender uma grande aspiração dos beisebolistas que era contar com um estádio oficial para a sua prática.

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Olympio da Silva e Sá /  Foto: Marcelo Ferrelli/Gazeta Press

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Comportamento do The Economist Com o Brasil

10 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Os democratas de todo o mundo aceitam que um dos sustentáculos deste sistema político é a imprensa livre, ainda que algumas críticas de seus órgãos sejam sistemáticas em decorrência de suas posições ideológicas. Os assinantes do The Economist ficam capacitados a terem acesso pela internet dias antes de sua distribuição, e estando no exterior, diante de dois artigos críticos com relação ao Brasil, um exame mais cuidadoso do texto publicado foi considerado conveniente para a formação de um conceito mais justo sobre elas. Depois de suas leituras, parece que existem espaços para apontar algumas distorções que muitos admitem nesta importante revista de repercussão mundial. Acaba-se reconhecendo que pretende que suas recomendações deveriam ser aceitas por todos, com o espírito do humor inglês característico.

Sente-se um rancor injustificado da revista com relação aos que não partilham de suas posições ideológicas, como muitos dos leitores do The Economist admitem. Mas, parece que contemplar com dois artigos o atual comportamento do governo brasileiro, parece um exagero, ainda que algumas das suas críticas sejam aceitáveis. É notória a admiração da revista ao elegante governo de Fernando Henrique Cardoso, contrastando com as críticas ao Luiz Inácio Lula da Silva, de humilde origem operária católica, e as à Dilma Rousseff que participou de ações guerrilheiras contra o regime autoritário, uma tecnocrata que conta com uma equipe modesta e numerosa de ministros. As capas da revistam mostram suas contrariedades, que não se resumem somente ao Brasil como as que já postamos relacionadas com a eliminação da pobreza absoluta, e também a atual que mostra o encontro de Barack Obama e Xi Jinping. Elas necessitam ser encaradas com humor, que não corresponde à elegância inglesa.

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Efeitos da Economia Sobre os Dirigentes Políticos

10 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Todos os políticos sabem que a situação econômica, principalmente como ela impacta sobre a população nos seus diferentes segmentos, é fundamental para os seus prestígios, ainda que muitas justificativas possam ser apresentadas sobre suas causas. Nenhum país pode afirmar hoje que sua situação econômica seria a desejável, pois a economia globalizada afeta a todos, mais profundamente em alguns países, menos severamente em outros. A pesquisa efetuada regularmente sobre a opinião da população brasileira, considerada pelos especialistas como das mais confiáveis, mostra que a popularidade de Dilma Rousseff sofreu neste princípio de junho a primeira queda significativa, ainda que se mantenha elevada e invejável quando comparada com de outros dirigentes em muitos países mundo afora. Decorreria da queda do otimismo da população, a elevação das preocupações com a inflação e a impressão que o desemprego vai aumentar, como divulgado pela matéria de capa deste domingo, 9 de junho, pela Folha de S.Paulo. Estes dados deverão ser explorados nas suas repercussões nos próximos dias no Brasil, alimentando as esperanças dos oposicionistas e preocupando os situacionistas.

Ainda que o governo tenha se mostrado sensível à piora recente do quadro econômico, procurando estimular alguns investimentos, acelerar as licitações de concessões na infraestrutura, o fato concreto é que o quadro geral é percebido como de piora. E as críticas que vinham sendo feitas de gestões deficientes, além de interesses contrariados em diversos segmentos, estão encontrando farto espaço na mídia que acaba influenciando a população. Mesmo com um ligeiro arrefecimento da pressão inflacionária, e algumas notícias positivas em determinados setores, muitos entendem que seus resultados deverão demorar, não seriam suficientes para sustentar a economia e haveria uma falta de um quadro mais claro no seu conjunto.

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Presidente Dilma Rousseff

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Possibilidades Culinárias e Outras da Biodiversidade Brasileira

10 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias, webtown | Tags: , , ,

O suplemento Paladar do jornal O Estado de S.Paulo presta um grande serviço para o Brasil, a gastronomia brasileira e mundial, identificando os muitos óleos, basicamente de origem brasileira, que podem ser utilizados na culinária, não somente enriquecendo-a como abrindo amplas possibilidades para sua produção comercial local em escala apreciável. Os que possuem um mínimo de conhecimento do Brasil sabem que as ricas variedades da culinária brasileira são fortemente influenciadas pelas muitas matérias-primas que são utilizadas no seu preparo, com destaque para as oleaginosas que eram somente conhecidas por poucos especialistas. A Amazônia desperta agora o interesse de famosos chefs internacionais, que só lamentam não podem contar ainda com o fornecimento regular de muitos dos seus ingredientes para colocar à disposição dos adeptos da boa culinária. Além de enriquecerem os sabores, vai se descobrindo os benefícios para a saúde, cujas pesquisas precisam ser aceleradas e aprofundadas. A indústria farmacêutica também está ampliando o seu uso para os mais variados cosméticos e medicamentos. A contribuição do jornalista Daniel Telles Marques deve ser destacada neste trabalho.

Está na hora do Brasil tirar o máximo proveito desta potencialidade da biodiversidade brasileira, tanto na gastronomia como nos demais usos. Além dos esforços esparsos que são efetuados por alguns órgãos de pesquisas oficiais, há que se contar com as iniciativas do setor privado, nacional e estrangeiro. Parece imperiosa a necessidade de um estabelecimento de um amplo programa oficial, organizando e sistematizando todos os esforços, com os incentivos que se fizerem necessários, além dos atrativos lucros que poderão ser obtidos ao longo do tempo. Quem ganhará não será somente o Brasil, mas o mundo. Com alguns telefonemas, o Paladar afirma que conseguiu os 16 óleos mais conhecidos no Brasil.

Alguns blogs estão sendo sugeridos pelo suplemento para o conhecimento de sua íntegra, que sempre enriquece a todos.

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Patauá | Chegou a ser um substituto do azeite de oliva devido às suas similaridades. Serve para saladas e para as panelas.

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Babaçu | Extraído de coquinhos crus ou assados, confere notas de coco (cru e torrado) aos pratos. Quando sólido, fica branco, mas em geral é amarelo ou marrom.

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Tucumã | Se feito com a polpa, é avermelhado. Com a semente, fica mais claro. É bom para frituras de imersão.

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Maracujá | O cheiro varia de acordo com a espécie usada para extração. É bom para tempero de saladas ou até doces.

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Dendê | Óleo de dendê sai da polpa, não do caroço. É da massa gordurosa (bambá) que vem o óleo alaranjado de gosto indomável.

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Amendoim | Muito usado no País até os anos 1960. É bom para fritura de imersão e saltear. Sabor neutro, por isso é indicado para ingredientes delicados.

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Açaí | Bom para flambagens. Tem o cheiro fresco e adocicado do fruto. Verde-escuro na panela, aparenta ser roxo nos potes.

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Bati | De lá do Rio Grande do Norte, é um óleo de palmeira, raro até na região. Bom para fritar peixes e preparar farofas.

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Coco | Diluído com azeite de oliva, vira tempero de salada. Há quem diga que tem notas de trufas; outros reclamam do ranço.

Ele cadastrou 180 óleos (até agora)

  • Por Daniel Telles Marques

Chef do Via Veneto, em Barcelona, restaurante classificado com uma estrela Michelin, o catalão Carles Tejedor é um especialista em azeites. Começou estudando e catalogando o azeite de oliva espanhol e acabou reunindo informações sobre azeites do mundo no site oilab.es. Com o tempo, passou a se interessar também por outros óleos e a diversidade brasileira chamou sua atenção. Nesta entrevista ao Paladar, ele conta que vem ao Brasil em setembro, para conhecer culturas indígenas, sua gastronomia e seus óleos.

O interesse pelos óleos na gastronomia está aumentando?
O interesse é crescente, sim. Universidades estão estudando o assunto, o Bullipedia (projeto de Ferran Adrià que reunirá técnicas e pesquisas realizadas pela fundação El Bulli) está pesquisando o tema e nós do Oilab também. São provas do interesse. O fenômeno dos óleos na gastronomia está evoluindo muito rápido. O interessante é que atualmente não basta surpreender o consumidor com novos sabores, é preciso garantir qualidade e conhecimento sobre o produto. É importante ter informações sobre muitos desses óleos do mundo e encontrar a melhor aplicação possível para eles. Alguns são melhores para vinagretes, outros para fritar, outros para passar no corpo…

Quantos tipos de óleo você já identificou, além do azeite?
Já classificamos ao todo 180 variedades de óleos de diferentes origens e aplicações, incluindo o de azeitona.

O que faz com que um óleo seja bom para a gastronomia?
As características de cada óleo são diferentes. Dependem de como foi produzido e especialmente de sua origem. Seja um azeite de gergelim ou de amendoim, é a gordura que concentra os aromas e gostos. Antes de saber sobre o óleo, é preciso conhecer a árvore, e é esse trabalho que estamos desenvolvendo com Ferran Adrià e sua equipe. Vento, sol, água, vão influenciar no sabor do óleo, seu aroma, sua cor.

Ingredientes regionais aparecem nos menus, mas em se tratando de óleos ainda prevalece o azeite. Não é contraditório?
Cada país tem de dar importância à sua cultura. Há um ano, em Cingapura, pude ver as mesmas técnicas de cozinha executadas com azeite e com óleos locais, e constatei que o uso de técnicas e óleos locais é incomparável…

Plantas oleíferas podem ser usadas de outro modo que não apenas para produzir óleo?
Começamos a pesquisar outras linhas de produtos provenientes das oliveiras. E estamos encontrando coisas incríveis. Além do fermentado de azeitona desenvolvido pelo chef americano David Chang, estamos trabalhando também com destilados alcoólicos e não alcoólicos feitos de azeitona. Isso abre um outro universo de sabores completamente desconhecidos. Os romanos já usavam ramos de oliveira para fazer licor. É surpreendente como uma infusão de folhas de oliveira pode ter cheiros e sabores incríveis.

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Castanha-do-pará | Ótimo para carnes. Penetra nas fibras sem deixá-las pesadas e untuosas. Tempera bem as saladas.

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Pequi | Óleo forte do Cerrado. Tempera e colore arroz, faz pipoca e aromatiza chocolates e até brigadeiros. Sabor e aromas pronunciados.

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Licuri | Licuri é um coquinho de baixo rendimento de extração, o que encarece seu óleo. Use como tempero para finalizar pratos.

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Buriti | Avermelha as receitas em que entra. Tem cheiro adocicado e muito parecido com o da fruta. Vai bem em receitas doces e salgadas.

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Murumuru | Essa manteiga é usada para preparar galinha caipira e carnes de caça. Tem o cheiro forte característico das sementes.

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Bacuri | Tem entrado com a manteiga de cacau em chocolates. É boa também para fritar bife.

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Cupuaçu | Boa gordura para carnes, substitui bem a banha de porco. Tem cheiro da fruta e perfuma os cortes.

ONDE COMPRAR
casadetereza.com.br
centraldocerrado.com.br
amazonoil.com.br

Muitos destes produtos brasileiros já são amplamente conhecidos como o açaí, o dendê, o pequi e outros utilizados normalmente nas diversas cozinhas regionais. Outros ainda não estão devidamente divulgados, sendo de conhecimentos restritos de chefs das diversas regiões brasileiras. É evidente que muitos produtos ainda são extrativos e artesanais, mas como já começam a existir algumas plantações comerciais, não vai demorar muito para se contar com produções industriais, tanto para deleite dos chefs como dos que apreciam a boa comida, por serem também saudáveis.

Estão se multiplicando os esforços para transformar algumas produções extrativas em comerciais, procurando provar que a floresta em pé proporciona mais rendimentos que derrubada, ajudando na sustentabilidade, principalmente da Amazônia, o que também é verdade em outras regiões brasileiras.

Além das pesquisas, ainda há necessidade de trabalhos de extensão rural para a disseminação das melhores técnicas de manejo dos produtores. Também devem existir estímulos para as iniciativas comerciais e industriais na sua exploração, em muitos casos utilizando-se de cooperativas, contando com uma estrutura adequada de comercialização.

Estas tarefas não são fáceis, mas já existem muitas ONGS – Organizações Não Governamentais contando com voluntários e doações para melhor aproveitamento econômico desta biodiversidade brasileira, sem danos para a sustentabilidade das florestas. Parece que há necessidade de se organizar e acelerar estas atividades, que podem proporcionar trabalhos e rendimentos para as populações carentes que sobrevivem do extrativismo, muitos que vivem ainda de uma forma precária.


Recantos em Harajuku

8 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Robbie Swinnerton é uma jornalista radicada em Tóquio que mantém o blog www.tokyofoodfile.com e publica regularmente suas matérias no Japan Times com importantes dicas, principalmente para os que vivem no Japão e desejam receber informações em inglês. Pesquisadora assídua, vai descobrindo muitos locais pouco conhecidos dos próprios japoneses, que refletem a ampla diversidade do que pode ser encontrado naquele país, que não se resume somente às culinárias, mas ambientes que ainda preservam o que existe de mais caro na cultura japonesa. Harajuku, para os que não conhecem, é um bairro frequentado pelos jovens japoneses que inovaram nas suas formas de vida, inclusive lançando ousados comportamentos que acabaram influenciando a moda descontraída em todo o mundo. Fica pouco abaixo de Omotesando, um dos locais mais refinados do Japão, onde japoneses de elevada capacidade econômica e turistas internacionais podem adquirir tudo o que há de melhor naquele país. Harajuku é também onde começa um bom parque arborizado, um dos muitos com que conta Tóquio, preservando o verde nesta grande metrópole.

Ela informa sobre um pequeno restaurante num beco da Harajuku, de nome Eatrip (viagem de comida), que tem como chef Yuri Nomura, que, além de conduzir o pequeno estabelecimento que aparenta mais uma pequena casa no interior japonês, promove encontro com fornecedores de produtos orgânicos que utiliza. A foto que ilustra este artigo mostra um ambiente que não parece de Tóquio, e a chef reúne regularmente o grupo conhecido como Open Restaurant que inter-relaciona os que estudaram na Califórnia, nos Estados Unidos e que se interessam pela culinária.

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Eating out: The best spot at Eatrip is the covered outdoor terrace, thick with greenery despite its Harajuku location. | ROBBIE SWINNERTON

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